O comunista humanista se depara com uma sensibilidade
disciplinadamente desenvolvida e o capitalista atomista se depara com uma
idealidade livremente desenvolvida. O comunista humanista se encontra com uma
comunidade atomista, melhor, com um atomismo comum/comunitário e o capitalista
atomista se encontra com um capitalismo humanista, melhor, com uma humanidade capitalista.
Para o comunista humanista se dá o encontro com a prole trabalhadora e para o
capitalista atomista se dá o encontro com a burguesia capitalista. O comunista
humanista é e atua como a consciência de si da prole trabalhadora e o
capitalista atomista é e atua como a consciência para si da burguesia
capitalista.
Até quando dura esse processo de contraposição sistemática
mediada por contrapostos sistêmicos?! Existe alguma dissolução completa desse
processo sistemático e sistêmico?!
Tateando a atividade da consciência de si humana
A consciência de si que se lança no autodesenvolvimento da
sensibilidade certamente encontra obstáculos na consciência para si que se fixa
no alterdesenvolvimento da idealidade. Mas, antes de encontrar os obstáculos
ela se lança no autodesenvolvimento da sensibilidade, logo, antes de ficar
filosofando/adivinhando os obstáculos que pode encontrar, é preciso se lançar
no autodesenvolvimento da sensibilidade, portanto, é preciso exercer a
liberdade de desenvolver a sensibilidade, é preciso praticar o desenvolvimento
da sensibilidade.
Antes a consciência de si estava se elaborando junto com a
elaboração do atomismo, junto com a elaboração da filosofia da natureza e ao
realizar a dissolução do atomismo realizou igualmente a elaboração completa da
consciência de si e, desse modo, a dissolução do atomismo foi ao mesmo tempo a
constituição autônoma da consciência de si, ou seja, ela deixou de ser uma
consciência de si atomista para ser uma consciência de si humana, deixou de ser
uma consciência de si do princípio abstrato da idealidade de toda a natureza em
geral para se tornar uma consciência de si do princípio abstrato da idealidade
da própria natureza humana em particular, se tornou consciência de si do princípio
da idealidade abstrata do princípio da sensibilidade concreta.
Como isso ocorreu? Foi no momento da realização efetiva do
sistema atomista no vazio como sistema celeste no cosmo que a consciência de si
percebeu que, se continuasse com o sistema atomista no vazio após a dissolução
do sistema celeste no cosmo, ela refutaria a sensibilidade fazendo da
idealidade a sensibilidade e para superar isso ela precisaria refutar o sistema
atomista no vazio, quer dizer, refutaria a idealidade que quer ser
sensibilidade e, ao mesmo tempo, afirmaria a idealidade da própria
sensibilidade humana. Dissolução da consciência de si atomista e afirmação
plena da consciência de si humana.
Ora, o que tem diante de si a consciência de si humana? A
sensibilidade humana, logo, o mesmo que tinha antes diante de si a consciência
de si atomista, mas antes a consciência de si buscava elaborar o átomo e o
atomismo, enquanto que agora ela já elaborou o átomo e o atomismo e já os
dissolveu na consciência de si humana e no humanismo, na consciência de si humana
comum e no comunismo, ou seja, o átomo deixou de ser o princípio do sistema e o
humano se tornou o princípio do sistema do mesmo modo que o sistema deixou de
ser o atomismo e se tornou o humanismo, melhor, o humano comum, a humanidade
comum. A consciência de si atomista se atinha a desenvolver uma elaboração
filosófica do atomismo e, agora, a consciência de si humana comum se atém a
desenvolver uma elaboração prática da humanidade comum. A consciência de si
humana comum se volta para a elaboração de suas relações humanas comuns e estas
relações humanas comuns são tanto relações sensíveis da consciência para si
quanto são relações sensíveis da consciência de si, são tanto relações sentidas
para si quanto são relações sensíveis de si, são tanto relações recebidas ou
dadas pelas circunstâncias quanto são relações criadas, projetadas, cultivadas
ou desenvolvidas pela educação. Portanto, a consciência de si humana comum é
educada e se volta para a educação e/ou para a elaboração de suas relações
humanas comuns, enquanto que a consciência para si humana comum é
circunstancial e mutável como as circunstâncias humanas comuns para si. Então,
assim que se torna consciência de si humana ela se considera educada e se volta
para educar a humanidade comum, mas, nesse processo ela encontra a humanidade
comum para si, melhor, a consciência para si humana comum e precisa aprender
com ela a elaborar a consciência de si humana comum, portanto, a consciência de
si humana comum permanece fazendo uma elaboração de tipo filosófico que é sua
própria educação e, ao mesmo tempo, se lançando numa prática humana comum da
consciência de si que é a elaboração de tipo crítico da educação da consciência
para si.
