sábado, 28 de fevereiro de 2015

"Pátria educadora"?!




Pois é, não é só a Argentina que está na crise de ferrugem. Outro dia li uma articulista do Valor, se não me engano, dizendo que Venezuela, Argentina, Brasil, Chile e México estão nesse caminho. Aqui as manifestações dos caminhoneiros parecem preparar a manifestação do dia 15 de março pelo impedimento da Dilma. Aliás, dizem que é uma manifestação nacional, logo, que ocorrerá em diferentes cidades de diferentes estados.


É estranho, mas foi da Alemanha que, recentemente, recebi mais acessos no meu blog.


Estou um tanto enraizado na terceira tese sobre Feuerbach, aquela que critica a doutrina da mudança das circunstâncias e da educação para a qual não são os homens que mudam as circunstâncias e para a qual também o educador não precisa ser educado porque para ela quem muda as circunstâncias e a educação é a parte da sociedade elevada acima dela, quer dizer, é o Estado e a classe dominante, ou é a ideologia dominante que também é a ideologia da classe dominante. Porém, para Marx, a prática revolucionária lembra que são os homens que mudam as circunstâncias e que o educador precisa ser educado. Portanto, a prática revolucionária cuida de coincidir a mudança das circunstâncias (feita pelos homens) e a mudança da atividade humana ou autotransformação (o educador se educando ou os homens se autotransformando).


Parece que é a doutrina materialista da mudança das circunstâncias e da educação que divide a sociedade em duas partes ou duas estruturas, a que fica acima dela ou a superestrutura e a que fica abaixo ou a infraestrutura e estabelece, portanto, uma sociedade de classes. Logo, parece também que este materialismo é o das mudanças estruturais. Enquanto aquele que critica este materialismo das mudanças estruturais defendendo a conjunção da mudança das circunstâncias com a mudança da atividade humana ou autotransformação é um materialismo das mudanças conjunturais.


A prática revolucionária então é própria do materialismo das mudanças conjunturais, enquanto que a doutrina materialista das mudanças estruturais é própria da prática reacionária de dividir a sociedade em partes, em classes, em Estado e Sociedade Civil.


É durante as mudanças conjunturais que os homens mudam as circunstâncias e que o educador precisa ser educado, precisa mudar sua atividade humana ou se autotransformar, portanto, é durante as mudanças conjunturais que se faz a prática revolucionária. Enquanto que durante as mudanças estruturais não são os homens que mudam as circunstâncias e nem o educador precisa ser educado porque ele não precisa mudar sua atividade humana nem se autotransformar já que é a parte elevada acima da sociedade, quer dizer, o poder político do Estado, da classe e da ideologia dominantes que mudam estruturalmente as circunstâncias e a educação desenvolvendo uma prática reacionária, ou seja, de conservação da superestrutura do Estado e da infraestrutura da Sociedade Civil e/ou da sociedade dividida em partes, classes.


A prática educadora revolucionária precisa educar o educador, mudar sua atividade humana ou autotransformar o Estado em Sociedade e não-Estado. Já a prática educadora reacionária não precisa educar o educador, não precisa mudar sua atividade humana e muito menos autotransformar o Estado em Sociedade e não-Estado, pelo contrário, só precisa afirmar o Estado, sua ideologia ou educação, quer dizer, sua dominação de classe.


O que é a "Pátria Educadora"? Faz parte de sua atividade se colocar cada vez mais ao alcance dos movimentos políticos que pedem o impedimento?! Estes movimentos políticos querem apenas restaurar a normalidade da divisão estrutural do Estado em superestrutura e da Sociedade Civil em infraestrutura?! As anomalias que estão ocorrendo na divisão estrutural do Estado e da Sociedade Civil com a corrupção perpassando da superestrutura para a infraestrutura e da infraestrutura para a superestrutura são anomalias próprias dum curso de mudanças conjunturais em direção à mudança da Sociedade Civil com o Estado se dissolvendo nesta mudança?! A corrupção é o mal necessário e inevitável ao qual recorrem aqueles que querem mudar as circunstâncias e a atividade humana/a autotransformação ou é o mal necessário e inevitável a cuja correção recorrem aqueles que querem restaurar as circunstâncias e a atividade humana/a autoconservação?! A ética é pura e simples ideologia dominante?! A atividade revolucionária de transformação social recorre a todos os meios de mudança, inclusive, à corrupção?!


Prática revolucionária de autotransformação pode ser eticamente traduzida como prática reacionária de auto-deformação?!


