quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016
Será que é isso?!...
No Brasil é a partir da chamada década perdida, cujo início coincide com o do lançamento do neoliberalismo no mundo, que surge e se desenvolve a prática dos sujeitos político-sociais atualmente no poder.
É curioso que o novo sindicalismo, que originou o PT e a CUT, seja formado e desenvolvido em partido político e central sindical durante a década perdida.
Também é curioso que os governos Lula tenham assumido combater as crises por meio do aumento sistemático dos meios de consumo. Mais curioso ainda que os governos Dilma tenham assumido a enorme redução da participação da indústria no PIB.
Será que ao se situar na luta salarial o "novo sindicalismo" também se situou apenas na aquisição de aumento da renda e/ou de meios de consumo e, desse modo, uma vez no poder, só imaginou real a política que distribuísse renda para os mais pobres e/ou aumentasse a distribuição de meios de consumo para os mais pobres?! Também só imaginou real a política de aumento dos meios de consumo para combater as crises. As reduções do IPI para aumento do consumo de automóveis, a aceitação do burlar a lei introduzindo os transgênicos para aumentar o consumo via as exportações de soja e de carnes de gados alimentados com rações baseadas na soja transgênica, facilidades com os créditos baseados em consignados, quer dizer, em descontos em folha, os quais lembram uma antiga prática dita "do barracão" por meio da qual os salários dos trabalhadores eram descontados de acordo com os gastos que faziam para se alimentar e vestir recorrendo aos produtos do dito "barracão". Uma visão de grande produção monocultural que abandona a diversificação e produção de alternativas energéticas quando "descobre" o pré-sal. Uma visão que, em nome do consumo futuro do pré-sal, não consegue conter a voracidade dos que corrompem a Petrobrás no presente. E agora nos governos Dilma, cada vez mais, se reafirma o retorno aprofundado da "década perdida".
Será que toda a novidade do partido independente e da central independente da classe dos trabalhadores num país como o Brasil se reduz a um "novo sindicalismo" no sentido de um novo participante do aumento dos meios de consumo (aumento dos salários), no sentido de um novo agente mercantilista, mas nunca no sentido de um novo participante do aumento dos meios de produção (reduções das jornadas de trabalho), no sentido de um novo agente capitalista?!
Será que é aí que se encontra o problema posto pelo "Que Fazer?" que diferencia entre os que se limitam à aquisição e propriedade dos meios de consumo e os que avançam para a aquisição e propriedade dos meios de produção?! Enfim, que diferencia entre os que socializam os meios de consumo ou socializam o mercado/o socialismo de mercado e os que socializam os meios de produção ou socializam a produção do capital/o comunismo da produção do capital?!
domingo, 21 de fevereiro de 2016
Fuga da vida e busca da vida / Diálogos...?!
20/03/2016
É muito curioso que isso exista, mas, infelizmente, sob
certo ponto de vista, e felizmente, de outra perspectiva, acontece mesmo que o
indivíduo em lugar de viver a vida, viva escrevendo, substitua o viver pelo ato
de escrever, mas não porque seja lido por muita gente e sim por ter optado por
estudar em lugar de viver. E o estudar de quem, antes de viver, precisa estudar
para poder vir a viver não é algo interessante por maior que seja o interesse
de quem fica estudando em lugar de viver. Até porque a pessoa não consegue
estudar de uma maneira geral e isso acontece precisamente porque ela não está
efetivamente estudando e sim substituindo o viver a vida pelo estudar antes de
viver.
Eu sou este indivíduo/esta pessoa que escreve ao invés de viver,
que pretende estudar “a vida” antes de viver, mas que, na verdade, por estar
fugindo do viver e mesmo do viver daqueles que escrevem e que estudam eu acabo
por não ter vida nem tenho como dar vida naquilo que escrevo e que estudo
precisamente porque o que escrevo e o que estudo são formas de fugir da vida,
logo, por isso mesmo, são formas sem vida, já que o conteúdo vital não existe
porque a forma escrita é a fuga da vida. Porém, por isso mesmo, a escrita e o
estudo que fogem da vida são formas de minha preparação para a morte. E, nesse
sentido, tanto o que escrevo quanto o que estudo são formas de vivenciar uma
dramaturgia determinista, formas de parar de resistir à atração da morte como
destino inexorável, formas para me convencer que tudo está escrito e que não há
o que viver e, portanto, só resta morrer.
Porém, quando escrevo, estudo e descubro isso de mim mesmo
eu também descubro que a escrita, o estudo e a descoberta que preparam para a
vida são aquelas que, supostamente, se entregam ao viver antes de escrever, de
estudar e descobrir, ou seja, são aquelas cheias de vida, logo, são aquelas com
formas escritas que preparam para enfrentar o viver a vida, para vivenciar uma
dramaturgia livre e atraída de modo irresistível pela vida como livre criação,
são formas que convencem que nada está escrito, que há muito o que viver e, por
isso mesmo, só é preciso viver. Esta possibilidade aparece no que escrevo como
imaginária precisamente porque se existisse a minha forma escrita cheia de vida
seria justamente uma escrita cheia de imaginação, o estudo seria cheio de
criatividade e minhas descobertas seriam invenções, enfim, meus textos seriam
lidos com gosto porque com sua imaginação, criatividade e inventividade atrairiam
todos para o viver a vida.
Descobri que estas duas figuras, a que foge da vida e se
prepara para a morte e a que se entrega à vida e é preparada pela vida,
aparecem sempre na atividade de escrever e de forma conflitiva porque a
primeira sem atrativos vitais pretende dar um retrato real e documental da vida
e a segunda cheia de atrativos vitais pretende dar uma descrição imaginária e
ficcional da vida. Uma pretende denotar a vida e a outra pretende conotar a
vida. Eu escrevo constantemente sobre elas, mas sempre me sentindo menor e
incapaz de conotar a vida, sempre me vendo a caminho dum poço sem fundo, do
buraco negro da morte.
Escrevi aqui sobre isso do jeito que venho fazendo faz anos.
Mas, quero deixar claro para o leitor – que aqui tem sido básica e
essencialmente eu mesmo – aquilo que meu escrever tem sido até para que eu
mesmo venha a saber o que fazer para sair dessa duma vez ou permanecer nessa até
o fim. Bom, vou mostrar abaixo o que escrevi do jeito que escrevo faz anos e
também como, de repente, deixei que viesse à tona algo e, posteriormente,
supondo que isso pudesse perturbar o leitor, vim a reescrever uma parte.
Aí vai:
Na sua tese de doutorado, sobre a “Diferença entre as filosofias da Natureza em Demócrito e Epicuro”, Marx, ao discorrer sobre as “dificuldades relativas à identificação entre a filosofia da Natureza de Demócrito com a de Epicuro”, apresenta três pontos nos quais aparecem estas dificuldades gerais de identificação entre as filosofias de Demócrito e de Epicuro. No primeiro ponto, ele considera que se torna possível examinar a diferença dos juízos teóricos dos dois filósofos, quer dizer, o ponto de vista de cada um deles sobre a verdade e a certeza do saber; no segundo ponto, já é a a perspectiva de cada um deles a respeito da diferença da energia e da diferença da prática científica que desenvolvem, quer dizer, aparece a diferença dos juízos práticos das filosofias de cada um; e, finalmente, no terceiro ponto, Marx procura trazer à tona a diferença estabelecida por cada um entre o pensamento e o ser, melhor, como cada um deles estabelece/equaciona a relação entre o pensamento e o ser, quer dizer, como cada um deles diferencia a relação da consciência particular de cada um deles com o mundo ou desenvolve aquilo que ele, Marx, chamou de “forma de reflexão” e que nós, graças à luz do dramaturgo Carlos Henrique de Escobar, ousaremos chamar de diferença de “dramaturgia”.
“Ora, Demócrito emprega
como forma de reflexão da realidade efetiva a necessidade, Aristóteles
diz dele que ele enraíza tudo na necessidade. Diógenes Laércio informa que o
turbilhão dos átomos, de onde tudo nasce, é a necessidade de Demócrito.
Explicações mais satisfatórias são fornecidas a este respeito pelo autor do “De
placitis philosophorum”: a necessidade seria para Demócrito o destino e o
direito, a providência e a criadora do mundo. Mas a substância desta
necessidade seria a antipatia, o movimento, a impulsão da matéria. Uma passagem
semelhante se encontra nas “éclogues physiques de Stobée” e no livro VI
da “Praeparation evngelica d’Eusèbe”. Nas “éclogues éthiques” de Stobée se encontra conservada a seguinte
sentença de Demócrito, que é quase que integralmente reproduzida no livro XIV d’Eusébe : os homens imaginaram o fantasma
do acaso – uma manifestação do seu próprio embaraço; porque um pensamento forte
deve ser inimigo do acaso. De igual modo, Simplicius atribui a Demócrito uma passagem na
qual Aristóteles fala da velha doutrina que suprime o acaso.”
Imediatamente e em
oposição a Demócrito Marx apresenta a “forma de reflexão” de Epicuro
assim:
“Epicuro ao contrário
escreve: ‘A necessidade,
que é mencionada por alguns como mestra absoluta, não é; bem ao contrário,
algumas coisas são fortuitas,
outras dependem do nosso arbítrio.
A necessidade é impossível de convencer, o acaso ao contrário é instável. Seria
melhor seguir o mito dos deuses do que ser o criado/a criatura do destino dos físicos. Porque o primeiro nos
deixa a esperança da misericórdia se nós honrarmos os deuses, enquanto que o
segundo só nos deixa a inflexível necessidade. Mas é o acaso que é preciso
admitir, e não Deus, como a multidão acredita. É uma infelicidade viver na
necessidade, mas viver na necessidade não é uma necessidade. Abertas estão por
toda parte as vias que levam para a liberdade, numerosas curtas, fáceis.
