Fernando China
Lula em razão décadas decisões elegeu dois filhotes da ditadura. O 1o em 1989, Collor. O 2o em 2018, Bolsonaro. O povo brasileiro, majoritariamente não bolsonarista, espera que Lula reavaliei o que deu errado em suas decisões para que acertar em 2022. Um bom início nesta perspectiva é lembrar o que nos disse Pablo Neruda: “Somos livres para tomar decisões, mas prisioneiros de suas consequências”.Comentários
- As provas estão por aí, espalhadas pela história.
Vargas usava lenço branco e Brizola
usava lenço vermelho. O pai de Brizola usava lenço vermelho e foi morto por
quem usava lenço branco. Chimangos e Maragatos.
Brizola, às vésperas de 64,
defendia as reformas feitas na marra pelo presidente e pelos movimentos
organizados contra o parlamento.
A POLOP e a esquerda viam aí, nas
reformas na marra, a revolução e o governo dos trabalhadores ou a ditadura do
proletariado. A direita via aí a quebra da aliança mantida desde 30, entre o
leite de Minas Gerais e a carne do Rio Grande do Sul que, modernizada, se
plasmou como aliança entre o PSD e o PTB, aliança que, Vargas, antes do tiro no
peito, para garantir sua continuidade, aceitou e acordou a alternância na
presidência, ora com candidatura à presidência do PSD e à vice-presidência do
PTB, ora ao contrário. [A candidatura de JK tinha Jango como vice. A cabeça de
chapa com o PSD se repetiu na sucessão de JK.] A candidatura e eleição de Jânio
enfrentou essa aliança PSD-PTB e quebrou os planos de manutenção da aliança ao
conseguir colocar Jânio na presidência e Jango na vice-presidência.
A renúncia de Jânio conduz Jango à
luta contra os golpistas para poder exercer a presidência. É aí que Brizola na
Campanha da Legalidade garante o retorno de Jango e o fim do golpe dos
militares sob o presidencialismo, ao mesmo tempo que Tancredo garante o retorno
de Jango e o fim do golpe dos militares sob o parlamentarismo.
Jango conviveu com Vargas e
aprendeu que a aliança PTB-PSD era a garantia da continuidade da
governabilidade e das reformas, mas, evidentemente, também reconhecia que a
assunção do parlamentarismo era dar um passo atrás e que bom mesmo era voltar
ao presidencialismo, tão bela e belicamente defendido por seu cunhado. Porém,
por mais simpático e desejado que fosse, o retorno via presidencialismo
conduzia à quebra da aliança com o PSD, que era a garantia de tudo que vinha
sendo feito desde a revolução de 30.
Brizola manteve firme sua posição
de ir até à ruptura com o PSD na luta pelo presidencialismo e se sentiu
decepcionado com seu cunhado Jango por escolher o parlamentarismo. Lutou com
ele pelo retorno do presidencialismo, mas também contra ele e para dobrá-lo na
aceitação da quebra da aliança com o PSD para fazer as reformas na marra.
Deu no que deu e a direita festejou
e golpeou em nome da democracia.
Dilma Rousseff militou em
organizações armadas inspiradas na POLOP, participou da fundação do PDT com
Brizola, foi Secretária de Energia do RS em governo do PDT e, mais tarde, se
filiou ao PT, foi chamada para o Ministério da Minas e Energia, depois assumiu
a Casa Civil, finalmente, foi a sucessora de Lula. E, no final de seu primeiro
governo, em 23 de maio de 2014 lançou o decreto 8.243 que "DECRETA: Art.
1º Fica instituída a Política Nacional de Participação Social - PNPS, com o
objetivo de fortalecer e articular os mecanismos e as instâncias democráticas
de diálogo e a atuação conjunta entre a administração pública federal e a
sociedade civil." (http://www.planalto.gov.br/.../_at.../2014/decreto/d8243.htm),
quer dizer, retoma a mesma proposta de Brizola de relações diretas da
presidência com os movimentos sociais sem o parlamento.
Em maio parecia ter sido
assimilado, apesar das críticas, segundo se vê nessa matéria de O Globo (https://oglobo.globo.com/.../decreto-do-governo-federal...).
Mas é na vitória da Dilma, que a declaração, de que é a presidenta do diálogo,
une todas as forças contra o decreto e contra Dilma, como se vê nessa matéria
da Gazeta do Povo (https://www.gazetadopovo.com.br/.../camara-derruba.../)
sobre a derrubada do decreto pela câmara dos deputados.
O PMDB comandou a revolta através
de Henrique Eduardo Alves. Ora, o PMDB é o principal aliado dos governos
petistas e o vice de Dilma é o Temer do PMDB. O efeito da posição brizolista de
Dilma foi o mesmo da época do Jango, quebra da aliança que garantia a
governabilidade e empurrão dos apoiadores do governo para a extrema-direita.
Então, a discussão recente sobre o
erro do excesso de diálogo e o acerto do momento de partir para a ruptura
esquece de esclarecer que Dilma queria o diálogo com os movimentos sociais e
não com o parlamento, portanto, caminhava rumo ao acerto do momento de ruptura,
certo? (https://brasil.elpais.com/.../1568239079_683810.html...).
Mas quem recebeu apoio para a
política de ruptura? Foi a extrema-direita que sempre defendeu a ruptura com a
esquerda e com a "democracia ou tolerância" com a esquerda.
Um outro problema é saber se
dialogar com direita é o mesmo que entrar na prática da corrupção ou se o
diálogo com a direita pode ser feito sem a prática da corrupção.
Dialogar excessivamente com todas
as forças políticas, em especial, com a direita parlamentar etc. e praticar a
ruptura com a corrupção parece ser o caminho mais correto, até porque, estamos
vendo, o atual caminho, da ruptura de extrema-direita, parece corromper todos
os valores e valorizar a liberdade sem limites para os seus, que podem tudo e
estão acima das leis vigentes, de modo que, para eles, não existe nepotismo nem
qualquer outro crime e para os outros, mesmo que cumprindo a lei (por exemplo,
caso do fiscal demitido, do cientista do INPE etc.), são atribuídos todos e os
mais perversos crimes.