Mesmo que o impedimento não passe duma prática reacionária de restauração da divisão da Sociedade em classes não é possível aceitar que a corrupção seja uma prática revolucionária de mudança conjunta da Sociedade em sem classes. Pelo contrário, se efetivamente a corrupção está sendo vista como um mal necessário e inevitável para uma "prática revolucionária", então, é fácil ver que a doutrina materialista de mudança das circunstâncias e da educação aplicada por esta "prática revolucionária" é aquela que considera que os homens não podem mudar as circunstâncias corruptas e precisam aceitá-las como sendo estruturais e também é aquela que considera que a atividade humana não pode ser mudada ou autotransformada de modo que a corrupção permanecerá sempre como um mal necessário e inevitável. Então, estes "revolucionários" são na verdade praticantes da doutrina materialista que divide a sociedade em duas partes - uma das quais está elevada acima dela. Noutras palavras, estes "revolucionários" não são revolucionários ou, pelo menos, não da prática revolucionária tal qual a interpreta e racionalmente compreende Karl Marx.



Formas de propriedade, classes, tipos filosóficos, tipos revolucionários...




Os proprietários fundiários, das terras ou da Natureza se posicionam como proprietários da fonte original total da vida que é a Natureza.


Os proprietários dos meios de trabalho-produção, dos instrumentos ou do Artifício/Invenção se posicionam como proprietários da fonte secundária parcial-particular da vida que é o Artifício/Invenção.


Os proprietários das próprias forças humanas de trabalho-produção, de si mesmos ou da Energia se posicionam como proprietários da fonte terciária singular-humana da vida que é a Energia.


Os proprietários da Natureza ou do universo são proprietários de tudo, incluindo instrumentos de trabalho e as próprias forças humanas de trabalho, logo, são eles aqueles que são proprietários de escravos.


Os proprietários da Invenção-Artifício ou da particularidade são proprietários de invenções, incluindo ciências, conceitos, instrumentos de trabalho e de quantidades das forças humanas de trabalho, logo, são aqueles que se apropriam das quantidades servis e livres das forças humanas de trabalho.


Os proprietários da Energia Humana ou singularidade são proprietários de si mesmos, incluindo seus corpos, suas consciências, suas energias e das fontes de suas energias que são eles mesmos.


Os estoicos são os proprietários do todo e de toda pluralidade. Os céticos são os proprietários da parte e de parte da pluralidade. Os epicuristas são os proprietários do exclusivamente singular e de toda parte singular exclusivamente humana.


A história objetiva, do todo e de toda a pluralidade, bem como da parte e de parte da pluralidade, se desenvolve dos estoicos aos céticos, mas, com os epicuristas, começa o fim da história objetiva e se inicia o começo da história subjetiva da singularidade exclusivamente humana.


Com Hegel se chega ao fim da história objetiva do espírito humano e com Marx se inicia o começo da história subjetiva do ser humano.


"Imagine" de John Lennon é uma canção que Marx assinaria.






"A doutrina materialista da mudança das circunstâncias e da educação se esquece que as circunstâncias são mudadas pelos homens e que o próprio educador deve ser educado. É por isso que ela deve dividir a sociedade em duas partes - uma das quais é elevada acima dela.

A coincidência da mudança das circunstâncias e da atividade humana ou autotransformação só pode ser interpretada e racionalmente compreendida como prática revolucionária."

( Extraída de "As 'teses sobre Feuerbach de Karl Marx, Georges Labica, Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro - 1990, pp. 31-32.)

A prática revolucionária de tomada do poder político do Estado




Qual o objetivo da prática revolucionária? Mudar o mundo, tanto as circunstâncias quanto a educação. E a que se dedicam os revolucionários na sua prática? À tomada do poder político porque nele se concentra a capacidade materialista de mudar as circunstâncias e a educação, logo, o Estado é aquela parte da sociedade elevada acima dela com o poder à sua disposição de mudar as circunstâncias e a educação e, desse modo, são os homens do Estado que mudam as circunstâncias e a educação. Desse modo também fica claro que o poder político, o Estado, é um dispositivo ou uma máquina que exerce uma atividade de conjunto, uma atividade que associa ou "coincide a mudança das circunstâncias e [a mudança] da atividade humana ou autotransformação", então esta sua característica "só pode ser interpretada e racionalmente compreendida como prática revolucionária"?! Sim!!! O Estado ou o poder político é sim a atividade que exerce uma mudança de conjunto das circunstâncias e da atividade humana ou autotransformação, porque assim fica estabelecido no materialismo que divide a sociedade em duas partes e eleva uma parte acima dela. Mais ainda, é este o materialismo da emancipação política, ou seja, por meio dele os homens (organizados em diferentes classes) se organizam em diferentes partidos políticos visando a conquista e tomada do poder político do Estado para exercer sua atividade de mudança de conjunto, ou seja, para exercer sua prática revolucionária. O objetivo de todos os homens organizados em partido político é a conquista do poder político do Estado ou da parte da sociedade, a máquina de Estado, elevada acima da sociedade.