Agradeçamos, pois, à divindade que ninguém possa ser detido em vida. Domar a
necessidade ela mesma é coisa permitida.
“O epicurista Velleius diz
a mesma coisa em Cícero a propósito da filosofia estoica: ‘Que se deve pensar
duma filosofia, para a qual, como para as comadres ignorantes, tudo parece se
produzir pelo fatum?... Epicuro nos livrou disso e nos instalou na liberdade.’”
Aquilo que precisamos
tornar cada vez mais claro é que a terceira diferença característica geral
entre as filosofias de Demócrito e de Epicuro, que é chamada por Marx de “forma de reflexão” e que, graças
ao dramaturgo Escobar, chamamos de “dramaturgia”, ocorre na
relação da consciência particular do filósofo com o mundo, ou seja, ocorre
quando o filósofo se encontra no movimento de repulsão e de atração, de choque
e encontro com o mundo, quer dizer, ocorre durante o movimento de estabelecimento
de relações da consciência particular do eu filosófico com os demais seres do
mundo e, igualmente, com as demais consciências particulares dos eus do mundo.
Para um filósofo que só
admite os movimentos de queda e de repulsão em linha reta as suas relações com
o mundo e com os demais indivíduos do mundo são determinadas pela linha reta,
fatal, imperativa, determinista, autoritária, quer dizer, a necessidade é a “forma de reflexão”,
melhor, é a “dramaturgia” desse filósofo.
Já o filósofo que admite,
entre os movimentos de queda e de repulsão em linha reta, um movimento próprio
e com o qual se torna possível a passagem duma linha reta para a outra linha
reta, quer dizer, a passagem da queda para a repulsão, só consegue estabelecer
suas relações com o mundo e com os demais indivíduos do mundo a partir do seu
próprio movimento de estabelecimento do seu próprio ser e de sua própria
consciência particular no mundo. Noutras palavras, as suas relações com o mundo
e com os demais indivíduos só são possíveis porque são determinadas pela linha
curva, que escapa, desvia/declina, cria, convive, ou seja, para este filósofo o acaso é a “forma de reflexão”,
melhor, é a “dramaturgia” do seu filosofar, da sua filosofia. E
este momento da dramaturgia é o momento das relações do filósofo
com o mundo e com os demais indivíduos, ou seja, é o momento propriamente dito
das ações dos atores presentes no campo do drama, da dramaturgia.
Ora, como ele se coloca
para Demócrito? Vimos que, para ele, “o destino e o direito, a providência e a
criação do mundo” são determinadas pela necessidade, ou seja, tudo é
pré-determinado e nada acontece por acaso, logo, é o mecanicismo que aparece na dramaturgia de Demócrito.
“A necessidade aparece,
com efeito, na natureza finita como necessidade relativa, como determinismo. A
necessidade só pode ser deduzida da possibilidade real, o que quer dizer que é
um encadeamento de condições, de causas, de razões etc. que mediatiza esta
necessidade. A possibilidade real é a explicação da necessidade relativa. E nós
a encontramos empregada por Demócrito. Nós citamos em apoio algumas passagens
tomadas de Simplicius.
“Que um homem esteja
sedento, que ele beba e recupere a saúde de seu corpo, não é o acaso que
Demócrito dará como causa, mas a sede. Mesmo se, com efeito, ele parece, a
propósito da criação do mundo, fazer intervir o acaso, ele afirma, entretanto,
que, nos casos particulares, aquele não é causa de nada, mas, ao contrário,
reenvia para outras causas. Assim, por exemplo, cavar a terra seria a origem da
descoberta de um tesouro ou a vegetação seria a causa da oliveira.
“O entusiasmo e a
seriedade com a qual Demócrito introduz na consideração da natureza esse modo
de explicação, a importância que ele atribui para a tendência em estabelecer
razões se exprimem ingenuamente nesta profissão de fé: ‘Eu prefiro descobrir
uma nova etiologia do que obter a coroa do rei da Pérsia’.”
[Aqui é o ponto que, depois,
mais abaixo, tem início uma forma alternativa à angústia que veio à tona, ainda
que seja igualmente angústia vinda à tona.]
Como se coloca o momento
da dramaturgia para Epicuro? Como Epicuro considera
que, por um lado, existem umas coisas que são casuais e, por outro lado, outras que dependem
da nossa vontade, ele faz com que a relação entre o
mundo e o eu seja instável e sujeita à mudança do espaço-tempo, bem como
contrária e oposta a uma relação inflexível e sujeita à imutabilidade do
espaço-tempo. Não há nada pré-estabelecido, nem destino, nem direito, nem
providência nem mesmo a criação do mundo. Se uma relação necessária, estável e
inflexível se estabelece entre o homem sedento e a água que bebe e tira a sede,
então ele busca domar essa necessidade de modo a suportá-la: seja pela
casualidade de não haver água e, havendo, por esquecer de beber água; seja pelo
controle da vontade por não haver água e, havendo, por lembrar do controle da
vontade de beber água. O mesmo para a necessidade de tesouro e de oliveira. Ou
seja, com sua vontade ele procura verificar se é possível viver sem água, sem
tesouro e sem oliveira. E se verifica que não é possível viver sem água, ainda
que seja possível viver sem tesouro e sem oliveira, então ele trata de
controlar a necessidade de água de modo a não viver na necessidade e pode
tratar de esquecer de viver com tesouro e com oliveira por não ter necessidade
disso, mas também pode cuidar para viver com tamanha quantidade de água como se
não sentisse a sua necessidade dela, bem como com tamanho tesouro e tanta
oliveira que sem eles não pudesse viver, ainda que deles não tivesse necessidade.
A relação de causa e efeito entre o homem sedento e a água que bebe que tem por
efeito acabar com a sede, quer dizer, com a necessidade de água do homem
sedento é consequência da junção da sede de água com a vontade de beber ("junção da fome com a vontade de comer" - dito popular).
Isso serve para lutar e resistir a homens que se apoderam das fontes da vida,
como a água, para obrigar os demais a servi-los, de modo que eles se dobrem à
vontade dos lutadores e resistentes que não temem morrer precisamente porque
eles, poderosos donos das fontes da vida, temem que não existam mais homens que
possam convencer a servi-los em troca do fornecimento dos materiais das fontes
da vida. Parece que aqui existe algo mais profundo. Vamos tentar ver.
Se bebo água, como
melancia, melão, laranja, bebo água de coco etc., se beijo a boca amada, se
durmo, se fico à sombra e no frescor do sereno, se tomo um banho, se me esqueço
de sentir sede, enfim, se, em todos esses casos, eu considero que a sede é um
imprevisto e que existem outros imprevistos como, por exemplo, a morte, então,
por outro lado, também posso considerar que a sede e a morte dependem da
vontade. Desse modo, considero que, estabelecendo uma necessidade relativa
entre sede e satisfação da sede, eu desenvolvo um determinismo, quer dizer, um
comportamento necessário, disciplinado, temente à morte, portanto, sob tudo
isso, quer dizer, sob essa dramaturgia do determinismo se encontra o problema
do não temer ou do temer a morte presente na dialética do senhor e do escravo.
Por outro lado, considero que estabelecendo uma casualidade completa entre sede
e satisfação da sede, eu desenvolvo um acaso, um comportamento voluntarioso,
livre, sem medo da morte, logo, à tona de tudo isso, quer dizer, à tona dessa
dramaturgia do acaso se encontra o problema do não temer ou do temer a morte
presente na dialética do senhor e do escravo.
Na dialética do senhor e
do escravo, este último se torna escravo e/ou submisso à determinação da
necessidade por temer a morte, enquanto que o primeiro se torna senhor e/ou
livre pela determinação do acaso por não temer a morte, ou, pelo menos, esta é
a argumentação usada para a compreensão da dialética estabelecida entre o
senhor/mestre/patrão e o escravo/servo/discípulo/empregado. Então, nessas dramaturgias do determinismo versus o acaso dos
dois filósofos atomistas gregos encontramos a problemática do temor e do
destemor à morte atribuída à dialética do senhor e do escravo.
No entanto, esta dialética
do senhor e do escravo só se torna completa quando ocorre a libertação do
escravo do senhor, quer dizer, depois que o escravo vem a obter o domínio da
necessidade e/ou da dramaturgia da necessidade, quer dizer, depois que
ele se torna senhor do trabalho e dos meios de produção, mestre de todas artes
e ofícios, sábio erudito. Ora, esta é a descrição que Marx faz de Demócrito na sua
tese. Mais ainda, em várias passagens ele deixa claro que Demócrito é como
Édipo uma criatura ou um criado da dramaturgia do destino/determinismo, ou seja, o
ponto culminante de sua trajetória é a entrega à morte, supostamente sem mais
nenhum medo, sem mais nenhuma ilusão relativa à vida ou com total ceticismo em
relação à vida e com a crença de ter cumprido seu dever e de vir a satisfazer
uma enorme curiosidade com a entrega à morte imortal, com a entrega à imortalidade
da morte, quer dizer, com a realização da suposta superação da condição inicial
que o fez escravo, o medo da morte, portanto, o vir a ser senhor é realizado
efetivamente como entrega à morte.
