domingo, 5 de junho de 2016

Retorno de despedida... eterno?!... é... terno?!...




Histórico de despedidas. Num outro blog, anos atrás, também fiz uma despedida. Lá o monstro do qual me despedia não era um invasor do meu computador, dos meus espaços e sim um invasor dos computadores alheios com emails enviados como se fosse "spam", um invasor do Facebook com opiniões não solicitadas e recusadas, ou seja, o invasor não era um "lobo vestido de cordeiro" como faz um hacker comigo atualmente e sim um" cordeiro vestido de lobo" como faço eu ainda hoje com todo mundo e não só naquela época.


A despedida que fiz, foi retirada de circulação por mim mesmo na época. E a deixei no blog Pluralidade Concreta (www.singularidadeabstrata.wordpress.com) como Rascunho que só eu tenho acesso. Mas, como agora, ocorre um retorno dessa atividade de despedida. Além disso, na época, o problema - que, aliás, permanece - era querer ser lido, logo, de certa forma também era querer ser espionado e o agente da espionagem de mim mesmo era eu mesmo, mas, agora, que estou sendo lido por espião me tornei o paciente da espionagem de um agente desconhecido.


Então, retomo aquela despedida na qual eu era o agente da espionagem de mim mesmo e a (re)publico aqui para que nessa nova despedida como paciente ainda consiga efetivar a espionagem de mim mesmo na qual eu era o agente. Ou seja, me despeço aqui e agora, porque recuso a espionagem como paciente do hacker, mas deixo a espionagem como agente de mim mesmo.



Ei-la:


Filosofia e corte prático


“FILOSOFIA EPICURISTA. 4º CADERNO.1839
“SEMESTRE DE VERÃO
“{...}
“[Plutarco e Lucrécio]
“Na primavera, a natureza se expande na sua nudez e, consciente de sua vitória, oferece ao olhar todos seus charmes, enquanto que no inverno ela recobre de neve e de gelo sua vergonha e seu desnudamento; tal é a diferença entre Lucrécio, o vivo, ardente e poético senhor do mundo, e Plutarco, que esconde a mediocridade de seu eu sob a neve e o gelo da moral.
“Quando nós vemos um indivíduo temerosamente (timidamente) fechado, recurvado (agachado) nele próprio, nós buscamos involuntariamente conselho e ajuda, nós perguntamos se também nós não estamos assim; nós temos medo por assim dizer de nos perder. Mas, à vista dum ser em cores feéricas (encantadoras) que cabriola (dá saltos de cabra, cambalhotas), nós nos esquecemos e nós nos sentimos elevados fora de nossa pele como se fôssemos forças universais e nossa respiração é mais ardente. Quem se sente mais moral e mais livre, aquele que sai da sala de aula de Plutarco convencido da injustiça que é o fato os homens bons, com a morte, perderem o fruto da sua vida, ou aquele que vê a eternidade inteira e que escuta o canto ardente e tonitruante de Lucrécio:
”’Mas uma grande esperança de glória com seu agudo tirso me atravessou o coração e incutiu-me no peito, ao mesmo tempo, o doce amor das Musas; incitado por ele, percorro agora, com vivo espírito, as regiões desviadas das Piérides, que ninguém trilhou antes de mim. É bom ir às fontes virgens e beber, é bom colher flores desconhecidas e com elas trançar para a minha fronte coroa insigne, qual nunca a ninguém as puseram as Musas. Primeiro, porque te ensino importantes assuntos e procuro libertar-te o espírito dos apertados nós religiosos; depois, porque sobre um tema obscuro vou compondo tão luminosos versos, a tudo tocando com a graça das Musas.’ I 922-934 (Os Pensadores, ed. Abril Cultural, p.42 - São Paulo, 1980).
“’Mas a esperança do renome me bateu fortemente no espírito com seu bastão de tirso (“Bastão enfeitado com hera e pâmpanos – ramos tenros de videira – e terminado em forma de pinha, com o qual se representam Baco e as Bacantes”, Dic. Aurélio, ed. Civ. Bras., 1965) e esta esperança despertou em minha alma o desejo tão doce das musas, e, agora, pleno de desejo e de espírito vigorosos eu passeio na distante região do monte Pérides, que ninguém ainda tinha pisado. É aí que eu tenho a alegria de encontrar as fontes virgens e nelas me abastecer, a alegria de colher flores frescamente eclodidas e de as entrançar em torno da cabeça como uma coroa real; a ninguém antes tinham as musas assim coberto as têmporas. Primeiro, com efeito, meu poema ensina as coisas de primeira grandeza. Eu busco livrar a alma dos laços da religião, em seguida, a respeito duma coisa obscura, eu escrevi um poema tão luminoso que alcançou na sua totalidade a graça das musas.’ I 922-934 (Différence de la philosophie de la nature chez Démocrite et Épicure, de Karl Marx – tradução, introdução e notas de Jacques Ponnier -, Éditions Ducros, 1970, Bordeaux).
“Aquele que não tem mais prazer de construir o mundo com seus próprios meios, de ser um criador de mundo, mas sim em rondar eternamente dentro de sua própria pele, sobre ele o espírito pronunciou seu anátema, ele está marcado pela interdição, mas por uma interdição invertida; ele está expulso do templo e da fruição eterna do espírito e é reconduzido a cantar canções de ninar para sua própria beatitude (“felicidade perene e suprema”, Dic. Aurélio, Civ. Bras., 1965) privada e, à noite, a sonhar com ele mesmo.
“’A beatitude não é a recompensa da virtude, mas a virtude ela própria.’ (Spinoza, Eth. V 42)
“Nós veremos também que Lucrécio compreende Epicuro duma maneira infinitamente mais filosófica do que Plutarco. O primeiro princípio duma pesquisa filosófica é um espírito livre e ardente.” (extraído de Différence de la philosophie de nature chez Démocrite et Épicure, de Karl Marx – tradução, introdução e notas de Jacques Ponnier -, Éditions Ducros, 1970, Bordeaux/France).
A passagem de Marx parece com uma passagem qualquer de Nietzsche e a chave dela é a diferença entre a beatitude ou felicidade perene e suprema de ter e afirmar o sexo e a “beatitude (?) ou felicidade (?) perene e suprema” de não ter sexo e afirmar a castração. São diferenças entre dois estados da natureza que são comparadas a diferenças entre dois estados do ser: abundância e escassez/excesso e falta.
Claro que é possível relacionar o estado paradisíaco à afirmação da sexualidade e o estado de coma à afirmação da castração. É possível também perceber que a religião expulsa o ser da sexualidade e do paraíso deixando-o sofrer a castração e o coma. É possível ver a relação entre epicurismo e dionisíaco.
No entanto, a relação entre afirmar a sexualidade ser o mesmo que afirmar o trabalho e afirmar a castração ser o mesmo que afirmar a inércia não pode ser negada e, desse modo, a expulsão do paraíso aqui, ao contrário da Bíblia, é uma expulsão do trabalho, enquanto que na Bíblia é uma perda da abundância sexual em troca duma sexualidade envergonhada e duma Queda no trabalho. O trabalho já não é mais o prazer de construir o mundo com suas próprias forças vitais, sexualidade incluída, mas sim o prazer (?!) de manter sua vida ou de se manter vivo em estado de coma, com a sexualidade excluída. Noutras palavras: o trabalho já não é mais a primeira necessidade vital do ser por ter se rebaixado a simples meio de sobrevivência do não ser. O trabalho passou por uma expropriação (castração) e já não se trabalha com seus próprios meios porque os meios já são de um outro, então se trabalha apenas para a manutenção dentro da própria pele, do próprio corpo, e se consegue energia suficiente para construir com suas próprias forças apenas um mundo de sonho, melhor, de pesadelo.