Na sociedade, a parte abaixo do Estado, os homens se encontram divididos em classes sociais que, quanto à mudança das circunstâncias e da atividade humana, estabelecem entre si relações de poder social de modo que as circunstâncias são mudadas pela energia ou força humana dos trabalhadores usada nos meios de produção industriais de mudança das circunstâncias dos capitalistas e nos meios de produção agrária-agropecuária de mudança das circunstâncias dos proprietários fundiários e a atividade humana de uns é a atividade de gastar energia ou força humana de trabalho, a atividade de outros é a atividade lucrar pelo uso obrigatório, intenso e aumentado dos seus meios industriais de produção e a atividade de obter renda é a dos proprietários fundiários pelo uso obrigatório, intenso e amplo da terra seja para instalar os meios de produção industriais, seja para a agricultura, seja para pecuária, seja para mineração, seja para coleta etc.


Os proprietários fundiários poderão interpretar e racionalmente compreender que precisam do poder político do Estado para afirmar que a Nação é a propriedade fundiária do Estado e que, portanto, a sua classe de proprietários fundiários é a classe proprietária fundiária da Nação, logo, o Estado-Nação é basicamente a propriedade fundiária que obtém sua renda de todos que aí habitam, nascendo, vivendo e morrendo e que tem na classe dos proprietários fundiários os seus rentistas e administradores naturais.


Os capitalistas poderão interpretar e racionalmente compreender que precisam do poder político do Estado-Nação para afirmar que o Estado são os meios industriais capitalistas de produção e que, portanto, a sua classe de proprietários capitalistas dos meios de produção industriais é a classe proprietária capitalista do meio de produção ou da máquina do Estado, logo, o Estado no Estado-Nação é basicamente o meio de produção industrial capitalista que lucra com todos que dele dependem para viver, seja para viver trabalhando, seja para viver consumindo desde que seja sempre para viver vendendo e comprando e vice-versa, ou seja, o Estado vê na classe dos proprietários capitalistas os seus lucros e a própria vitalidade ou vida da sua própria engrenagem, quer dizer, vê os seus lucros e a própria continuidade de sua vantagem (lucro) de ser o meio de produção que combina a mudança conjunta das circunstâncias e (a mudança) da atividade humana ou autotransformação.


Os proprietários exclusivos de suas forças humanas de trabalho poderão interpretar e racionalmente compreender que precisam do poder político do Estado para destruí-lo e afirmar que a associação ou a sociedade é a proprietária comum ou comunitária da área fundiária da "Nação" e da maquinaria industrial do "Estado", ou seja, que a própria associação das forças humanas de trabalho é a proprietária comum das terras e dos meios industriais de produção, portanto, precisam destruir a "Nação" afirmando que as terras são da comunidade humana e destruir o Estado afirmando que os meios de produção são gastos das energias humanas associadas, são condensações das forças humanas comuns ou sociais de trabalho, logo, a Nação vê na força humana de trabalho associada a inimiga de sua propriedade fundiária que é a Sociedade Internacional para além dos limites e fronteiras da Nação e o Estado, por sua vez, vê na associação da força humana de trabalho o inimigo do seu meio de produção ou de sua máquina vital que é a Humanidade Associada (Social) como Força Vital de Trabalho (Produção), de modo que, nesse último caso, as circunstâncias (Nação) são mudadas pelos homens na condição de Sociedade e o educador (Estado) precisa ser educado na condição de Humano ocorrendo a coincidência da mudança das circunstâncias (pela Sociedade) e da atividade humana ou autotransformação (pelos próprios Humanos, pela própria Humanidade).


A classe dos proprietários fundiários quer ser as terras, a Nação, as áreas ou os espaços nos quais todos se encontram e dos quais todos dependem para ser. A classe dos proprietários dos meios de produção quer ser as indústrias, o Estado, os meios ou os tempos dos quais todos dependem para encontrar seu ser. A classe dos proprietários de si mesmos quer ser ela mesma, tanto na condição de Sociedade que se encontra na Terra quanto na de Humanidade que está Viva.


As monarquias e as aristocracias são mais adequadas como formas de poder político dum Estado hegemonizado pelos proprietários fundiários.


As repúblicas e as democracias representativas são mais adequadas como formas de poder político dum Estado hegemonizado pelos proprietários de meios de trabalho-produção.


As comunas e as democracias diretas são mais adequadas como formas do poder político duma Comunidade hegemonizada pelos proprietários das suas próprias forças humanas de trabalho-produção.


Os proprietários fundiários querem tomar o poder político do Estado-Nação para afirmar que eles são os arquétipos do Estado-Nação, portanto, eles são o princípio do qual se origina o Estado-Nação.


Os proprietários dos meios de trabalho-produção querem tomar o poder político do Estado-Nação para afirmar que eles são os aperfeiçoamentos do Estado-Nação, portanto, eles são a perfeição na qual se realiza o Estado-Nação.