Por outro lado, a
libertação do escravo do senhor se faz por meio da escravização do senhor ao
determinismo da necessidade, quer dizer, depois que o escravo, dominando o
trabalho e os meios de produção, impõe ao senhor o imperativo da submissão de
sua força humana à necessidade de trabalhar, ou seja, reduz o senhor a simples
força humana de trabalho. Aquele senhor que por não temer a morte fez de quem a
teme escravo e que, precisamente, por não temer a morte se lançou na luta e/ou
no drama com a dramaturgia do acaso permanece contando apenas com
sua simples força humana natural, mas, agora, em lugar de lutar com outras
forças humanas naturais, ele se encontra em luta com a necessidade de trabalhar
que é imposta a ele por um maquinismo mecânico, por um mecanicismo maquinal
que, cada vez mais, o reduz à irrelevância. Porém, ele permanece uma força
humana natural que luta sem temer a morte, mas que, agora, sente e vivencia
algo que se acrescentou à sua força humana natural que é o trabalho, portanto,
passou a se perceber naturalmente como algo social que foi o se perceber como
força humana de trabalho. Ele se encontra ainda na dramaturgia do acaso de modo que pode encontrar
nessa nova configuração, que acrescentou socialmente o trabalho à sua natureza,
ora a casualidade da oferta de trabalho, ora a vontade da procura de trabalho.
E esta nova configuração da dramaturgia do acaso vivida pelo senhor, que se
tornou escravo, que luta destemidamente como força humana natural de trabalho, é
uma dramaturgia do acaso dominada pela dramaturgia do determinismo, ou seja, o mercado, que, supostamente, criou o acaso da oferta e da procura de trabalho, na
verdade, é regido pelo determinismo do mecanicismo da ação e reação de
força igual e contrária, ou seja, supostamente,
a troca de mercadorias é uma troca igual duma ação/atividade de força de trabalho
por outra ação/atividade de força de trabalho igual e contrária, porém, ainda
que seja efetivamente uma troca igual de forças iguais e contrárias, na
realidade, ocorre uma desigualdade nas trocas das mercadorias porque uma parte
considerável das forças iguais e contrárias se acumula nas mãos dos que se
assenhorearam das fontes da vida por meio do senhorio do trabalho e dos meios
de produção, ou seja, porque uma parte considerável e significativa das forças
humanas naturais de trabalho dos senhores escravizados são extraídas de forma
excessiva e jamais são devolvidas a eles. Desse modo, os destemidos senhores - que se entregam aos usos dos seus excessos de forças naturais humanas e, por
isso mesmo, por seus excessos de energia, se tornam senhores -, agora, ao se
entregarem aos usos dos seus excessos de forças naturais humanas de trabalho se
tornam escravos.
Forma alternativa:
Demócrito para descobrir novas
etiologias andou por todo o mundo de sua época e conheceu as mais diversas
artes, ciências e ofícios porque aprendeu com os mestres mais diversos se
tornando um homem culto, erudito, ou seja, Demócrito constituiu, com sua
atividade como “necessidade relativa” de saber, “como determinismo, a necessidade relativa” do conhecimento que “só pode ser deduzida da possibilidade
real” duma etiologia conhecida por mestres determinados, “o que quer dizer que
é um encadeamento de condições, de causas, de razões etc.” [e também de viagens
para aprender com os mestres] “que mediatiza esta necessidade. A possibilidade
real” dum mecanicismo/maquinismo “é a explicação da necessidade relativa”.
Demócrito é o homem culto e erudito que por meio do trabalho acumulou e trocou
conhecimentos, experiências, observações e maneiras e meios de produzir, ou
seja, ele desenvolveu um modo de ser senhor do trabalho e dos meios de produção
que foi o mais genuíno produto do seu determinismo: o mecanicismo/o maquinismo.
Na dialética do senhor e do escravo, o feito de Demócrito é atribuído àquele
que se tornou escravo por medo da morte ou, na linguagem de Demócrito, por
necessidade relativa de sobreviver e que, por meio do domínio do trabalho e dos
meios de produção, se torna senhor que acaba por escravizar o senhor, já que
este não tem mais como acessar as fontes naturais da vida a não ser por meio
dos produtos que estão sob domínio do novo senhor do trabalho e dos meios de
produção. Logo, o antigo senhor que, com seu excesso de força natural humana,
não temia a morte e se lançava com coragem na luta com os demais e se tornava
senhor, porque estes últimos com medo da morte desistiam da luta e se submetiam
ao corajoso senhor sem medo da morte, vem a se tornar escravo do novo senhor do
trabalho e dos meios de produção por querer acesso não só aos novos produtos
mas, especialmente, às fontes da vida das quais o antigo escravo se assenhoreou
por meio do trabalho e dos meios de produção.
Como se coloca o momento da dramaturgia para
Epicuro? Como Epicuro considera que, por um lado, existem umas coisas que são casuais e,
por outro lado, outras que dependem da nossa vontade, ele faz
com que a relação entre o mundo e o eu seja instável e sujeita à mudança do
espaço-tempo, bem como contrária e oposta a uma relação inflexível e sujeita à
imutabilidade do espaço-tempo. Não há nada pré-estabelecido, nem destino, nem
direito, nem providência nem mesmo a criação do mundo. Não havendo nada
pré-determinado e tudo ocorrendo por acaso, então, é a liberdade que aparece na dramaturgia de
Epicuro. E, significativamente, talvez, seja a mesma liberdade daquela força
natural humana que não teme a morte e se lança com coragem no acaso da luta com
as demais forças naturais humanas e, assim, vem a ser senhor dos demais por não
se dobrar nem reconhecer o determinismo de nenhuma necessidade, nem mesmo a de
viver, porque só conhece o acaso e a liberdade de viver.
“Uma vez mais Epicuro está em direta
oposição a Demócrito. O acaso é uma realidade que só tem valor de
possibilidade, mas a possibilidade abstrata é justamente o
antípoda da possibilidade real. Esta última está encerrada dentro de limites
rigorosos, como o entendimento; a primeira é ilimitada como a imaginação (Phantasie).
A possibilidade real procura fundamentar a necessidade e a realidade efetiva de
seu objeto (Objekt); a possibilidade abstrata não se ocupa do objeto que
é explicado, mas do sujeito que explica. O objeto (Gegenstand) deve
somente ser possível, pensável. O que é possível segundo a possibilidade
abstrata, o que pode ser pensado, isto não se levanta no caminho do sujeito
pensante, isto não é para ele um limite nem um tropeço. Pouco importa que esta
possibilidade seja igualmente real, porque o interesse não se dirige aqui para
o objeto do entendimento como objeto do entendimento (Gegenstand).
“É por isso que Epicuro procede com uma
indolência sem limite na explicação dos diversos fenômenos físicos.
“A carta a Pytoclès, que nós
examinaremos mais adiante, esclarecerá este ponto. Que me seja suficiente aqui
atrair a atenção para sua atitude a respeito das opiniões dos físicos
anteriores. Nas passagens nas quais o autor do De placitis
philosophorum e Stobée citam as diversas opiniões dos filósofos sobre
a substância dos astros, a grandeza e a figura do sol, etc. é sempre dito de
Epicuro: ele não rejeita nenhuma dessas opiniões, todas podem ser
verdadeiras, porque, segundo eles, Epicuro se atém ao possível. Ainda
mais, Epicuro polemiza contra o modo de explicação pela possibilidade real que
determina segundo o entendimento e é então, justamente por isto, unilateral.
“ É assim que Sêneca declara nas suas Quaestiones naturales:
‘Epicuro afirma que todas as causas podem ser e tenta além disso diversas
outras explicações; ele censura aqueles que pretendem que entre todas estas
causas é uma determinada que tem lugar, porque para ele é uma temeridade
estabelecer um juízo apodítico sobre aquilo que só pode ser deduzido de
conjecturas.
“A gente vê aqui que ele não tem nenhum
interesse em pesquisar as causas reais dos objetos (Objekte). Só cuida
de um apaziguamento do sujeito que explica. Pelo fato de que todo o possível é
admitido como possível, o que responde ao caráter da possibilidade abstrata,
fica evidente que o acaso de ser é pura e simplesmente
traduzido pelo acaso do pensamento. A única regra prescrita por
Epicuro, ‘que a explicação não deve ser contradita pela
percepção sensível’, se compreende em si; com efeito, justamente o próprio do
possível abstrato é ser livre de toda contradição, a qual deve, por isso, ser
prevenida. Epicuro quer, no fim de contas, que seu modo de explicação só tenha
por finalidade a ataraxia da consciência de si e
não o reconhecimento da natureza em si e para si.”
Epicuro não se volta para a
possibilidade real, quer dizer, não se comporta como Demócrito que está voltado
para o conhecimento das coisas reais e particulares, quer dizer, que podem ser
rigorosamente delimitadas e compreendidas, não se volta para o mundo das
necessidades relativas como o faz Demócrito, quer dizer, não se ocupa com a
necessidade disso e daquilo para poder sobreviver. Pelo contrário, ele se volta
para a possibilidade abstrata, quer dizer, se comporta como quem se volta para
o conhecimento das coisas imaginárias e universais, quer dizer, das coisas que
não podem ser rigorosamente delimitadas nem compreendidas, se volta para o
mundo absoluto do acaso e da liberdade, quer dizer, se ocupa com o acaso das
conjecturas abstratamente possíveis a respeito dos astros e do universo
astronômico. Mais ainda, com esta sua dedicação às coisas imaginárias e universais
que não podem ser rigorosamente delimitadas nem compreendidas e, portanto,
conhecidas, ele se comporta como quem desiste dum conhecimento natural e
objetivo por só se ocupar verdadeiramente com o conhecimento humano e subjetivo
da “ataraxia de si”, por só se ocupar com o conhecimento/a fruição humana e
subjetiva do “apaziguamento do sujeito” humano. Noutras palavras, Epicuro
parece levantar um muro e/ou uma interdição completa para o conhecimento
natural e objetivo, real e particular para se dedicar à abertura dum horizonte
e/ou duma liberdade completa para o conhecimento humano e subjetivo, imaginário
e universal. E ele praticou isso desenvolvendo o seu jardim, pois era lá, no
famoso Jardim da Amizade e do Prazer de Epicuro, que ele praticava a sua filosofia.