Poesia, criação do mundo, sexualidade e trabalho estão reunidos em Lucrécio e estão dissociados em Plutarco. Marx conseguiu desenvolver luta do proletariado ou da sexualidade e do trabalho contra a castração ou expropriação das forças vitais do proletariado. Nietzsche conseguiu desenvolver a luta do indivíduo livre ou do poeta e do criador de mundo contra a castração ou expropriação das forças vitais do indivíduo. Na luta coletiva do proletariado ou dos indivíduos livres associados foi possível avanços significativos porque eles pareceram ser criadores de mundo. Na luta isolada/dissociada do indivíduo livre as derrotas pareceram ser mais significativas porque ele pareceu criar um mundo interdito, enlouquecer.
Tudo que escrevi até aqui não explicita minha motivação atual. Eu quero pedir desculpas a Yacy que eu agredi sem me dar conta do que estava fazendo assim como tenho feito com muitas outras pessoas, por exemplo, com a Cynthia e, ao que tudo indica, também com a Lilia. A Yacy rompeu comigo e, desse modo, pude perceber o que tinha feito e o que venho fazendo. Antes dela, só o Wendell teve uma atitude que fez com que eu me percebesse um pouco na minha loucura. Então, posso dizer que só a Yacy me deu um alívio com o seu rompimento. Alívio?! Alívio nenhum porque tenho escrito sem parar, mas alívio de perceber que toda minha busca é e sempre será um fracasso porque o problema básico que eu procuro resolver lendo Marx, Nietzsche, filosofia não pode ser resolvido com tais leituras nem com uma leitura de Marx que decifre sua tese de doutorado. Porque? Porque o problema básico está na minha vida, na minha atitude comigo mesmo e com o mundo. No momento não importa quem tenha me convencido porque o que importa é que eu me convenci disso. O quê? Eu me convenci que eu era uma chama devoradora voltada contra o mundo, que isso era uma violência e que eu tinha de achar um outro caminho, uma outra forma de ser de modo a não ser uma violência do mundo, contra os outros. Eu me convenci que não podia fazer mal à moça, até aí tudo bem, já que bastaria a moça querer que eu fizesse bem a ela, só que a moça temia e não queria e eu para não fazer mal à moça me afastei dela e, em seguida, a perdi para sempre. E, o que é pior, eu só me afundei mais e mais nessa busca duma via que não fizesse mal à moça, que não violentasse o mundo e fui ficando cada vez mais distante do mundo e da moça que perdi. Fui ficando cada vez mais castrado, cada vez mais infantilizado, e, na verdade, cada vez mais uma violência contra mim e também contra o mundo na medida que todo mundo se afasta de quem não participa da vida como todo mundo, de quem apenas chateia, entristece e atrapalha o viver de todo mundo ou, pelo menos, de boa parte do mundo.
Que quero? Me despedir de todos e dos meus escritos postados em Blog. Porque? Porque descobri que tudo que faço do modo que faço não serve nem um pouco para me curar, para me tirar da castração (e tem saída depois da castração?!?!?!). Eu: Epicurista? Como? Sem jardim do prazer e da amizade? Castrado e sem prazer e sem amigos?! Como?! Socialista?!?!?! Sem associação alguma?! Sem trabalho algum?! Poeta?! Sem musa?! Eu descobri e descubro toda hora, todo o tempo, que eu sou meu inimigo, que não sou epicurista e sou sim é estóico, no sentido de aguentar o sofrimento até mesmo da castração; sou sim é cético, no sentido de acreditar que me satisfaço com toda esta atividade de suspensão dos sentidos/da sensibilidade. Descobri que posso ser sincero sendo estóico e cético, mas, desse modo, permaneço também sem cura, sem libertação. Descobri ainda que tudo que faço como se fosse rascunho é também uma forma de afirmar que tudo que faço é descartável, castrável. Descobri que só tendo a perder mais e mais amigos e amizades continuando com estes escritos, com esta forma de viver. Descobri também que não vou sair desta tão cedo, provavelmente nunca mais, então por mais que doa me afastar ainda mais, mas, por outro lado, como já vivo mesmo afastado, não vejo outra saída a não ser romper comigo mesmo – afinal, foi o que eu fiz primeiro, logo, não deve ser tão difícil – e olhar para esta castração como o que ela é e não mais como uma rebeldia, como uma tentativa de não ser violento com o mundo, de não fazer mal à moça, ou seja, ver se ainda pulsa e adquire vitalidade suficiente em mim o prazer de construir o mundo com meus próprios meios, o prazer de ser criador de mundo. Como?! Poesia?! Trabalho?! Sexualidade?!
No momento não vejo nada além de autodestruição, mas se retiro este espetáculo que percebo, o da autodestruição, da percepção dos outros, então também posso exigir de mim mesmo que só volte a publicar quando perceber autoconstrução e, portanto, quando perceber interesse da percepção dos outros.