Os proprietários das suas próprias forças humanas de trabalho querem tomar o poder político do Estado-Nação para destruir o Estado-Nação e afirmar que eles são o princípio perfeito no qual se origina e no qual se realiza a Comunidade Humana.


Estas são mais algumas da reflexões a partir da terceira tese sobre Feuerbach:



"A doutrina materialista da mudança das circunstâncias e da educação se esquece que as circunstâncias são mudadas pelos homens e que o próprio educador deve ser educado. É por isso que ela deve dividir a sociedade em duas partes - uma das quais é elevada acima dela.

A coincidência da mudança das circunstâncias e da atividade humana ou autotransformação só pode ser interpretada e racionalmente compreendida como prática revolucionária."

( Extraída de "As 'teses sobre Feuerbach' de Karl Marx", Georges Labica, Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro - 1990, pp. 31-32.)



quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

O que pensar do ignoto de então?!





"A doutrina materialista da mudança das circunstâncias e da educação se esquece que as circunstâncias são mudadas pelos homens e que o próprio educador deve ser educado. É por isso que ela deve dividir a sociedade em duas partes - uma das quais é elevada acima dela.

A coincidência da mudança das circunstâncias e da atividade humana ou autotransformação só pode ser interpretada e racionalmente compreendida como prática revolucionária."

( Extraída de "As 'teses sobre Feuerbach' de Karl Marx", Georges Labica, Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro - 1990, pp. 31-32.)



Quem mais assume que as circunstâncias são mudadas pelos homens: os neoliberais, os desenvolvimentistas, os capitalistas, os comunistas ou os ambientalistas? E quem mais assume que "o educador precisa ser educado", isto é, que "a atividade humana precisa ser mudada ou autotransformada": os neoliberais, os desenvolvimentistas, os capitalistas, os comunistas ou os ambientalistas?


Quem divide a sociedade em duas partes - uma das quais é elevada acima dela: os neoliberais, os desenvolvimentistas, os capitalistas, os comunistas ou os ambientalistas?


Aparentemente todos (neoliberais, desenvolvimentistas, capitalistas, comunistas e ambientalistas) assumem que as circunstâncias são mudadas pelos homens e também dividem a sociedade em duas partes - elevando uma parte acima dela.


E quanto à mudança da atividade humana ou à sua autotransformação? Os neoliberais e, com eles, os capitalistas defendem o livre-empreendedorismo da atividade humana e o fim da superproteção estatal da atividade humana, a qual, por sua vez, é defendida pelos desenvolvimentistas e também pelos comunistas como parte integrante do empreendedorismo do Estado. E os ambientalistas? Ora, parecem defender o fim do livre-empreendedorismo quando querem proteger o ambiente da atividade humana livre-predadora, ora parecem defender o fim do empreendedorismo do Estado quando querem proteger o ambiente da atividade humana predadora insustentável.


Quais assumem que as mudanças das circunstâncias pelos homens são infinitas? Melhor, quais assumem que as circunstâncias são infinitamente mudadas pelos homens e, por isso, não precisam ser conservadas, melhor, cultivadas de modo algum, ou seja, quais assumem que a mudança da atividade humana ou a autotransformação é infinita, não precisa ser conservada nem cultivada, logo, não é resultante da necessidade de se educar, mas sim da infinita liberdade da atividade humana.


As circunstâncias são os limites mudados pelos homens e o educador precisar ser educado é o auto-limite mudado pelo próprio auto-limitado. Para mudar as circunstâncias ou os limites os homens as cultivam e as conservam porque as mudam, quer dizer, o que visam não é destruí-las mas sim mudá-las, portanto, nesse caso e nessa interpretação, há algo de Lavoisier no mudar ou transformar a natureza de modo que "nada se perde mas tampouco nada se cria porque tudo apenas se transforma". E o mesmo se aplica no caso da educação ou da sociedade porque não se trata de mudar a atividade humana de modo destrutivo nem de modo criativo, quer dizer, nem de reduzí-la à natureza animal nem de elevá-la à espiritualidade divina, logo, não se trata nem do vir a ser animal, vegetal, mineral nem do vir a ser super-homem, divindade, outro ser.


A prática revolucionária é a coincidência da mudança das circunstâncias ou dos limites e da atividade humana ou do auto-limite, quer dizer, é a coincidência da mudança das circunstâncias ambientais limitantes e da mudança da atividade humana auto-limitante ou mudança da ambiência humana ativamente auto-limitante.


A prática revolucionária é prática do girar em torno de si, logo, em torno do ponto, do limitado no espaço e do auto-limitado ou finito no tempo, por isso, o seu sentido é de mudança que conserva, que cultiva e, nesse sentido, que desenvolve a transformação dos limites com a autotransformação do auto-limitante.