A crítica efetivamente aberta à compreensão da mudança materialista
O que vemos nessa prática da consciência de si humana comum
emancipada/liberta do atomismo e da filosofia da natureza na tese sobre os
materialistas gregos é a conquista da consciência de si materialista humana
comum, ou seja, vemos aí Marx conquistar e afirmar seu materialismo como
consciência de si ou afirmar e conquistar sua consciência de si materialista.
A partir daí podemos entender que não só tenha permanecido
fiel ao que, na Carta ao Pai, ele dizia que nunca abandonaria e que era um
plano de publicar um jornal, mas que, em seguida à tese de doutorado tenha se
tornado primeiro redator e depois chefe de redação/editor da “Gazeta Renana”.
Já na “Carta ao Pai” se manifestava sua consciência de si materialista duma
humanidade comum que através do iluminismo, da ilustração e esclarecimento
poderia vir a se emancipar/libertar do idealismo no qual não só ela como também
sua própria consciência de si materialista se encontravam imersos.
Marx, nesse primeiro momento do desenvolvimento de sua
consciência de si materialista, traz as afirmações e conquistas da consciência
para si idealista do seu plano filosófico idealista para o plano prático
materialista. Seus feitos são textos que, aplicando as conquistas do idealismo
às intervenções do Estado nas atividades cotidianas, denunciam um Estado que
ignora a si mesmo e que está na posição de aprender, com seus textos críticos,
a conhecer a si mesmo do jornal, ou seja, ele leva, com seus textos, todos,
leitores e Estado, à persuasão de que um Estado consciente de si aplicaria
efetivamente e, desse modo, realizaria e materializaria as afirmações e
conquistas da consciência para si filosófica. Sua atividade, nesse primeiro
momento, é efetivamente a de um jovem hegeliano de esquerda, quer dizer, a de
um jovem materialista hegeliano ou a de um hegeliano que trata de realizar
materialmente na prática social a racionalidade do idealismo hegeliano que
permanece na filosofia.
Porém, em muito pouco tempo, Marx passa, num segundo momento
do desenvolvimento de sua consciência de si materialista, não só a trazer as
afirmações e conquistas do plano da filosofia idealista para o plano da prática
materialista, passa não só a persuadir seus leitores e parte do Estado a se
entregar à prática e realização do desenvolvimento do espírito, quer dizer,
passa não mais a tão somente persuadir os leitores e funcionários do Estado a
realizar efetivamente o Estado perfeito, porque percebeu que a realização
perfeito e/ou do desenvolvimento perfeito do espírito e/ou do desenvolvimento
do espírito perfeito permanece sendo realização plena da idealidade, do
princípio da idealidade, logo, a realização plena do princípio da idealidade
também é o desenvolvimento do estado de necessidade ou da carência de
realização plena do princípio da sensibilidade. Ele descobriu então, nesse
segundo momento, que a realização efetiva do sistema idealista promovia um
avanço no desenvolvimento do Estado e de suas relações com a sociedade, avanço
este que poderia se caracterizar pela conquista do Estado perfeito [o Estado
democrático da plena liberdade política] para a sociedade continuamente
imperfeita e que recorre continuamente ao Estado perfeito [Estado democrático
da plena liberdade política] para se aperfeiçoar e, desse modo, permanece em
eterno retorno da carência de realização de seu princípio da sensibilidade,
permanece em eterno retorno do seu estado de necessidade (reino da
necessidade). Ele descobriu que a consciência de si materialista não fica
satisfeita nem realizada apenas com a realização efetiva ou materialista do
idealismo porque ela só pode ficar satisfeita e realizada de verdade é com a
realização efetiva e materialista do seu princípio da sensibilidade, com a
realização efetiva e materialista do seu próprio materialismo, da sua própria
consciência de si materialista, com a realização efetiva da consciência de si
do seu próprio princípio da sensibilidade. Então, sua consciência de si
materialista só fica satisfeita e realizada com a materialização e realização