Epicuro socorreu seus concidadãos com produtos do seu jardim, quando Atenas
esteve sob cerco militar, portanto, seu jardim era produtivo. Na entrada do seu
jardim estava anunciado que o viajante poderia encontrar ali abrigo, pão, água
limpa e conversação saudável. Epicuro se gabava de viver bebendo água e comendo
pedaços de pão e de só raramente beber vinho e comer iguarias refinadas ao
festejar na companhia dos amigos. Segundo sua filosofia, com isso não estava
passando necessidade e sim domando a necessidade, admitia e também praticava
jejuns. De certo modo, ele preparava a sua força natural humana para resistir à
necessidade e lutar contra a necessidade, ou seja, era como se ensinasse a
fazer greve e a lutar contra a exploração mecanicista da força natural humana
de trabalho. Ele libertou seus escravos e com eles praticou a sua filosofia de
chegar à sabedoria prática ou à prática da sabedoria do conhecimento humano e
subjetivo, imaginário e universal da amizade e do prazer. Epicuro exaltava o
saber autodidata, quer dizer, o saber humano e subjetivo, mas este também era o
do cultivo do seu jardim da amizade e do prazer, quer dizer, do cultivo das
mais diversas plantas nativas de Atenas e da Grécia e das demais trazidas pelos
viajantes que eram hóspedes no seu jardim, além disso, Epicuro e seus amigos
epicuristas cultivavam a publicação de livros pelo seu jardim como
desenvolvimento e expressão do saber autodidata dos epicuristas.
A força natural humana, do corajoso
senhor que não teme a morte e se lança na luta ao acaso e livremente, parece ser
retomada por Epicuro como força natural humana de trabalho que, aprendendo a se
acorrentar às fontes da vida, constituindo um jardim, reafirma o acaso à maneira
de “Prometeu”, ou seja, sem temer estar acorrentado e sofrendo os ataques da
necessidade inflexível, imposta pelos deuses imortais, quer dizer, pela morte
imortal ou pela imortalidade da morte, permanece ali firme e anunciando a vinda
do seu libertador, “Herácles”, o semideus do trabalho, que tornará possível a
realização efetiva da libertação e do desejo de “Prometeu” que é o acaso
instável ou a liberdade da vida mortal dos humanos, quer dizer, o seu desejo da
vida mortal ou pela mortalidade da vida. Noutras palavras, Epicuro parece o
senhor que, depois de ser acorrentado, quer dizer, depois de ter sua força
natural humana acorrentada e explorada, como força natural humana de trabalho, pelo escravo que se assenhoreou das fontes da vida, aprendeu a garantir e a
manter as fontes da vida para si, portanto, aprendeu a se manter senhor
comunitário das fontes da vida e a lutar ao acaso e livremente com a sua força
natural humana de trabalho pela coragem da vida, pela coragem de viver, pela
coragem da vida mortal humana e contra a morte imortal divina.
Desse modo, as dramaturgias de Demócrito e de Epicuro, tais quais a dramaturgia da burguesia capitalista e a dramaturgia do proletariado comunista, lutam entre si. Uma, tal qual a figura mítica de Édipo, pelo estruturalismo determinista (linhas retas/reacionárias) da morte imortal, e a outra, tal qual a figura mítica de Prometeu, pelo conjunturalismo ao acaso (linhas curvas/revolucionárias) da vida mortal.
Desse modo, as dramaturgias de Demócrito e de Epicuro, tais quais a dramaturgia da burguesia capitalista e a dramaturgia do proletariado comunista, lutam entre si. Uma, tal qual a figura mítica de Édipo, pelo estruturalismo determinista (linhas retas/reacionárias) da morte imortal, e a outra, tal qual a figura mítica de Prometeu, pelo conjunturalismo ao acaso (linhas curvas/revolucionárias) da vida mortal.
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21/02/2016
21/02/2016
Os diálogos impossíveis são aqueles que acabam se configurando
como impasses, como polêmicas e, infelizmente, até mesmo, como guerras entre os
“dialogantes”. E os diálogos são impossíveis porque os mal-entendidos são
completos e, muitas vezes, os dialogantes parecem se entender porque usam as
mesmas palavras, as mesmas ideias, as mesmas noções, os mesmos conceitos, então
se torna algo incompreensível verificar que dois dialogantes usando os mesmos
conceitos não se compreendam.
Foi isso que Marx estudou na sua tese sobre Demócrito e Epicuro e é isso que vemos ocorrer na polêmica da física teórica recente entre os partidários da teoria dos quanta (Bohr, Heisenberg etc.) e o partidário da teoria do campo unificado (Einstein.). É também isso que Marx mostra ocorrer entre os partidários da emancipação política e da emancipação humana, entre a classe burguesa e a classe proletária.
Mas isso acaba sendo uma outra história porque antes de tudo, quer dizer, antes de se mostrar como uso dos mesmos conceitos, estes exemplos mostram que a diferença no uso dos conceitos é a diferença entre os sujeitos que fazem uso deles: O sujeito Demócrito versus o sujeito Epicuro, os sujeitos Bohr, Heisenberg etc. versus o sujeito Einstein, a classe capitalista versus a classe trabalhadora.
Foi isso que Marx estudou na sua tese sobre Demócrito e Epicuro e é isso que vemos ocorrer na polêmica da física teórica recente entre os partidários da teoria dos quanta (Bohr, Heisenberg etc.) e o partidário da teoria do campo unificado (Einstein.). É também isso que Marx mostra ocorrer entre os partidários da emancipação política e da emancipação humana, entre a classe burguesa e a classe proletária.
Mas isso acaba sendo uma outra história porque antes de tudo, quer dizer, antes de se mostrar como uso dos mesmos conceitos, estes exemplos mostram que a diferença no uso dos conceitos é a diferença entre os sujeitos que fazem uso deles: O sujeito Demócrito versus o sujeito Epicuro, os sujeitos Bohr, Heisenberg etc. versus o sujeito Einstein, a classe capitalista versus a classe trabalhadora.
Exceto no caso de Demócrito, que estava morto quando Epicuro
vivia, nos demais exemplos os sujeitos conviveram, como ocorreu com os físicos
teóricos, e ainda convivem, como ocorre com as classes capitalista e
trabalhadora, apesar das muitas mudanças ocorridas nelas mesmas e nas relações
entre elas. Os herdeiros de Demócrito e Epicuro e da teoria dos quanta e da
teoria do campo unificado permanecem desenvolvendo o diálogo impossível, o
impasse, a polêmica e o mesmo ocorre com a classe dos capitalistas e a classe
dos trabalhadores que, apesar das mudanças pelas quais passaram, ainda não
conseguiram sair por completo do diálogo impossível, do impasse, da polêmica.
A atualidade parece afirmar que o diálogo impossível, o impasse, a
polêmica ocorre na religião e que existe um enorme crescimento da religião por
toda parte, logo, Deus está mais vivo do que nunca, ao contrário do que
disseram participantes do iluminismo, lembrados por Hegel e seguidos por
Nietzsche, filósofo que ainda está em moda na atualidade, apesar de a
atualidade negar que Deus está morto e afirmar ainda, dada as diferenças
religiosas, que, talvez, não apenas um Deus único esteja vivo, mas também os
Deuses únicos de cada um dos monoteísmos e o Deus múltiplo dos politeísmos,
quer dizer, talvez, os Deuses estejam mais vivos do que “nunca antes na
história da humanidade”.
Os nossos antepassados mais primitivos chegaram a adorar a
divindade na mulher grávida porque dela vinha a criação humana. Todos somos
oriundos de mulheres grávidas, até mesmo os bebês de proveta ainda recorrem ao
útero das mulheres para vir a nascer. Atualmente os bebês de provetas são
provenientes de óvulos e espermatozoides retirados de mulheres e homens,
respectivamente, que são fecundados em laboratório por meio das provetas e a
seguir conservados de forma adequada em baixíssimas temperaturas e, quando
necessário são retirados e transferidos para um útero com muitos cuidados para
que consigam se fixar e não sejam rejeitados/abortados por ele. Talvez, com a
nova tecnologia desenvolvida a partir das células-tronco sejam feitos não
apenas os órgãos que se queira/precise, mas também óvulos, espermatozoides e
úteros em laboratório. Talvez até venha a ser possível criar um ser humano
completo a partir dos desenvolvimentos da nova tecnologia das células-tronco.
De todo modo, essas técnicas e tecnologias da atualidade, como a da transgenia
ou manipulação dos genes do código genético, deve ser lembrada como
possível desde a descoberta do sequenciamento do código genético do DNA.
Retomando, de todo modo, todo esse conjunto de conhecimentos biotecnológicos
atuais lembram o mito e atividade de Prometeu de criar um ser a partir da
fertilidade ou do húmus (óvulo) da Terra e da energia luminosa ou
da centelha (espermatozoide) do Céu. Este poder de criar um ser “à sua imagem e
semelhança”, como se diz, na Bíblia, da atividade criativa de Deus, parece ser
cada vez mais realidade efetiva e, talvez, precisamente, por isso, Nietzsche, o
filósofo que, além de lembrar que a maioria ainda não ouviu a novidade: “Deus
está morto!”, também defende a criação pelo humano do super-humano, quer dizer,
reivindica aberta e claramente a prática da atividade prometeica de criação de
um novo ser humano que é o ser super-humano.