Mas, e quanto à criação capitalista de mais-valia, de valor? Se trata de algo que escapa do nada se cria, nada se perde?! Não, porque cria o capital com a perda da energia humana dos trabalhadores, logo, sua prática revolucionária é coincidir a criação das circunstâncias capitalistas com a perda educacional da energia humana dos trabalhadores, ou seja, visa criar circunstâncias não-ambientais ou industriais e a perda total da atividade humana ou sua substituição pela maquinaria automatizada. Mas, assim os homens deixarão de mudar as circunstâncias e os trabalhadores deixarão de mudar a si mesmos?!


Nessas circunstâncias capitalistas nas quais a automação muda as circunstâncias e os trabalhadores não precisam se educar ocorre uma negação dos homens como agentes que mudam as circunstâncias e como agentes que mudam a si mesmos. Mas esta negação é conduzida reduzindo os homens a apêndices da maquinaria automatizada e reduzindo os trabalhadores a necessitados dos produtos ou da educação da maquinaria automatizada. Aprofundando esta contradição, ou seja, deixando que as máquinas façam máquinas e tudo mais automaticamente vem à tona a dependência da maquinaria da tecnociência dos homens ou duma determinada educação e deixando os trabalhadores sem trabalho e apenas necessitados dos produtos da maquinaria automatizada ou de circunstâncias que mudam os trabalhadores em consumidores ou em produtos das circunstâncias. O que vem à tona aí?! A divisão da sociedade em duas partes - estando a tecnociência elevada acima dos consumidores dela.


O que pensar daqui em diante?!











quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

A terceira tese sobre Feuerbach, de Karl Marx, só para não esquecer




A terceira tese de Marx sobre Feuerbach:


"A doutrina materialista da mudança das circunstâncias e da educação se esquece que as circunstâncias são mudadas pelos homens e que o próprio educador deve ser educado. É por isso que ela deve dividir a sociedade em duas partes - uma das quais é elevada acima dela.

A coincidência da mudança das circunstâncias e da atividade humana ou autotransformação só pode ser interpretada e racionalmente compreendida como prática revolucionária."

( Extraída de "As 'teses sobre Feuerbach' de Karl Marx", Georges Labica, Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro - 1990, pp. 31-32.)


"A coincidência da mudança das circunstâncias e da atividade humana ou autotransformação" é a "prática revolucionária" da unidade da auto-emancipação e da autoeducação de modo que tende a ser interpretada também como prática autodidata e, nesse sentido, o epicurismo em Marx é algo bem mais profundo do que imagina nossa vã consciência.

A doutrina dominante ainda é a que esquece. Até quando?!




Esta autoeducação como solução da auto-emancipação não está forçada, não?! Afinal, dizer "que as circunstâncias são mudadas pelos homens e que o próprio educador deve ser educado" não é apenas se restringir aos fatos?! "As circunstâncias mudadas pelos homens" não é o que se vê na história desde os tempos mais remotos até agora e mesmo na história do nosso dia a dia?! "E que o próprio educador deve ser educado" não é algo evidente em toda e qualquer história até agora, já que como poderia ser educador sem ser educado?! Então, de onde vem esta interpretação dessa passagem como defesa da auto-emancipação e da autoeducação?! Não salta aos olhos que esta passagem é pura e simplesmente a constatação daquilo que é expresso pela prática e na prática?!


- Sim, é!!! Mas não é precisamente por isso que ele critica "a doutrina materialista da mudança das circunstâncias e da educação" que considera "que as circunstâncias são mudadas pela educação" e "que o próprio educador é um gênio que muda os homens educando-os", desse modo, o homem genial muda os homens pela educação e os homens educados mudam as circunstâncias pela educação do homem genial?! Nessa "doutrina materialista da mudança das circunstâncias e da educação" o educador, o gênio, o homem genial não é o mestre, o senhor, o tutor que, com a educação, é a parte elevada acima da sociedade, enquanto que os demais homens e as circunstâncias, que são mudados pela educação do gênio, são a parte da sociedade mantida abaixo e no solo da mesma. Nessa doutrina materialista da mudança das circunstâncias e da educação não está presente um tipo de autoeducação que independe da educação porque se mostra inteiramente dependente da genialidade ou das qualidades inatas e, portanto, inteiramente dependentes da natureza do gênio, logo, a natureza humana capaz de mudar a natureza humana é a natureza humana genial, quer dizer, a natureza humana exclusiva do gênio, o que, por sua vez, significa dizer que a natureza divide os homens em homens de natureza genial que podem mudar os demais e homens de natureza medíocre que podem ser mudados pelos homens de natureza genial. Estes últimos, por sua vez, não podem ser mudados e não importam "as mudanças das circunstâncias e da educação" porque são eles aqueles que verdadeiramente acabam mudando as circunstâncias e a educação, portanto, são eles que exclusivamente praticam a autoeducação que a sua natureza humana fornece, enquanto que os demais são sempre educados por eles tal qual sua natureza humana demanda. Nessa interpretação a divisão da sociedade em duas partes se baseia na divisão da natureza humana em duas partes, a genial e aristocrática, de um lado, e a medíocre e plebeia, do outro.



