É preciso pensar a respeito dessa atividade de escrever para
ninguém, já que raramente alguém se interessa pelo que escrevo. É uma escrita
que não desperta diálogo no outro e, talvez, nem mesmo monólogo no outro. É uma
escrita que se desenvolve sem saber se está promovendo um diálogo interno, um
monólogo interno ou um silenciamento interno. É uma escrita para não ler, logo,
apenas para sinalizar que alguém escreveu, alguém se deu ao trabalho de fazer
aqueles desenhos próprios de uma escrita apenas para garantir que alguém
existiu e não para que sua escrita seja lida. Como o personagem da novela
deixava escrito para ser lido:
“Demian esteve aqui!”.