Acima tudo o que escrevi é posterior ao que escrevi abaixo. Parece que é muito difícil pedir desculpas e me separar da minha prática de escrever e publicar no blog. Desculpas não por escrever no blog, mas por escrever nos espaços dos outros e por não saber me relacionar com quem escreve para o blog. No Brasil, apenas duas pessoas. E, dentre elas, apenas a Cynthia arriscou debater, mas fui incapaz de recebê-la e de debater com ela. Sou um monstro, mesmo que não queira ser, eu sou. Sou parecido com o cara que sai gritando: “Eu matei minha mulher! Eu matei minha mulher! Eu matei minha mulher! Eu Matei minha mulher! Eu matei...”
“Aquele que não encontra mais prazer em construir o mundo inteiro com seus próprios meios, em ser um criador de mundo, mas sim em vagar eternamente dentro da sua própria pele, sobre ele o espírito pronunciou seu anátema, ele está marcado pelo interdito, mas por um interdito invertido; ele está expulso do templo e da fruição eterna do espírito e ele é reconduzido a cantar canções de ninar para sua própria beatitude privada, e, à noite, a sonhar com ele mesmo.” – Karl Marx.
O prazer do trabalho de construir o mundo inteiro com seus próprios meios, de ser um criador de mundo em oposição ao prazer da inércia de vagar eternamente dentro de sua própria pele, dentro de seu próprio mundo, dentro de seu próprio sonho também corresponde à oposição entre o prazer de fruir do espírito (real, comum) e o prazer de fruir do ego (imaginário, isolado).
O prazer do trabalho de ser um criador de mundo corresponde ao prazer de ser como o Deus criador, de ser espírito e o prazer da inércia de ser um interdito do mundo corresponde ao prazer de ser como o Deus inerte/morto, de ser puro ego.
O prazer do trabalho é o prazer de viver e realizar enquanto o prazer da inércia é o prazer de dormir e sonhar. O prazer do trabalho é o prazer do tempo vivo, ativo, é o prazer da vida, da atividade, do som, da música, do que é, antes de tudo, audível e está próximo. O prazer da inércia é o prazer do tempo morto, inativo, é o prazer do sono, da inatividade, da imagem, do sonho, do que é, mais que tudo, visível e está distante.
O pathos da proximidade é próprio dos prazeres do trabalho, do viver, do realizar, do tocar e ouvir, da música. O pathos da distância é próprio dos prazeres da inércia, do dormir, do sonhar, do digerir e ver, da contemplação.
O prazer da criatividade e o prazer do niilismo. O prazer da criatividade do tempo de trabalho se transforma no desprazer da exploração e mutilação da vida e esta só quer se libertar deste desprazer, se libertar do tempo de trabalho que se tornou exclusivamente tempo de exploração e mutilação da vida. O prazer do niilismo do tempo morto sim mas livre se transforma no desprazer da interdição e distância da vida e esta só quer se libertar deste desprazer, do tempo morto mas livre que se tornou exclusivamente tempo de interdição e distância da vida. O prazer da criatividade do tempo de trabalho quer o prazer do niilismo do tempo (morto mas) livre e o prazer do tempo (morto mas) livre quer o prazer da criatividade do tempo de trabalho.
A emancipação dos trabalhadores é obra dos trabalhadores de emancipação do tempo de trabalho e a emancipação dos inertes ou ociosos é obra dos ociosos ou inertes de emancipação do tempo livre. Será mesmo?!
Os trabalhadores querem mesmo se emancipar do tempo de trabalho?! Na atualidade do sistema capitalista isto é viável?! E os ociosos ou inertes querem mesmo se emancipar do tempo livre?! Na atualidade do sistema capitalista isto é viável?!
Na atualidade do sistema capitalista a automação pode se tornar total e os trabalhadores podem se libertar deste tempo de trabalho produtivo. Nesse caso, resta o que para os trabalhadores?! Resta aquilo que já é predominante atualmente e que é chamado de globalização do mercado, o tempo de trabalho de servir a produção, de receber ou pegar/roubar para vender a produção.
Na atualidade capitalista, ainda que a automação possa se tornar total, a automação ainda não é total e os ociosos ou inertes podem se libertar do tempo livre entrando em algum tempo de trabalho produtivo e também podem entrar em algum tempo de trabalho de servir a produção, de vender a produção e, assim, sair da inércia, ociosidade ou tempo livre de apenas consumir ou de pegar/roubar para consumir a produção, de receber (mesada, esmola, bolsa, salário desemprego etc.) para comprar a produção.
A primeira divisão apresentada no texto de Marx é entre quem desenvolve a maioridade do prazer de ser criador do mundo e entre quem permanece na menoridade do prazer de ser cria do mundo, a divisão entre o prazer da independência e da maioridade do adulto e a dependência e a menoridade do bebê ou da criança. Mas, em seguida, se percebe que esta divisão é apenas a base de outra divisão, aquela entre quem assume a liberdade da maioridade criativa e quem assume a interdição da menoridade niilista, logo, também é uma divisão entre o desenvolvimento da maturidade e o desenvolvimento da infantilização. Porém, também é uma divisão entre os trabalhadores e solidários do proletariado e os ociosos e predadores do lumpenproletariado.
No entanto, no fundamental, é uma divisão entre quem pratica o prazer do trabalho, da luta, da necessidade, da realização, da realidade e quem pratica o prazer da inércia, da tranquilidade, da liberdade, da imaginação, do sonho. Logo, é uma divisão entre duas práticas do pensamento e da filosofia. Uma que sai do pensamento e da filosofia por querer o ser e o mundo. Outra que permanece no pensamento e na filosofia por não querer ou ter interdito o ser e o mundo. A que consegue realizar seu ser e seu mundo é criativa e saudável ou consciência de si. A que permanece no imaginar seu pensamento e sua filosofia é niilista e doente ou loucura.