- Então, com sua crítica dessa doutrina e lembrando, por um lado, "que as circunstâncias são mudadas pelos homens", mas não porque eles sejam geniais e sim porque eles são homens e porque são os homens que ao longo da história e no cotidiano mudam as circunstâncias, e lembrando, por outro lado, "que o educador deve ser educado", logo, não se trata de considerar que o educador deve ser um gênio mas sim que ele deve ser educado, quer dizer, deve ser mudado pela educação, tanto com a adquirida ou produzida ao longo da história quanto com a produzida ou adquirida no cotidiano, portanto, nas circunstâncias mudadas pelos homens o educador deve ser educado não mais tão só pelas velhas circunstâncias mas também pelas novas circunstâncias, porém, ele deve ser educado principalmente na atividade de mudar as circunstâncias, quer dizer, na atividade de ser humano que é a atividade própria dos homens, melhor, dos humanos por natureza: mudar as circunstâncias! Nessa interpretação a unidade da sociedade numa comunidade humana se baseia na unidade da natureza humana que é sua capacidade natural, geral, comum e inerente a todo e qualquer humano de mudar as circunstâncias e, consequentemente, de se educar ou de mudar a si mesmo.


- Ora, se esta última interpretação é a verdadeira, então porque a história continua sendo feita por líderes e homens excepcionais?! Porque não se repete uma história de mudanças "das circunstâncias e da educação" nas quais não se destaquem líderes e homens excepcionais?! Será que é porque a história de "mudanças das circunstâncias e da educação" que se repete é precisamente a história da emancipação política e da sucessão no poder político da máquina do Estado e nunca a história da emancipação humana e da dissolução do poder político da máquina do Estado na comunidade humana livre?!





"... mistérios que (...) encontram sua solução racional na prática e na compreensão esta prática."




No sonho, devaneio ou sei lá o quê se parte duma identidade entre prisão e máquina do Estado de modo que o desaparecimento de uma equivale ao desaparecimento da outra. Mas isso supõe ainda que o crime esteja superado demonstrando que a natureza humana é capaz não só de se reabilitar, de se recuperar, de se transformar, mas, principalmente, de se libertar de uma vez por todas da falha que a fazia criminosa. Mais do que a saída da menoridade humana e do que a entrada na maioridade humana, quer dizer, mais do que a emancipação política que supõe a manutenção tanto da máquina do Estado quanto da prisão se trata aqui da saída da pré-história humana, quer dizer, da sociedade ainda dividida em maiores tutores e menores tutelados, para a entrada na história humana, quer dizer, na sociedade onde os próprios humanos mudam as circunstâncias e onde os próprios educadores precisam ser educados, ou seja, onde os próprios humanos prisioneiros ou tutelados mudam as circunstâncias e se libertam bem como onde os próprios educadores carcereiros ou tutores precisam ser educados, mudados, transformados, quer dizer, precisam se autotransformar da mesma maneira que os humanos transformam as circunstâncias. Desse modo, fica claro que os prisioneiros e tutelados, aqueles que se encontram nas prisões e sob tutela, são os que mudam as circunstâncias e se libertam das prisões e tutelas. Também fica claro que aqueles que aprisionam e tutelam, aqueles que são os carcereiros e os tutores tanto das prisões quanto das máquinas do Estado, são os que precisam se autotransformar e se libertar de sua educação carcereira e tutora ou formadora de prisões e máquinas do Estado.


Os educadores e tutores são aqueles voltados para mudar a natureza humana dos demais ou a natureza humana alheia, enquanto que os humanos prisioneiros e tutelados são aqueles voltados para trabalhar ou mudar as circunstâncias de acordo com o que foi determinado pela educação dos educadores e tutores. Ora, estes últimos podem trabalhar e mudar as circunstâncias por si mesmos e sem a educação dos educadores-tutores e ao fazerem isto já estão liberando e desenvolvendo a sua autoeducação que é uma nova educação, a qual, por sua vez, implica na aprendizagem da mesma pelos educadores e, por isso mesmo, na transformação dos educadores-tutores por meio da autoeducação nascida da transformação das circunstâncias pelos humanos de forma independente da educação existente, melhor, de forma liberadora e criadora de autoeducação.