Quem, na atualidade, quer criar ou recriar a religiosidade das
religiões, quer dizer, Deus vivo e/ou Deuses vivos, desde que não sejam o deus
e/ou os deuses vivos da tecnologia do conhecimento humano/da ciência humana.
Quem quer o retorno das religiões?! Quem incentivou por todo lado esse
movimento religioso que, por exemplo, no Brasil, fechou inúmeras salas de
cinema e no seu lugar abriu templos das novas religiosidades?! Quem fez isso?!
Deus?! Em 1979 chegou ao poder no Irã o Islamismo xiita e a Margareth Thatcher anunciava
que o neoliberalismo tinha chegado ao poder na Inglaterra. Em seguida, ao se
tornar presidente, Ronald Reagan anunciava que o neoliberalismo também tinha
chegado ao poder nos EUA.
Que movimentos novos existiam no mundo capitalista quando anunciaram
o neoliberalismo? Existia a explosão da informática, dos negócios das bolsas
com informações em tempo real. Também existia a explosão dos microcomputadores
e seus usuários, das chamadas ONGs (Organizações Não-Governamentais), do
trabalho voluntário do 3º setor, do mercado informal, do empreendedorismo, das
igrejas evangélicas. -
[Existiam ainda outras explosões de movimentos etc., mas, é claro, que no momento, a mente seleciona aquilo que pode manter de imediato maior grau de relação com o assunto que desenvolve.]
- A ideia da internet foi previamente discutida numa empresa fornecedora do Pentágono sob encomenda do mesmo. O argumento a favor era o de ter encontrado um sistema de defesa no qual o inimigo não poderia atacar o Estado-Maior porque a organização em rede permitia a organização do Estado-Maior em rede de diferentes comandos, diferentes cabeças tal qual a organização ficcional “Hidra” do filme “Capitão América, O Primeiro Vingador”.
[Existiam ainda outras explosões de movimentos etc., mas, é claro, que no momento, a mente seleciona aquilo que pode manter de imediato maior grau de relação com o assunto que desenvolve.]
- A ideia da internet foi previamente discutida numa empresa fornecedora do Pentágono sob encomenda do mesmo. O argumento a favor era o de ter encontrado um sistema de defesa no qual o inimigo não poderia atacar o Estado-Maior porque a organização em rede permitia a organização do Estado-Maior em rede de diferentes comandos, diferentes cabeças tal qual a organização ficcional “Hidra” do filme “Capitão América, O Primeiro Vingador”.
Mas, deixemos o ficcional das histórias em quadrinhos e olhemos para
a história dos Estados Unidos e já vemos o que o seu próprio nome diz. E ele
diz que sua composição é de Estados ou ex-Colônias que estão Unidos e estas
ex-Colônias se legitimam muito a si mesmas como lugares onde a liberdade
religiosa permitiu aos protestantes, dos mais variados tipos ou, como se diz
hoje, das mais variadas denominações, organizar sua vida privada e seu culto com
total liberdade. Noutras palavras, a organização duma rede de denominações
variadas foi também a organização duma rede de propriedades privadas, ou seja,
a base organizacional maior ou o Estado-Maior das ex-Colônias Unidas ou dos
Estados Unidos era, é e, com a organização em rede dos comandos via internet,
ainda será a propriedade privada capitalista.
Concluíram que, com o novo modelo organizacional, promovido
tecnologicamente pela informática via internet, poderiam derrubar o Estadão do
“Comunismo” Russo. O neoliberalismo veio apenas oficializar a estratégia dos
EUA-Inglaterra de glorificar a propriedade privada capitalista como a Fênix que
retorna ainda mais viva com o fim do colonialismo e do Estadão Russo. Os
chineses, ao admitirem o que chamaram de “Socialismo de Mercado”, já tinham se
tornado aliados da nova estratégia, posto que o mercado só existe como troca de
produtos entre proprietários diferentes, logo, sua existência é uma condição
essencial para a continuidade da propriedade privada capitalista. Então, os
movimentos religiosos e mesmo o renascimento religioso da Igreja Ortodoxa,
depois da dissolução do Estadão Russo, encontram condições de prosperidade com
o neoliberalismo, quer dizer, com a máxima do mercado máximo e do Estado
mínimo, porque a religião encontra seu solo privado amplo no mercado, ainda que
alguns fundamentalismos, em especial os islâmicos, a queiram no poder do
Estado. Mas, mesmo aí no Islamismo, o poder do Estado Teocrático não suprime o
mercado porque o mercado é uma instituição da sociedade islâmica que,
tradicionalmente, admite os escravos como mercadoria, mas, é claro, não admite
que eles sejam proprietários privados do que quer que seja nem de si mesmos,
portanto, os escravos não podem comprar nem vender nada e menos ainda a sua
própria força humana de trabalho, como fazem os trabalhadores livres na
sociedade de mercado capitalista. -
[Será mesmo esta possibilidade que explica uma sociedade mercantil com um Estado teocrático?! Outra possibilidade não é precisamente a imposição do mercado a todos, incluindo, os escravos, ou seja, os membros da sociedade podem vir a ser escravos por dívidas não-pagas?! Esta escravidão, dos escravos por dívidas, sendo decorrente da escravidão de todos ao mercado, de modo que os fiéis são aqueles que pagam sua dívidas e os infiéis aqueles que são incapazes de pagar suas dívidas, portanto, o Estado Teocrático é o que reconhece os fiéis e condena os infiéis?! É interessante notar que a oração do Pai Nosso foi modificada pela Igreja Católica da fórmula "... perdoai as nossas dívidas como nós perdoamos aos nossos devedores..." para "... perdoai as nossas ofensas como nós perdoamos a quem nos ofendeu..." indício de uma mudança do âmbito do mercado, a qual talvez lembrasse a escravidão por dívidas, para o âmbito da injúria e difamação do direito civil nas relações sociais ou de civilidade?! Ou será que, por outro lado, houve pressão dos organismos internacionais, interessados nos pagamentos das dívidas externas e públicas, sobre a Igreja Católica?! Ou ainda, será que ao próprio Estado do Vaticano, cume do poder da Igreja Católica, passou a interessar o pagamento das dívidas para garantir a otimização do funcionamento de suas instituições financeiras?! Quem sabe as respostas?!]
- Então, o poder do Estado Teocrático Islâmico tem este caráter de Estado forte por se basear em proprietários privados de escravos, quer dizer, em proprietários privados que também são reconhecidamente privilegiados como senhores em relação aos escravos que são reconhecidamente os castigados por serem expropriados dos direitos iguais dos quais desfrutam os privilegiados por serem senhores.
[Será mesmo esta possibilidade que explica uma sociedade mercantil com um Estado teocrático?! Outra possibilidade não é precisamente a imposição do mercado a todos, incluindo, os escravos, ou seja, os membros da sociedade podem vir a ser escravos por dívidas não-pagas?! Esta escravidão, dos escravos por dívidas, sendo decorrente da escravidão de todos ao mercado, de modo que os fiéis são aqueles que pagam sua dívidas e os infiéis aqueles que são incapazes de pagar suas dívidas, portanto, o Estado Teocrático é o que reconhece os fiéis e condena os infiéis?! É interessante notar que a oração do Pai Nosso foi modificada pela Igreja Católica da fórmula "... perdoai as nossas dívidas como nós perdoamos aos nossos devedores..." para "... perdoai as nossas ofensas como nós perdoamos a quem nos ofendeu..." indício de uma mudança do âmbito do mercado, a qual talvez lembrasse a escravidão por dívidas, para o âmbito da injúria e difamação do direito civil nas relações sociais ou de civilidade?! Ou será que, por outro lado, houve pressão dos organismos internacionais, interessados nos pagamentos das dívidas externas e públicas, sobre a Igreja Católica?! Ou ainda, será que ao próprio Estado do Vaticano, cume do poder da Igreja Católica, passou a interessar o pagamento das dívidas para garantir a otimização do funcionamento de suas instituições financeiras?! Quem sabe as respostas?!]
- Então, o poder do Estado Teocrático Islâmico tem este caráter de Estado forte por se basear em proprietários privados de escravos, quer dizer, em proprietários privados que também são reconhecidamente privilegiados como senhores em relação aos escravos que são reconhecidamente os castigados por serem expropriados dos direitos iguais dos quais desfrutam os privilegiados por serem senhores.
Se o Deus que está vivo é o “Deus mercado”, quer dizer, aquele
Deus que habita cada um como proprietário privado de propriedade privada,
então, ele também é aquele “Deus centelha prometeica”, logo, ele é tanto o
“Deus vivo das religiões” quanto o “Deus vivo da biotecnologia e da filosofia
do super-humano”, portanto, é tanto o Deus das religiões que, segundo estes
últimos, “está morto” quanto é o Deus biotecnológico e filosófico que vive e
cria nesses últimos e é criado por esses últimos.
Depois disso, algum diálogo é possível?!