efetiva da sociedade perfeita, melhor, da sociedade em estado livre ou em
contínua plenitude de realização de seu próprio princípio da sensibilidade, de
seu próprio materialismo da sociedade em estado livre, melhor, da sociedade
livre do estado, da livre associação social, da sociedade da liberdade (reino
da liberdade). Ele descobriu que sua consciência de si materialista não fica
satisfeita com a simples realização efetiva e aplicação práticas do idealismo e
quer e precisa ir além nesse processo de realização efetiva. E descobriu que
esse além da sua consciência de si materialista é a supressão do idealismo
realizado efetivamente por meio do desenvolvimento do processo de realização
efetiva da consciência de si que é a materialização da supressão do idealismo
realizado. Fim do Estado e da Sociedade Civil e início da Sociedade sem Estado
Político e sem Estado Civil, logo, início da Sociedade Humana Comum, da
Sociedade sem Estado e sem Classes e sem quaisquer outras Discriminações,
enfim, início da Sociedade da Comunidade Humana, início da Sociedade da Humanidade
Comum, início da Sociedade Comunista, início da Sociedade Humanista. Desse
modo, sua consciência de si materialista passou a considerar toda a história
anterior como uma história pré-humana e/ou carente de materialismo humano,
melhor, carente de materialização humana.
Feita esta descoberta geral, nesse segundo momento do
desenvolvimento de sua consciência de si materialista, de acordo com a qual,
não basta criticar o Estado e a Sociedade Civil por meio da realização do que
foi conquistado pelo idealismo, logo, não basta aperfeiçoar o desenvolvimento
do Estado Político e da Sociedade Civil, ele percebe que precisa mudar do
terreno do idealismo para o do materialismo, melhor, que precisa mudar do
terreno das criações espirituais do Estado Político em suas relações com a
Sociedade Civil para o terreno das criações materiais da Sociedade Civil em
suas relações materiais com o Estado Político. Se, no primeiro momento, o
desenvolvimento da consciência de si materialista trazia o sistema filosófico
idealista à realização mundana e, no segundo momento, o desenvolvimento da
consciência de si materialista trazia à tona a supressão do sistema filosófico
idealista mundanamente realizado, logo, trazia à realização prática efetiva o
comunismo, então, no terceiro momento, o desenvolvimento de sua consciência de
si materialista, que havia feito uma autocrítica com o segundo momento do seu
desenvolvimento, percebeu que na própria Sociedade Civil já existia um sistema
de pensamento que aperfeiçoava o Estado Político a partir do desenvolvimento da
Sociedade Civil e não mais tão só do Estado político, ou seja, percebeu que na
própria Sociedade Civil já existia um pensamento materialista, mas que era
um materialismo
da consciência para si, quer dizer, um materialismo que aperfeiçoava a
Sociedade Civil até à realização efetiva do Estado Político Perfeito ou Mínimo,
logo, um materialismo que chegava até à realização do
idealismo
tal qual o próprio Marx no seu primeiro momento de desenvolvimento. Mas, ainda
assim, era um materialismo que assumia o materialismo e invertia o
processo de realização do idealismo de modo que a
realização do idealismo não era mais uma realização do espírito idealista
e sim da prática ou do trabalho materialista.
Então, no terceiro momento do desenvolvimento de sua
consciência de si materialista, Marx não só percebeu que existia na Sociedade
Civil um sistema materialista como também que este sistema
materialista
culminava
na
realização
do
idealismo,
por isso, percebeu que, tal qual no primeiro momento do seu desenvolvimento,
com tal
sistema poderia ensinar e aperfeiçoar materialmente o Estado
Político nas suas relações materiais com a Sociedade Civil, logo, poderia
ainda, tal qual no segundo momento do seu desenvolvimento, partir
para a supressão material do Estado Político e da Sociedade Civil nas
suas relações materiais mútuas; noutras palavras, descobriu que o terceiro
momento do seu desenvolvimento se faria por meio da crítica
do
pensamento materialista que culminava no idealismo, quer dizer, se faria
por meio da crítica da economia política.