O problema da atualidade capitalista é que este sistema não só se baseia na exploração de quem pratica o prazer do trabalho a tal ponto que a emancipação dos trabalhadores é a libertação do tempo de trabalho, é a conquista do tempo livre do trabalho, mas também se baseia na disseminação de quem pratica o prazer da inércia a tal ponto que a emancipação dos ociosos é a libertação do tempo morto, é a conquista do tempo livre da inércia/do ócio. Os dois querem tempo livre, um quer tempo livre do trabalho e o outro tempo livre da inércia ou ócio, então, trabalho e inércia ou ócio parecem equivalentes entre si e a um terceiro: morto; enquanto que o livre está presente nos dois e parece equivalente a outro terceiro: vivo.
A automação viabiliza o encontro dos dois lados num mesmo tempo livre vivo ou num mesmo tempo da vida livre porque por meio dela os trabalhadores podem se libertar do tempo de trabalho e podem se entregar à liberdade do tempo da imaginação e do sonho porque a automação se encarrega do tempo de trabalho e por meio dela os ociosos podem se libertar do tempo morto, inerte, ocioso e se entregar à liberdade do tempo do ser e do mundo porque a automação se encarrega de fazer do tempo morto da imaginação e do sonho um tempo vivo de realização e de realidade.
Apesar disto, tudo na atualidade não sai da condição de virtualidade, de possibilidade provável, mas permanece sendo imaginação e sonho porque o tempo de trabalho permanece sendo realização e realidade do sistema capitalista atual. Ambos os lados, os trabalhadores e os ociosos, se encontram na atividade digital da automação do sistema capitalista atual.
É muito deprimente o que tenho feito com a minha vida, com as pessoas ao meu redor, com meus escritos, com os pensamentos que tenho defendido.
Eu, até os meus quinze anos, era certamente uma pessoa vocacionada para o prazer do trabalho, o prazer do criador de mundo. E, certamente também, depois dos meus quinze anos, me tornei uma pessoa “vocacionada/orientada” para o “prazer” da inércia, o “prazer” da criatura do mundo. Optei pelo niilismo da criatura, pela menoridade e pela infantilização como resistência, rebeldia e, principalmente, denúncia contra o mundo que tinha me tirado todo o prazer do trabalho, o prazer da liberdade de criar o mundo.
A criatura niilista que me tornei me isolou de todos e nos poucos momentos de aproximação dos demais a criatura niilista fazia parte dos movimentos sociais pela democratização, pela anistia, pela criação do PT, pelas eleições diretas, pela campanha Lula presidente, pelo Fora Collor, pelas campanhas Lula presidente até elegê-lo. Mas, a criatura niilista, que nos momentos de aproximação dos demais acreditava poder retomar a vocação para o prazer do criador de mundo, já na primeira eleição de Lula presidente sentiu que não havia retomada alguma nem perspectiva alguma de retomada do prazer e atividade de criador de mundo. Por isso, a criatura niilista, apesar de uma ou outra tentativa de aproximação dos demais na perspectiva de retomar o prazer e a atividade de criador de mundo, acabou assumindo, de maneira ainda mais decidida e definida, o isolamento de todos. Mas fez isto escrevendo e remetendo para todos que podia seus pensamentos, seus escritos. A criatura niilista neste seu empenho desesperado em defesa da retomada da atividade de criador de mundo só encontrou mesmo foi isolamento ainda maior, mais decidido e mais definido por parte de todos os demais do mundo. E, por isso, a criatura niilista passou a se limitar a escrever um blog e, no máximo, enviar o link de acesso ao mesmo para os demais.
No entanto, a criatura niilista age como criatura niilista e, por isso, volta à sua prática de impor um determinado pensamento, à sua prática de não resistir ao impulso de falar do seu problema e isto sem se importar e sem perceber com clareza a agressão que comete.
Mas qual é o retorno que a criatura niilista tem com sua prática?! A reafirmação do seu isolamento, a reafirmação da sua condição de interdito, ou seja, a reafirmação do seu niilismo e da sua condição de criatura. Nenhuma libertação, nenhuma perspectiva de retomada da atividade e do prazer de criador de mundo.
Porém, este retorno, este espelho no qual a criatura niilista se percebe parece poder ser uma possibilidade de mudança interna da criatura niilista. Porque parece que o reconhecimento que ela faz de si quando alguém coloca o espelho para que ela se perceba a leva a sentir alívio. Mas que alívio é este? O alívio de perceber que este monstro, que é a sua condição de criatura niilista, é capaz de pedir perdão, ainda que sua condição de interdito seja precisamente a daquele que é imperdoável. Então, que alívio é este? É o alívio do niilismo, o alívio da dissolução, o alívio da interdição da criatura, ou seja, não é nenhum alívio e sim a percepção de não haver nenhuma saída e, desse modo, a percepção da inutilidade de tudo que a criatura fez até agora, logo, a percepção de que a aceitação do niilismo total da criatura é também, por sua vez, a aceitação de que só o criador de mundo, aquele que colocou o espelho para a criatura niilista se reconhecer, tem vez e saída, portanto, só o outro tem saída. Quem? Aquele que vigorava até meus quinze anos. Mas ele não está morto?! Ele não é a criatura niilista resultante de ter ficado interdito?!