O que é considerado divino em primeiro lugar é a criação do mundo,
dos seres vivos e, em especial, do ser humano, por isso que a mulher grávida
foi considerada uma divindade. Mais tarde, os humanos descobriram que as
mulheres ficavam grávidas depois de semeadas pelos homens durante as relações
sexuais. Mas, as relações sexuais são decorrentes antes de tudo do desejo que
se apossa dos humanos como um transe, como a vontade de um outro muito poderoso
ou como o poder de um desejo irresistível que leva às relações sexuais dos
humanos. De onde vem este poder que subjuga o sujeito a seu desejo ou de onde
vem este desejo que subjuga o sujeito a seu poder? De onde vem este desejo ou
poder que faz do sujeito seu objeto e, assim, se afirma como verdadeiro sujeito
ou, pelo menos, imediatamente como sujeito superior ao próprio sujeito?! Quando
desse desejo resultam relações heterossexuais que originam nova(s) vida(s)
humana(s), então os humanos atribuem este poder à natureza animal que
compartilham com os demais animais da natureza, mas, como também atribuem o
poder criador da natureza ao poder criador de Deus, então os humanos também
atribuem este poder à natureza divina, a Deus. Porém, os humanos começam a se
perguntar se o poder escravizante do desejo vem de Deus ou vem do demônio.
Assim, por exemplo, na Bíblia, tudo parece indicar que o fruto, da árvore do
conhecimento bem e do mal, que Deus havia proibido Adão e Eva de comer, foi
provado por Eva devido à tentação do demônio e foi ela quem, “depois de
possuída pelo demônio”, fez Adão provar tentando-o. Depois disso Deus expulsa
Adão e Eva do paraíso e os condena a viver do suor de seu rosto. O suor do
corpo ocorre durante a relação sexual e não apenas quando o humano trabalha, se
exercita e se expõe a altas temperaturas. O corpo do homem perde espermatozoide
para o óvulo do corpo da mulher, então o corpo do homem parece perder mais
energia que o corpo da mulher que parece ganhar energia. De modo similar se diz
que a energia da força humana de trabalho é expropriada pelos meios de produção
que dela se apropriam, mas também se desgastam um pouco quando a transferem
para os produtos. O conhecimento do bem e do mal também é o conhecimento da
transferência do bem da energia da vida por meio da aquisição do mal da
mortificação da energia da vida. A Bíblia confirma isso ao usar o termo conhecimento
como sinônimo de relação sexual fecundante entre homem e mulher.
O suor do corpo, seja pelas atividades sexuais, seja pelos
exercícios físicos, seja pelas atividades de trabalho, também promove a
vitalidade, a saúde, a autoestima, aliás, dizem que “o trabalho dignifica”.
Existe aquele suor do corpo ao fim duma relação sexual que faz o sujeito cair
no sono, mas também existe o suor do corpo ao fim de uma relação sexual que faz
o sujeito despertar e levantar-se esbanjando energia e contentamento. E este
último, infelizmente mais raro, é aquele que mostra claramente que a
sexualidade é vital e orgânica, é um prazer denominado orgasmo por meio do qual
a vida do sujeito se renova, como um corpo que abandona sua velha forma por
adquirir nova forma. O mesmo se passa com os exercícios físicos. O suor oriundo
dos exercícios físicos não se limita a eliminar ou consumir a energia do corpo
desgastando-o e sim faz mais ainda porque desenvolve o corpo com este desgaste
aperfeiçoando tanto sua forma quanto seu conteúdo de modo que ele funciona de
modo muito mais completo suando com os exercícios. Algo similar se passa com o
trabalho que não promove apenas um suor que desgasta o corpo, mas também um
suor que liberta e energiza o corpo, de modo que o suor do corpo que trabalha
não é apenas um suor do corpo escravizado pelo tempo de trabalho, mas também é
um suor do corpo libertado pelo tempo livre, ou seja, a atividade de trabalho
não se limita a satisfazer uma necessidade corporal mas também está focada em
satisfazer uma capacidade corporal, portanto, a atividade de trabalho não está
voltada apenas para satisfazer a falta se aprisionando no tempo de trabalho e
também está voltada para usufruir o pleno se concretizando no tempo de
liberdade.
A condenação de sair do paraíso para ganhar a vida com o suor do
rosto é também a condenação de sair da menoridade sob tutela de Deus para
ganhar a maioridade fazendo uso próprio/autônomo de si mesmo. O iluminismo está
presente na Bíblia e, talvez, por isso, aqueles que dizem se relacionar
diretamente com a palavra de Deus, quer dizer, que dizem se relacionar com Deus
lendo diretamente a Bíblia, façam tanto sucesso na atualidade com o “boom” das
igrejas evangélicas, ou seja, eles se situam no mesmo terreno da atualidade que
promove o empreendedorismo, o trabalho e o mercado informais, mesmo o trabalho
voluntário, quer dizer, se situam no mesmo terreno que argumenta ser liberal ou
neoliberal por defender o livre uso de si mesmo ou o uso próprio/o uso
autônomo de si mesmo, enfim, por também defender que se ganhe a vida com o suor
do próprio rosto.
Mas, a partir daí considerar que Deus está mais vivo do que nunca
antes na história da humanidade não é confundir a vivência maior da
religiosidade e da religião com o viver de Deus?! Afinal, tudo indica que Deus
não só expulsou a humanidade do paraíso como também parou de falar com os
humanos como fazia na época do Antigo Testamento. Então, parece que Deus como
tutor ou pai fez de tudo para que seus filhos humanos andassem e vivessem
fazendo uso de seus próprios pés, pernas e corpo; fez de tudo para não ser mais
um Deus vivo e em convivência com a humanidade e fez sim de tudo para ser um
Deus morto cultivado pela religiosidade da humanidade como origem e fundamento
da liberdade humana.
Os que assumem o ato de Deus não só de expulsar do paraíso, mas de ir
de ruptura em ruptura, até o corte total do cordão umbilical, não são, por isso
mesmo, mais coerentes e fiéis a Deus?! Quando dizem que Deus está morto, não
estão assumindo de maneira precisa o ato de Deus de não mais tutelar?! Não é o
mesmo que ocorre no atomismo epicurista quando promove a dissolução ou
destruição do atomismo para que o princípio verdadeiro venha a ser o livre uso
de si próprio da consciência humana de si ou a liberdade da consciência humana
de si de usar a si próprio, logo, de fazer uso do suor do próprio rosto?!
Diálogo?!?!?!
Faz algum tempo, ao que parece, desde a Segunda Guerra Mundial, que, por meio da crença em seres extraterrestres, teve início a reabilitação de uma relação com um Deus vivo, já que ele poderia ser um astronauta extraterrestre. Se isso parece uma reabilitação ou recuperação da antiga relação direta com um Deus vivo, ao mesmo tempo parece um golpe de morte no antigo Deus vivo, posto que sua divindade nada mais seria do que resultado de um maior desenvolvimento tecnológico, logo, resultado da mesma capacidade humana de usar a centelha do trabalho e com ela se desenvolver.
Hoje, ao que parece, muitos acreditam que o Deus vivo é um ser extraterrestre capaz de usar uma tecnologia Big Brother muito mais poderosa e completa do que a usada num Reality Show ou do que a usada pela NSA para controlar a internet, celulares, telefones etc. Muito acreditam, enfim, que o Deus vivo é um ser vivo que toma conta de toda a humanidade. Essa crença convive com uma outra crença que faz do Deus vivo aquilo que existe de comum e essencial entre Deus como ser vivo e os humanos como seres vivos que são filhos e obra de Deus e que é precisamente a presença da mesma centelha do divino trabalho no cerne da capacidade humana. -
[Não é aí nesse eterno viver sob tutela/vigilância/cuidados de Deus que se encontra a justificação para a eternização do Estado, do tutor e vigilante que cuida e tudo supervisiona, ainda que interfira minimamente?!]
[Não é aí nesse eterno viver sob tutela/vigilância/cuidados de Deus que se encontra a justificação para a eternização do Estado, do tutor e vigilante que cuida e tudo supervisiona, ainda que interfira minimamente?!]
- Porém, o problema é que tanto num caso, onde Deus é um ser vivo objetivo e habitando na realidade fora de nós, quanto no outro, onde Deus é um ser vivo subjetivo e habitante da realidade dentro de nós, a essência de Deus é a mesma: A divina criatividade do trabalho, a divina criatividade física, a divina criatividade sexual. Noutras palavras, Deus não é diferente do ser humano, exceto por sua maior potência, maior capacidade, por sua superioridade, quer dizer, por ser super, super-humano. Então, Deus é o objetivo do ser humano que teria por finalidade vir a ser e se realizar e satisfazer como super-humano?!
No entanto, a realidade é que o ser humano vive efetivamente entre o animal e o super-homem, entre ser simples objeto natural como todos os seres da Natureza, quer dizer, como todos os seres criados pelo criador/Deus, e ser um pouco mais, do que um simples objeto natural, na forma de um ser que participa como simples sujeito da divindade do Criador/Deus. O ser humano se situa entre o animal, a coisa em si/o isso/o isto/Id, o inconsciente e o super-homem, a coisa em si na coisa para si/a super-consciência, o superego, ou seja, o ser humano não vive no passado imemorial que guarda todos os tesouros de todos os tempos nem no futuro que usufrui dos tesouros para além de todos os tempos, mas vive sim no presente da percepção/atividade sensivelmente humana, da coisa para si/da consciência de si, do ego que só dispõe de seu tempo, de sua época, de sua presença.
No creo en diálogos impossibles, pero que los hay, los hay!!!
O no los hay?!?!?!
Quando se diz que “o ser precede a consciência” e que “assim como não se deve julgar um indivíduo pela consciência que ele faz de si tampouco se deve julgar uma época por sua consciência de si” também se diz que o indivíduo e a época devem ser julgados por seus seres e, portanto, que a consciência julgadora é uma consciência do ser do indivíduo ou da época. Mas, como é possível uma consciência do ser do indivíduo ou da época que não seja igualmente precedida pelo ser do indivíduo ou da época?! Quer dizer, como é possível uma consciência do ser que a precede que não seja consciência de si ou do ser que a precede?!