A crítica da economia política seria o terceiro momento do
desenvolvimento da sua consciência de si materialista e um momento que reuniria
os dois outros momentos do seu desenvolvimento da consciência materialista de
si. Porque, por um lado, como economia política seria, tal qual o primeiro momento,
uma crítica que realizaria efetivamente o espírito idealista na prática
materialista, enquanto que, por outro lado, como crítica da economia política
seria, tal qual o segundo momento, uma crítica que realizaria efetivamente a
supressão do espírito idealista na prática materialista. Portanto, a
consciência de si materialista teria encontrado, no terceiro momento do seu
desenvolvimento, na crítica da economia política a forma de um desenvolvimento
combinado dos dois momentos anteriores da consciência de si materialista, logo,
com isso, a consciência de si materialista pode se entregar ao desenvolvimento
do materialismo e/ou do princípio da sensibilidade que critica a materialidade
da idealidade e/ou critica a materialização do princípio da idealidade do
idealismo.
Passando por todos estes diferentes momentos a consciência
de si materialista de Marx não faria nada diferente do que fez o atomismo
epicurista nos diferentes momentos do seu desenvolvimento na tese de doutorado
de Marx que culmina na dissolução do atomismo e afirmação da consciência de si
humana materialista. A consciência de si materialista de Marx frente ao
capitalismo passaria por diferentes momentos de desenvolvimento até culminar na
dissolução do capitalismo e afirmação da consciência de si comum humana
materialista e/ou na afirmação da consciência de si humana materialista do
comunismo.
A crítica da consciência de si materialista não se faz por
decreto do espírito idealista e/ou do Estado e, quando age assim, a
consequência é o desenvolvimento do espírito e do Estado idealistas, quer
dizer, da Sociedade Civil imperfeita própria do Estado perfeito do idealismo,
por isso, a crítica materialista passa a se fazer como supressão do espírito e
do Estado idealistas e, quando age assim, pretende desenvolver o trabalho e a
Sociedade materialistas, quer dizer, pretende desenvolver a Sociedade perfeita
própria da consciência de si social perfeita do materialismo, mas esta
pretensão duma supressão violenta do espírito e do Estado idealistas pode se
confundir e, em geral, se confunde com uma supressão por decreto, por isso,
aquilo que pretende desenvolver tende a ser, tal qual no primeiro momento, um
maior desenvolvimento do Estado perfeito que traz de volta a Sociedade Civil
imperfeita ainda mais desenvolvida. É aí que o terceiro momento da crítica da
consciência de si materialista se apresenta suficientemente crítico para não se
fazer por decreto nem, portanto, adotando o espírito e o Estado idealistas.
Também se apresenta suficientemente crítico para perceber que não basta nem é
suficiente crer que a supressão violenta do espírito e do Estado idealistas traga
exclusivamente o desenvolvimento do trabalho e da sociedade materialistas, já
que, na verdade, esta supressão violenta se confunde com a tomada do poder do
Estado e seu exercício por decreto. Então, aí no terceiro momento do
desenvolvimento da crítica da consciência de si materialista, ocorre o
desenvolvimento materialista da crítica da economia política, logo, não é
recorrendo ao decreto do espírito e do Estado idealistas que a crítica
desenvolve a Sociedade Civil imperfeita, mas, ao contrário, é desenvolvendo a
própria imperfeição da Sociedade Civil e/ou a sua economia política que a
crítica desenvolve a Sociedade Civil imperfeita. Finalmente, a crítica
da consciência de si materialista se desenvolve tal qual ela própria é, isto é,
como crítica
da Sociedade Civil, ou seja, não se desenvolve como supressão violenta do
espírito e do Estado idealistas e sim como superação materialista do trabalho e
da Sociedade Civil materialistas da economia política, logo, esta superação é
social e/ou uma superação que se faz por meio do desenvolvimento material de
outras condições sociais no interior da Sociedade Civil imperfeita, por meio do
desenvolvimento material de condições sociais perfeitas no interior da Sociedade
Civil imperfeita, portanto, se faz por meio do desenvolvimento de outras condições
sociais que são as constituem uma sociedade humana perfeita e/ou comum.