A resposta relativa à capacidade humana de se reabilitar, se recuperar, se transformar e de se libertar está inteiramente entregue na confiança que se demonstrar ter na atividade humana ou no trabalho humano capaz de mudar as circunstâncias naturais e a educação humana, ou seja, está inteiramente confiante na capacidade da natureza humana de autotransformar-se. Só a autotransformação pode ser a emancipação humana que é obra dos próprios humanos bem como a emancipação humana dos trabalhadores que é obra dos próprios trabalhadores humanos.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

... ou o quê?!




Queda da Bastilha começa a revolução francesa como uma luta contra a prisão e pela liberdade. As lutas contra as prisões caracterizam as revoluções, mas durante estas lutas contra as prisões os lutadores se aprisionam nas lutas a tal ponto que tirando os carcereiros eles mesmos se assumem como os novos carcereiros e, desse modo, a liberdade conquistada contra a vigência da velha prisão é também a conquista da vigência da nova prisão. Pois é, enquanto a luta contra a prisão e pela liberdade for a luta para se apoderar do poder político da máquina do Estado para colocá-la a seu serviço o resultado será o mesmo: sair duma velha prisão para entrar numa nova prisão ou conquistar a liberdade duma prisão para entrar noutra prisão e começar a lutar pela liberdade de sair dessa nova prisão para entrar na era duma nova prisão.


Em lugar de se aprisionar nas lutas é preciso conseguir se libertar nas lutas de modo que as prisões de lugares de aprisionamento se transformem em lugares de libertação e, em seguida, como práticas da liberdade não se diferenciem das demais práticas da liberdade da sociedade. É preciso se libertar nas lutas de modo que o poder político de lugar da máquina do Estado se transforme em lugar da comunidade livre e uma tal transformação só é viável destruindo a máquina do Estado de modo que a própria comunidade livre passe a exercer seu poder político sem recorrer a nenhuma máquina do Estado porque elas simplesmente não mais existem.


Isto é um sonho, um devaneio ou o quê?!

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Certeza da consciência sensível versus certeza da consciência de si




Prometeu, Édipo e Dionísio são os grandes personagens trágicos do Prometeu Acorrentado, de Ésquilo; do Édipo-Rei, de Sófocles; e, de As Bacantes, de Eurípedes.


A certeza sensível na Fenomenologia do Espírito é aquela que está certa da verdade do sensível e a sua verdade essencial é que o sensível é. Mas, este puro ser é o mesmo ser de Parmênides "para o qual é impossível achar limite; nem fora, se percorremos o espaço e o tempo onde se expande, nem [dentro], se penetramos pela divisão no interior de um fragmento tomado dessa plenitude"(Fenomenologia do Espírito - Parte I, tradução de Paulo Meneses com a colaboração de Karl-Heinz Efken, Vozes, 2ª edição, 1992 - Petrópolis, p.74). Ainda que já se veja também aí presente o ser de Demócrito ou o átomo, quer dizer, "um fragmento [infinito] tomado dessa plenitude". Além disso, Parmênides e Demócrito devem ter sido reenviados "à escola inferior da sabedoria, isto é, aos mistérios de Eleusis, de Ceres e de Baco, a aprender primeiro o segredo de comer o pão e de beber o vinho. De fato, o iniciado nesses mistérios não só chega à duvida do ser das coisas sensíveis, mas até ao seu desespero. O iniciado consuma, de uma parte, o aniquilamento dessas coisas, e, de outra, vê-las consumarem seu aniquilamento. Nem mesmo os animais estão excluídos dessa sabedoria, mas antes, se mostram iniciados no seu mais profundo; pois não ficam diante das coisas sensíveis como em si essentes, mas desesperando dessa realidade, e na plena certeza de seu nada, as agarram sem mais e as consomem. E a natureza toda celebra como eles esses mistérios revelados, que ensinam qual é a verdade das coisas sensíveis" (Idêm, p. 81), porque um salvou o seu ser com a metafísica ou a moradia do ser no insensível e o outro indo também para o insensível salvou seu ser com a física dos seres insensíveis, os átomos, que moram no insensível, o vazio. Como dizia Robin: Demócrito amoedou o ser de Parmênides. Coincidentemente ambos dividiram o saber em dois estabelecendo, de um lado, o conhecimento legítimo, que é o verdadeiro, e, do outro, o conhecimento bastardo, que é o aparente.


Os iniciados nos "mistérios de Eleusis, de Ceres e de Baco" tendem a dizer que seguem a escola do ser e do não-ser de Heráclito e, nela, admitem a participação de Demócrito com os seus seres, átomos, e não-ser, vazio. Mas, na escola de Heráclito, o fogo é o ser que é e que não é, de modo que o essencial é ser um fogo. E Epicuro desenvolveu os átomos e o vazio até a sua supressão num fogo que é a consciência de si humana e do filósofo, mas aí temos também o feito de Prometeu que roubou a centelha dos céus e a deu aos humanos como seu domínio/poder consciente.