A interpretação disso então costuma ser e tem sido a
seguinte. O conhecimento e o julgamento permanecem sendo feitos pela
consciência de si, a qual, por sua vez, por suspeitar de si mesma ou por
suspeitar da consciência de si, recorre para conhecer e julgar aos materiais do
ser e às materializações ou aos atos do ser e não às suas ideias nem às
idealizações ou às abstrações da consciência.
Porém, quem conhece e julga desse modo “materialista” também
afirma que o resultado desse conhecimento e julgamento diretamente material são
“um certo número de relações gerais abstratas” ou de “noções simples –
trabalho, divisão do trabalho, necessidade, valor de troca -”, ou seja, o
resultado desse conhecimento e julgamento são ideias ou abstrações da
consciência de si que são consideradas como tendo sido extraídas do ser
material como princípios da materialidade do ser. É a partir destas abstrações
do ser material que a consciência de si vai desenvolver sua própria atividade
consciente de si como sendo atividade consciente do ser materializado nas
abstrações ou princípios extraídos da materialidade do ser, ou seja, é a partir
daí que a consciência de si deixa de ser suspeita e se torna aceita como fonte
do conhecimento e do julgamento por se desenvolver a partir das ideias,
abstrações ou princípios expropriados do ser material, portanto, a consciência
de si não é considerada aí como consciência que o indivíduo ou a época faz de
si e sim como conhecimento/julgamento que o indivíduo ou a época faz do seu
ser.
Através do conhecimento direto e sistemático do ser material
se chega às ideias ou abstrações do ser material e, em seguida, por meio do
desenvolvimento sistemático e direto das ideias ou abstrações do ser material
se chega às materializações ou concretizações do ser material no pensamento,
quer dizer, se chega à consciência de si do ser material ou ao conhecimento
fiel e digno do ser material, logo, à superação da ideia ou conceito que a consciência
do indivíduo ou da época faz de si.
O no los hay?!?!?!
Quando se diz que “o ser precede a consciência” e que “assim como não se deve julgar um indivíduo pela consciência que ele faz de si tampouco se deve julgar uma época por sua consciência de si” também se diz que o indivíduo e a época devem ser julgados por seus seres e, portanto, que a consciência julgadora é uma consciência do ser do indivíduo ou da época. Mas, como é possível uma consciência do ser do indivíduo ou da época que não seja igualmente precedida pelo ser do indivíduo ou da época?! Quer dizer, como é possível uma consciência do ser que a precede que não seja consciência de si ou do ser que a precede?!
Sendo sempre a consciência que conhece e julga, então como é
possível conhecer e julgar sem ser pela consciência de si, posto que a
consciência, seja do que for, é sempre fundamentalmente consciência de si e a
consciência de si é sempre posterior ao ser que a precede e origina?!
Então, quem faz a distinção entre o ser que precede a consciência
e a consciência que sucede o ser permanece sendo a consciência que, ao se
colocar sob suspeita, suspende o conhecimento de si mesma e se lança no
conhecimento do ser material. Dessa atividade resulta a dissolução da
concretude do ser material e a permanência do abstraído do ser material, quer
dizer, resulta não o conhecimento do ser material e sim a consciência do ser
imaterial, melhor, resulta a consciência das ideias ou das abstrações do ser,
logo, resulta a consciência do ser abstrato, portanto, resta, da atividade de
conhecimento do ser material, a consciência de si ou do ser abstrato. Agora que
a consciência de si através do conhecimento do ser material chegou ao ser
abstrato ou ao ser consciente de si, quer dizer, chegou a si mesma como ser e
não meramente como consciência, agora é que começa o trabalho de conhecimento
científico da consciência de si, posto que a partir de agora ela começa a
sistematizar e desenvolver o ser abstrato até que ele se concretize no
pensamento ou se materialize na consciência de si como ser ou até que o ser se materialize
ou concretize na consciência de si.
O conhecimento científico então só ocorre quando
supostamente é o ser material quem desenvolve na consciência o conhecimento de
si, logo, o conhecimento ainda não é científico quando é a consciência quem
desenvolve o conhecimento do ser material fora de si como consciência abstrata
do ser fora de si, portanto, o conhecimento ainda não é científico quando é
conhecimento do outro fora de si (para si) e é considerado científico quando é
conhecimento do outro dentro de si (em si). Donde se conclui que só é
científico o autoconhecimento, portanto, como o “ser precede a consciência de
si” só é científica “a consciência de si que sucede o ser”. Em todo caso, se
trata sempre, em ambos momentos, da consciência de si e o conhecimento do ser
só pode ser autoconhecimento da consciência de si do seu ser em si.
Possible!!! No???
sábado, 20 de fevereiro de 2016
Mercantilismo-conquista-método na economia-Édipo versus capitalismo-colônia-método na economia-Prometeu
O mercantilismo se diferencia do capitalismo propriamente dito por se ater ao consumo de mercadorias ou ao acúmulo de meios de consumo para a compra e venda de mercadorias, quer dizer, ao acúmulo de meios para o aumento do consumo de mercadorias via compra e venda de mercadorias. Já o capitalismo propriamente dito está focado na produção de mercadorias ou no acúmulo de meios de produção para a compra e venda de mercadorias, logo, por se ater ao aumento da produção de mercadorias para a compra e venda.
Os mercantilistas como “os economistas do século XVII, por exemplo, partem sempre do
todo vivo: a população, a nação, o Estado, vários Estados, etc.; no entanto,
acabam sempre por descobrir, mediante a análise, um certo número de relações
gerais abstratas determinantes, tais como a divisão do trabalho, o dinheiro, o
valor, etc.”
[ver https://www.marxists.org/portugues/marx/1859/contcriteconpoli/introducao.htm, http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAnW8AD/metodo-economia-politica]
Para eles, a população, a nação e o Estado constituem as bases para suas conquistas de várias populações, nações e Estados, mas, no processo de conquista eles percebem que uma divisão do trabalho entre conquistados e conquistadores permite que estes últimos acumulem dinheiro, valor, quer dizer, ouro e prata que permite um maior poder mercantil na compra e na venda de mercadorias.
[ver https://www.marxists.org/portugues/marx/1859/contcriteconpoli/introducao.htm, http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAnW8AD/metodo-economia-politica]
Para eles, a população, a nação e o Estado constituem as bases para suas conquistas de várias populações, nações e Estados, mas, no processo de conquista eles percebem que uma divisão do trabalho entre conquistados e conquistadores permite que estes últimos acumulem dinheiro, valor, quer dizer, ouro e prata que permite um maior poder mercantil na compra e na venda de mercadorias.
Os capitalistas
propriamente ditos são como os economistas do século XVIII em diante “que,
partindo de noções simples – trabalho, divisão do trabalho, necessidade, valor
de troca – se elevam até o Estado, à troca entre nações, ao mercado universal.”
Para eles, as “noções simples – trabalho, divisão do trabalho, necessidade,
valor de troca –” são as bases das suas “colônias/indústrias” que os “elevam
até o Estado, à troca entre nações, ao mercado universal”, porque eles percebem
que no processo de produção (indústria/colônia) de mercadorias existe um domínio/um
poder que subjuga e transfere ouro e prata, dinheiro e valor das mãos dos
mercantilistas para as suas mãos capitalistas.
Podemos ver algo
semelhante na atividade de Édipo. Ele ouviu numa festa um conviva dizer que era
bastardo e consultou o oráculo que disse que estava destinado a matar o pai,
casar com a mãe e originar uma prole abominável. Fugindo desta predição saiu de
Corinto para fazer seu destino. Na conquista do seu destino ele mata um velho
arrogante que encontra no caminho (que depois vem a saber que é seu pai),
decifra o enigma da Esfinge e, com isso, ganha o trono e casa com a rainha de
Tebas, que estava viúva (depois vem a saber que é sua mãe), tendo filhos com
ela e, finalmente, ouvindo do oráculo que o problema, da Peste de Tebas, era a
impunidade do assassino do antigo rei, depois de condenar o culpado ao exílio,
parte para a investigação até descobrir que o culpado era ele próprio e que,
além de assassino, também era culpado de incesto com sua mãe. Sai em exílio até
encontrar seu túmulo em lugar sagrado e secreto em Colona, nos arredores de
Atenas.
O que há nisso de
semelhante com o mercantilismo?!
O que parece
semelhante é o começar por um todo vivo. É o começar indagando sobre a
população, a nação, o Estado, vários Estados, quer dizer, é Édipo começar
consultando o oráculo sobre a acusação de ser bastardo, quer dizer, começar
indagando sobre si mesmo como população ou nascido, nação ou a mãe do nascido,
Estado ou o pai do nascido, vários Estados ou várias possibilidades de fuga
para fazer seu próprio destino. E o que também parece semelhante é o terminar
com “um certo número de relações gerais abstratas determinantes”, quer dizer,
com um túmulo secreto e sagrado tal qual um tesouro no qual se guarda dinheiro
e valor ou ouro e prata, melhor, no qual se guarda Édipo morto, o mercantilista
morto, o economista morto.
De igual modo
podemos ver algo semelhante na atividade de Prometeu. Ele quis criar um novo
ser e se lançou na atividade de dar forma ao húmus da Terra, quer dizer, se
lançou na atividade de dar forma à fertilidade (húmus) da Terra e, em seguida, extraiu
uma centelha do Céu e a deu, como conteúdo, para a forma fértil ou humana da
Terra e foi desse modo que completou sua obra criativa, porque a partir daí a
sua criatura deixou de depender do seu criador e passou a criar a si mesma de
forma livre e independente do criador. Mas, é por isso que, por ordem de Zeus,
Prometeu é acorrentado a uma rocha, tem seu fígado devorado todos os dias por
uma águia e é lançado de um abismo nas profundezas do inferno. Finalmente,
graças a Herácles, filho de Zeus com uma humana, logo, com uma criação de
Prometeu, consegue dobrar Zeus ao seu desejo de libertar Prometeu e Prometeu é
liberto.