sábado, 4 de junho de 2016

Para os que invadem meu computador, e-mails, blogues etc.




Viver nesse mundo virtual sendo espionado todo o tempo sem qualquer razão e como se para quem espiona isso fosse algo vital. Não é. Não há nada de vital em ficar no canibalismo. Talvez até exista algo de vital para o canibal praticar o canibalismo e isso só pode ser o desejo de ser alimento para outro canibal. Esse é o cerne do culto dionisíaco ou do culto da exploração do homem pelo homem.

Como se libertar disso? Desses espiões, desses canibais, desses dionisíacos, desses amigos e amantes da exploração do homem pelo homem?


Saindo da vida no mundo virtual e se limitando a viver no mundo real, onde certamente nasceram e vivem efetivamente esses praticantes da exploração do homem pelo homem, então, que fazer?


Sair também da vida no mundo real!  Para morrer? Para viver em outro mundo?! Onde?! Qual?!


Incrível!!! Que prazer é esse, meu Deus, o suicídio?!


DIONISÍACO!!!



Com certeza para todo aquele que quer experimentar o que supõe ser o poder da divindade, o poder de dar morte a si mesmo. O mais elevado grau da espionagem, do canibalismo etc. mas que deve ser praticado por quem? Pelo homicida?! Este valoriza o que Dionísio fez a Penteu, mas Dionísio ele mesmo valoriza o que fez a si próprio, valoriza o seu esquartejamento, valoriza mesmo é a sua atividade suicida como prática divina.


Quem se habilita aí dentre os senhores espiões, canibais, exploradores, amantes do dionisíaco?!


Eu decidi que saio!!!



O que podem a positividade e a imaginação?!?!?!...




“Antígona” é uma tragédia de Sófocles. Ela é a filha que acompanhou o pai e irmão Édipo durante o exílio em busca do lugar sagrado para ser enterrado e que volta para Tebas para enterrar um dos irmãos que, apesar de na luta fratricida com o outro irmão os dois terem morrido, não foi reconhecido como cidadão tebano com direito aos ritos fúnebres como teve seu irmão. E quem não reconheceu este direito foi Creonte, o irmão de Jocasta, e tio de Antígona e de seus irmãos. Creonte, após a morte de Jocasta e o exílio de Édipo ficou com o poder real, confirmadíssimo depois do aniquilamento fratricida dos irmãos e herdeiros de Jocasta e de Édipo.


A tragédia de Antígona é a de quem quer enterrar seu morto. De quem quer que seu morto seja reconhecido como morto e não ignorado como um desaparecido, como se nem ao menos tivesse nascido na cidade-Estado e não fosse um cidadão de Tebas.


É muito curiosa a co-incidência. Mas é isso mesmo que vemos na figura histórica de Dilma Rousseff. No primeiro momento ela é uma figura prometeica que fica acorrentada e sofre tortura, em seguida, ela aparece como figura dupla (ou será tripla?!), já que encarna tanto Antígona que quer o reconhecimento da cidadania dos ditos mortos e desaparecidos, bem como dos que sofreram torturas, quanto encarna também a figura de Édipo, quer dizer, do governante que sofre um processo de Impeachment. E, ainda mais curioso, em ambos os casos, quem está se beneficiando da perda de poder dela, bem como não reconhecendo seus direitos de reconhecer os desaparecidos, enterrar os mortos e denunciar as torturas sofridas e os torturadores, na medida que se alia com os torturadores e os que não reconhecem os mortos e desaparecidos, é precisamente o irmão de sua mãe, seu tio Creonte, tal qual a figura histórica de Michel Temer é a de quem se beneficia com sua perda de poder, se alia aos algozes dela e de seus companheiros mortos, desaparecidos e torturados, bem como, finalmente, é seu tio e irmão de sua “mãe”, a qual, aqui é o Lula, bem como é ela, uma mulher, quem está encarnando a figura de Édipo.


Isto, talvez, possa esclarecer as características da conjuntura, ou seja, Dilma Rousseff não é nem encarna verdadeiramente a figura de Édipo, mas sim a figura de Antígona, logo, Michel Temer tampouco encarna o Creonte que herda o poder do impeachment de Édipo, mas sim o Creonte que já domina o poder e que persegue, condena e pune Antígona. A verdadeira figura histórica correspondente à de Édipo é o Lula, o pai da “criatura” Dilma tal qual Édipo foi de Antígona. Nesse sentido, estamos diante duma combinação de enredos, onde, na verdade, o fator preponderante do Impeachment de Dilma Rousseff não é o crime de responsabilidade tal qual no caso de Édipo, logo, ela não tem como reconhecer o crime de responsabilidade tal qual Édipo reconheceu. Porque isso? Porque o fator preponderante de seu Impeachment é o não reconhecimento dos direitos de cidadania de uma parte da população, não só da parte da população que foi perseguida, torturada, morta, desaparecida e não-reconhecida como pertencente à mesma cidade-Estado como todo o restante da população, mas também aquela cujos votos não são mais reconhecidos pelo seu aliado, o vice Michel Temer, que deles se beneficiou, pura e simplesmente, porque a Dilma-Antígona perseverou no reconhecimento da cidadania e dos direitos dos mortos, desaparecidos e torturados.