Por meio da crítica da economia política se
torna possível modificar socialmente o capitalismo e não apenas politicamente,
quer dizer, se torna possível superar o capitalismo por meio da emancipação
social e não apenas tornar possível a emancipação política por meio da
insuperabilidade do capitalismo.
O terceiro momento do desenvolvimento da consciência de si
materialista de Marx, a
crítica da economia política, abre a
perspectiva de compreensão da mudança
materialista não mais como uma
atividade
do
espírito
e
da
política do Estado idealistas, mas sim como uma
atividade do trabalho e da
comunidade associada materialistas, ou seja, a
mudança materialista
é
efetivamente uma
mudança materialista e
não
simplesmente
uma
mudança
espiritual
e/ou
política.
A mudança de terreno da teoria filosófica para a prática
mundana é anunciada na tese de doutorado numa nota a respeito de Hegel e seus
discípulos. Marx aí comparece como um discípulo que não suspeita do mestre, mas
que, mesmo assim, participa do movimento hegeliano de virada da filosofia
teórica para o mundo prático.
Marx desenvolve esta sua posição voltada para a prática
mundana na Gazeta Renana. E é aí que vai se deparar com a necessidade de
aprofundar essa virada da filosofia para o mundo ao enfrentar os problemas da
vida material, quer dizer, ao enfrentar problemas que descobre que são antes do
mundo prático do que da filosofia teórica, logo, problemas para os quais a
virada completa da filosofia teórica para o mundo prático vão até à dissolução
completa da filosofia teórica e à constituição completa do mundo prático, ou
seja, são problemas que se encontram além do limite da filosofia teórica e só
são solucionados no outro terreno que é o do próprio mundo prático. Com isso
ele descobriu que o Estado e as formas jurídicas podem ser completamente
dissolvidos na Sociedade Humana sem que esta deixe de continuar sendo o
espaço-tempo do mundo prático, sem que esta deixe de existir e seja dissolvida
no vazio e/ou em átomos e vazio. E isto porque nesse processo de dissolução
completa da filosofia teórica, do Estado e das formas jurídico-políticas o
movimento de virada para o mundo prático se desenvolve até à constituição da
sua autonomia como consciência de si do mundo prático.
Mas, os problemas da vida material e/ou do mundo prático
além da vida espiritual e/ou da teoria filosófica que apareceram e foram
elaborados por Marx como indo além de todo Estado e de todas as formas
jurídico-políticas são problemas que apareceram numa outra disciplina teórica
que é a da economia política, logo, são problemas oriundos da vida material do
mundo prático que alcançaram representação na vida espiritual da
teoria filosófica. Sendo assim a virada para a vida material do mundo prático
também passa pela crítica da vida espiritual do mundo teórico da economia
política, quer dizer, passa pela crítica dos problemas da vida
material do mundo prático que alcançaram representação na vida espiritual da
teoria filosófica da economia política. Então, é nesse plano que a vida
material do mundo prático se encontra com a vida espiritual da teoria
filosófica para desenvolver os acordos e as trocas bem como os desacordos e as
lutas entre ambas as vidas. Portanto, também é aí numa mesma esfera sistêmica,
a da economia política, se enfrentam duas posições antagônicas, uma que defende
o eterno retorno do sistema da economia política e a outra que defende a
dissolução completa do sistema da economia política, sendo que a defesa do
eterno retorno da economia política tal qual a defesa do eterno retorno do
atomismo corresponde à posição filosófica (mundana) de Demócrito e de classe da
burguesia capitalista, enquanto que a defesa da dissolução completa da economia
política tal qual a defesa da dissolução completa do atomismo corresponde à
posição (filosófico) mundana de Epicuro e de classe do proletariado
trabalhador.
“Tá tudo muito bem, tá tudo muito bom, mas realmente” como é
a vida material do mundo prático hoje?! E como é a vida espiritual do mundo
teórico hoje?! Como é a economia política hoje, estúpido?!!?