O que parece
comum aos capitalistas, aos economistas do século XVIII em diante e a Prometeu
é o começar por “noções simples – trabalho, divisão do trabalho, necessidade,
troca -”, ou seja, eles começam elaborando a colônia, a indústria, o ser ou a
produção que os elevará até “ao Estado, à troca entre nações, ao mercado
universal”. Mas, para que isso se torne possível é preciso que a energia da
força humana de trabalho (Prometeu) seja extraída diariamente por um meio de
tempo de trabalho excedente (extensivo ou intensivo) que a aprisiona nas
profundezas infernais (útero) da maquinaria industrial, da colônia, da produção
ou do ser explorador. Graças à luta do proletariado (de Herácles, o herói do
trabalho e filho de Zeus) o capital (Zeus) se submete ao processo de redução
sistemática do tempo de trabalho de modo que vem a ser a energia da força
humana liberta (Prometeu) que se renova e desenvolve diariamente por meio do
tempo livre fora (do útero) da maquinaria automatizada, da colônia, da produção
ou do ser explorador. O nascimento do capitalismo se faz com Prometeu
Acorrentado e a energia da força humana de trabalho explorada pelo tempo de
trabalho da produção dentro da maquinaria industrial, já o fim do capitalismo
se faz com Prometeu Desacorrentado ou liberto e a energia da força humana
liberta fruindo o tempo livre da produção fora da maquinaria automatizada, quer
dizer, fruindo o tempo livre na comunidade livre.
Um método ou
perspectiva começa e tem por ponto de partida o conhecimento do todo vivo
concreto por meio da dúvida, da suspeita, da investigação, da especulação que, sistematizando a análise, dissolve tudo em suas partes componentes até chegar e
se satisfazer com um certo número de relações gerais abstratas determinantes ou
aos princípios para onde tudo volta e se prende.
Já o outro método
ou perspectiva tem por ponto de partida o conhecimento dum certo número de relações
gerais abstratas determinantes ou dos princípios abstratos da morte de tudo por
meio da certeza, da confiança, do trabalho, da elaboração que, sistematizando a
síntese, condensa as partes componentes num todo até chegar à constituição e à
satisfação com um todo único de múltiplas determinações ou com princípios de
onde tudo sai e se liberta.
E daí?! Para que
serve isso?! Para saber que o processo de conhecimento que parte do todo vivo e
chega aos princípios no não-ser é aquele que parte da ignorância e
desconhecimento ou inconsciência de si mesmo. E que o processo de conhecimento
que parte dos princípios no não-ser para o vir a ser do todo vivo é aquele que
parte da sabedoria e conhecimento ou consciência de si mesmo. O primeiro busca
a conquista do ser fora de si e o segundo busca a criação do ser dentro de si. A
prática do primeiro é de consumo, análise e destruição do ser fora de si para
encontrar o que habita dentro do ser em si e a prática do segundo é de
produção, síntese e criação do ser dentro si para que venha a ser o habitat e o
encontro do ser fora de si.
A teoria e
prática do primeiro processo de conhecimento é destruidora e a teoria e prática
do segundo processo de conhecimento é criadora, por isso que se diz que a
primeira se situa na esfera do consumo e que a segunda se situa na esfera da
produção. Pode-se dizer ainda que o lumpenproletariado é resultante do primeiro
processo de conhecimento que, visando a conquista do ser fora de si, abandona o
que sai de dentro de si. E que o proletariado é resultante do segundo processo
de conhecimento que, visando a criação do ser dentro de si, cultiva o que sai de
dentro de si. Um caminho parece levar do ser para o não-ser e o outro caminho parece
vir do não-ser para o ser, logo, um parece ir ao não-ser e o outro parece vir a
ser. A atividade de destruição parece ser a atividade de apenas interpretar
o mundo de forma diferente e a atividade de criação parece ser a atividade de
só mudar o mundo.
Assim
podemos dizer que a atividade filosófica, edipiana, de conquista, mercantilista
e dos primeiros economistas é a de apenas interpretar o mundo de forma
diferente. E que a atividade prática, prometeica, de criação, capitalista e dos
segundos economistas é a de apenas mudar o mundo. Sair da filosofia para a
prática é sair da coleta para o trabalho, é sair do consumo para a produção.
Existe ainda algo que confirma a posição de Marx de escolher o método dos economistas do século XVII como os portadores do verdadeiro método científico E é isso que Marx descreve muito bem no "Prefácio à Uma Contribuição à Crítica da Economia Política" onde mostra que
[ver https://www.marxists.org/portugues/marx/1859/01/prefacio.htm]
"A minha investigação desembocou no resultado de que relações jurídicas, tal como formas de Estado, não podem ser compreendidas a partir de si mesmas nem a partir do chamado desenvolvimento geral do espírito humano, mas enraízam-se, isso sim, nas relações materiais da vida, cuja totalidade Hegel, na esteira dos ingleses e franceses do século XVIII, resume sob o nome de"sociedade civil", e de que a anatomia da sociedade civil se teria de procurar, porém, na economia política."
A "sociedade civil" é a tal da "colônia" para cuja formação e desenvolvimento partem aqueles que estão de posse de "um certo número de relações gerais abstratas determinantes", melhor, a "sociedade civil" é o organismo que formam e desenvolvem aqueles que partem das "noções simples - trabalho, divisão do trabalho, necessidade, valor de troca -" da economia política para chegar com seu organismo da "sociedade civil" a se elevar "até o Estado, à troca entre nações, ao mercado universal". Para os mercantilistas o Estado é organismo da conquista por meio do qual chegam até a conquista do entesouramento de "um certo número de relações gerais abstratas". Para os capitalistas a "sociedade civil" é o organismo fornecedor ou a "colônia" fornecedora das "noções simples - trabalho, divisão do trabalho, necessidade, valor de troca -" por meio das quais chegam a elevar a "colônia", a "sociedade civil" ou a "social civilização"/a "socialização civil" "até o Estado, à troca entre nações, ao mercado universal". O problema é que esta "sociedade civil' que se elevou "até o Estado, à troca entre nações, ao mercado universal" se recusa a completar o desenvolvimento do seu organismo de modo a sair da sua imperfeição que é a "socialização civil" em classes diferenciadas mantidas por um Estado civilizado perfeito para entrar na perfeição duma "socialização comum/comunitária" sem diferenças de classes e sem nenhum Estado civilizado ou comum perfeito e sim com uma sociedade comum ou uma comuna que se autoaperfeiçoa desenvolvendo a liberdade, a multiplicação da liberdade, a capacidade, o valor de uso que suprime o Estado, as nações, o mercado, de modo que seu feito ou aperfeiçoamento é a sociedade humana ou a comunidade humana.
Existe ainda algo que confirma a posição de Marx de escolher o método dos economistas do século XVII como os portadores do verdadeiro método científico E é isso que Marx descreve muito bem no "Prefácio à Uma Contribuição à Crítica da Economia Política" onde mostra que
[ver https://www.marxists.org/portugues/marx/1859/01/prefacio.htm]
"A minha investigação desembocou no resultado de que relações jurídicas, tal como formas de Estado, não podem ser compreendidas a partir de si mesmas nem a partir do chamado desenvolvimento geral do espírito humano, mas enraízam-se, isso sim, nas relações materiais da vida, cuja totalidade Hegel, na esteira dos ingleses e franceses do século XVIII, resume sob o nome de"sociedade civil", e de que a anatomia da sociedade civil se teria de procurar, porém, na economia política."
A "sociedade civil" é a tal da "colônia" para cuja formação e desenvolvimento partem aqueles que estão de posse de "um certo número de relações gerais abstratas determinantes", melhor, a "sociedade civil" é o organismo que formam e desenvolvem aqueles que partem das "noções simples - trabalho, divisão do trabalho, necessidade, valor de troca -" da economia política para chegar com seu organismo da "sociedade civil" a se elevar "até o Estado, à troca entre nações, ao mercado universal". Para os mercantilistas o Estado é organismo da conquista por meio do qual chegam até a conquista do entesouramento de "um certo número de relações gerais abstratas". Para os capitalistas a "sociedade civil" é o organismo fornecedor ou a "colônia" fornecedora das "noções simples - trabalho, divisão do trabalho, necessidade, valor de troca -" por meio das quais chegam a elevar a "colônia", a "sociedade civil" ou a "social civilização"/a "socialização civil" "até o Estado, à troca entre nações, ao mercado universal". O problema é que esta "sociedade civil' que se elevou "até o Estado, à troca entre nações, ao mercado universal" se recusa a completar o desenvolvimento do seu organismo de modo a sair da sua imperfeição que é a "socialização civil" em classes diferenciadas mantidas por um Estado civilizado perfeito para entrar na perfeição duma "socialização comum/comunitária" sem diferenças de classes e sem nenhum Estado civilizado ou comum perfeito e sim com uma sociedade comum ou uma comuna que se autoaperfeiçoa desenvolvendo a liberdade, a multiplicação da liberdade, a capacidade, o valor de uso que suprime o Estado, as nações, o mercado, de modo que seu feito ou aperfeiçoamento é a sociedade humana ou a comunidade humana.
Isso
serve para mudar, para vir a ser tempo de trabalho vivo e passar a ser tempo
livre vivo.
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