Nesse caso, o crime de responsabilidade foi cometido por Creonte na tragédia “Antígona”, bem como foi sofrido pela protagonista que intitula a tragédia, e agora, na atual conjuntura histórica, está sendo cometido por Michel Temer & Cia na atual conjuntura histórica contra Dilma-Antígona, que sofre a Injustiça.


O que podem a consciência aparente e a consciência real! O que podem o Rei do aparente e o miserável do real, caramba!!!


Mas, onde fica a Peste que castigava Tebas na atual conjuntura? E os filhos de Édipo que cometem fratricídio? Quem é o filho escolhido como cidadão e quem é o rejeitado como cidadão?


Ah, sim. Quem é a irmã de Antígona? Quem é o filho de Creonte? Quer dizer, onde estão estas figuras na conjuntura histórica atual?!










sexta-feira, 3 de junho de 2016

O Rei do aparente e o miserável do real




Como é possível atrair a raiva, o ódio e, o que é pior, aquilo que Nietzsche tanto valorizava (?!), o tal do pathos da distância e que, tudo indica, nada mais ser do que a indiferença, então, como é possível que uma pessoa tenha essa capacidade de atração?!


Ora, se aprendemos alguma coisa com a consciência aparente e a consciência real, tudo indica que foi perceber que a capacidade de atrair a alucinação que suprime a realidade e de atrair a realidade que suprime a alucinação depende da subjetividade que nega/trai seus próprios assuntos e da subjetividade que afirma/realiza seus próprios assuntos.


Mas, em ambos os casos, os pacientes padecem da atração do ódio e da indiferença do fórum da religião. A consciência aparente de um Rei padece como um objeto/um escravo a atração psíquica do ódio e da indiferença. A consciência real de um miserável padece como um sujeito/um liberto a atração física do ódio e da indiferença. A consciência aparente de um Rei resiste fisicamente ao ódio e à indiferença. A consciência real de um miserável resiste psiquicamente ao ódio e à indiferença. O Rei resiste fisicamente tal qual um escravo, logo, ambos Rei e escravo resistem e imperam como objetos, mas estão submissos e obedientes como sujeitos. O miserável resiste psiquicamente tal qual um liberto, logo, ambos miserável e liberto resistem e imperam como sujeitos, mas estão interditos e acorrentados como objetos. Então, na linguagem de Kant, o Rei e o escravo são praticantes do imperativo hipotético, enquanto que o miserável e o liberto são praticantes do imperativo categórico. O imperativo hipotético é o da consciência própria aparente. O imperativo categórico é o da consciência própria real.


A consciência aparente é a voz que pode ser calada ou psiquicamente sufocada e permanecer fisicamente ativa e resistente. A consciência real é a voz que permanece falante e psiquicamente ativa mesmo podendo ser fisicamente paralisada e interdita.


Então, por mais que fisicamente o ódio e a indiferença isolem e interdite, a voz, que permanece falante e psiquicamente ativa, associa e liberta a subjetividade da objetividade. E por mais que psiquicamente o ódio e a indiferença calem e sufoquem, o corpo, que permanece resistente e fisicamente ativo, isola e interdita a subjetividade da objetividade.


Portanto, amigos, o pior para o sujeito liberto é calar e sufocar a voz, ainda que o pior para o objeto escravo seja isolar e interditar o corpo. Por mais que se sofra o ódio e a indiferença do pathos da distância o melhor que se faz é resistir com a voz falante e psiquicamente ativa. E o pior que se faz, tudo indica, é resistir com o corpo agente e fisicamente ativo.



Será por isso que o crítico não consegue fazer que o autor e os outros se recolham e retornem resolvidos etc. e tal?! As vozes de todos insistem em permanecer falantes e psiquicamente ativas, apesar de seus pesares.



quinta-feira, 2 de junho de 2016

Porque tanta dificuldade?! Atualizado




Porque é tão difícil usar a si mesmo como fonte? O que é preciso fazer para conseguir usar a si mesmo como fonte para si mesmo?


"Se acrescentei em apêndice uma crítica da polêmica feita por Plutarco contra a teologia de Epicuro é porque esta polêmica não é um fenômeno isolado, mas representante de uma espécie: ela representa a relação do entendimento teologizante para com a filosofia de maneira muito pertinente.