O que Epicuro fez corresponde ao que Prometeu fez. O que Demócrito fez corresponde ao que Édipo fez. O que Heráclito e Parmênides fizeram corresponde ao que Dionísio fez.


Com Epicuro e Prometeu a humanidade se constrói, se socializa e se liberta. Com Demócrito e Édipo a humanidade se corrige, se politiza e se explora. Com Heráclito-Parmênides e Dionísio a humanidade, se destrói, se dissocia e se aniquila.


Dionísio era o deus de Napoleão III e seus seguidores, também era o deus prático das SA de Hitler, ou seja, os bacanais e o porno eram suas práticas usuais bem como as políticas de destruir, dissociar e aniquilar a tudo e a todos, incluindo a si mesmo.


Édipo sintetiza o poder e a sucessão do poder incluindo a revolução e o golpe de Estado, o impeachment e a renúncia, a guerra civil e a corrupção, enfim, sintetiza o problema a ser resolvido e a solução que o faz uma sucessão problemática, quer dizer, uma estrutura abstrata defendida ora como ditadura da burguesia, ora como ditadura do proletariado, ora como ditadura dos proprietários fundiários aristocratas ou burocratas, enfim, como uma estrutura abstrata pela qual todos passam ou como complexo de Édipo.


Prometeu era o símbolo dos jovens hegelianos e de Marx e foi, até mesmo, por isso que Marx durante muito tempo defendeu Blanqui, com o qual, no entanto, não se associou quando teve todas as chances e mesmo condições de fazê-lo. Porque? Porque Blanqui defendia estritamente a pura e simples instalação duma ditadura revolucionária, quer dizer, defendia pura e simplesmente a solução edipiana. De todo modo, sem ser Blanqui, outros prisioneiros, como Mandela, Gandhi etc. conseguiram fazer da sua prisão um processo de libertação e, no Brasil, foram diversos prisioneiros e, ainda que possamos destacar alguns, foi muito mais o movimento coletivo pela anistia ampla, geral e irrestrita, do que um ou outro prisioneiro, que se destacou.


No entanto, aquilo que hoje chama a atenção, por exemplo, na Venezuela é que Chávez tal qual Hitler tentou um golpe que não deu certo, se tornou prisioneiro e assim construiu sua lenda de libertador e seu partido, saiu da prisão disputou eleições e venceu. Mas a roupagem de Chávez era de esquerda e não de direita como ocorreu com Hitler. No entanto, um líder opositor do chavismo, Leopoldo López, se deixou prender durante uma manifestação que convocou para se entregar publicamente ao governo chavista de Nicolás Maduro. E o que surpreende é que ele não propunha um golpe de Estado, ainda que defendesse uma revolução democrática, quer dizer, uma mudança democrática no poder da Venezuela. E também surpreende que todas as formas de lutas civis, democráticas e conhecidas como lutas de classes estejam na atualidade sendo dirigidas em sua maioria pelos que usam as roupas da direita. Enquanto que os que usam as roupagens da esquerda se mostram tiranos, antidemocráticos, anti lutas civis, anti lutas de classes.


Que inversões são estas?! Prometeu se tornou o símbolo da direita enquanto Édipo e Dionísio, mas, principalmente Dionísio se tornaram os símbolos da esquerda?! Ou como dizem atualmente: não existe mais esquerda e direita e, então, como dizia Marx, isso tudo não passa de uma farsa?! Logo, aquilo que se mostra como esquerda e como direita é apenas uma farsa e nenhuma outra relação tem com a original tragédia de ser de esquerda e ser de direita, exceto: a farsa!!!


Finalmente, não é precisamente isso o que ocorre com a certeza sensível: "Nem mesmo os animais estão excluídos dessa sabedoria, mas antes, se mostram iniciados no seu mais profundo; pois não ficam diante das coisas sensíveis como em si essentes, mas desesperando dessa realidade, e na plena certeza de seu nada, as agarram sem mais e as consomem.", ou seja, "tudo que é sólido se desmancha no ar" e, portanto, se o que se quer é ir além da sabedoria animal de modo que o humano não seja apenas uma certeza sensível que se explora e se aniquila em prol dum outro como, por exemplo, o super-homem, então é preciso retomar e percorrer o caminho que nos conduz e eleva à certeza (da consciência) de si. Porém, considerando que as certezas das consciências de si de esquerda, de centro e de direita bem como prometeicas, edipianas e dionisíacas não se confundem mais com as certezas sensíveis de modo que não se trata mais das roupagens, mas, talvez, ainda das formas de luta criadoras e libertadoras; reformadoras e exploradoras; e, destruidoras e aniquiladoras.


Nesse caso, na Venezuela, o avanço democrático se dará junto com a direita que está na prisão?!?!