“Entre outras coisas, nós visaremos, na crítica, a falsidade geral do ponto de vista de Plutarco, quando ele arrasta, para aí a julgar, a filosofia para o fórum da religião. Não importa qual motivação possa ter sucedido a David Hume nessa passagem: ‘É certamente uma espécie de injúria para a filosofia de a constranger, ela cuja autoridade soberana deveria ser reconhecida em todos os lugares, a defender sua causa a todo momento devido às consequências que ela acarreta e a se justificar junto de toda arte e de toda ciência que ela venha a chocar. A gente pensa então num rei que seria acusado de alta traição a respeito de seus próprios assuntos. ”


Com esta citação, no prefácio de sua dissertação sobre o atomismo de Demócrito e Epicuro, Marx situa a dificuldade e a ignorância de si mesmo como fonte na acusação ‘de alta traição a respeito de seus próprios assuntos’ feita pela própria consciência de si mesmo, logo, ele a situa no embate entre a filosofia que chega ao mundo inovando com seus assuntos e a filosofia estabelecida no mundo que rejeita as inovações de seus assuntos alegando ser ignorância e ‘alta traição a respeito de seus próprios assuntos’.”


Como se sabe esta é a situação de “Édipo-Rei”. Mas também é a de outra figura trágica.


“A filosofia, enquanto ainda lhe reste uma gota de sangue fazendo bater seu coração absolutamente livre que submete o universo, não deixará de lançar a seus adversários o grito de Epicuro:

 ‘Ímpio não é aquele que faz tábua rasa dos deuses da multidão, mas aquele que adorna os deuses das representações da multidão’. [Dióg. X 123]


“A filosofia não se esconde. Ela faz sua a profissão de fé de Prometeu:

       ‘Numa frase, eu odeio todos os deuses’. [Ésquilo 975]

esta profissão de fé é sua própria divisa que ela opõe a todos os deuses do céu e da terra que não reconhecem a consciência de si humana como a divindade suprema. Esta consciência de si não tem rival.


“Mas, para os tristes senhores em júbilo ante o espetáculo da aparente degradação da situação social da filosofia, ela dá a resposta que Prometeu deu a Hermes, servidor dos deuses:

        ‘Saiba que eu não trocarei minha miséria
                                           pela tua escravidão.
          Eu amo mais estar preso a esta rocha 
               do que ser o mensageiro fiel de Zeus, 
                                           teu pai!’ [Ésq. 966]


“Prometeu ocupa o primeiro lugar entre os santos e mártires no calendário filosófico.


“Berlim, março de 1841.”


Então, quem serve os deuses e vive na escravidãomesmo que pareça um Reié quem efetivamente comete ‘alta traição a respeito dos seus próprios assuntos’ e quem só serve à própria consciência de si humana e vive na liberdade mesmo que pareça um miserável é quem revela sua autoridade soberana com a ‘alta fidelidade a respeito de seus próprios assuntos’.


Aí no prefácio vemos, com clareza, Marx situar sua tese no problema da acusação de ‘alta traição a respeito de seus próprios assuntos’ nas duas figuras trágicas de Édipo e Prometeu que correspondem às duas figuras dos atomistas gregos de sua tese, Demócrito e Epicuro, respectivamente.


Mas, e eu porque tenho tanta dificuldade de usar a mim mesmo como fonte?!


As duas figuras foram arrastadas ao fórum da religião e de Édipo ficamos sabendo que cometeu alta traição a respeito de seus próprios assuntos porque serviu fielmente aos desígnios dos deuses e viveu na escravidão fiel aos assuntos dos próprios deuses. Já de Prometeu ficamos sabendo que cometeu alta traição a propósito dos assuntos dos próprios deuses precisamente porque só serviu fielmente à própria consciência de si humana e viveu na liberdade da mais alta fidelidade a seus próprios assuntos.


Porque essa diferença? Marx nos informa que a teologia de Epicuro é a mesma da figura de Prometeu. Podemos concluir que a diferença entre as duas figuras arrastadas ao fórum da religião é uma diferença teológica. Desse modo, podemos concluir que Édipo e Demócrito teologicamente enfeitam e, por isso, adoram os deuses das representações da multidão, enquanto que Prometeu e Epicuro teologicamente fazem tábua rasa e, por isso, odeiam os deuses das representações da multidão. Também podemos concluir que ambas as teologias acreditam na existência dos deuses das representações da multidão.


“Os fantasmas dos maníacos e os que temos em sonhos são verdadeiros e reais, já que movem e o que não é não move”. Diógenes Laércio atribui essa compreensão da loucura aos epicuristas. Então, a questão não se limita a crer na existência das alucinações e dos deuses, mas avança para abranger o modo pelo qual se desenvolve as relações com as alucinações e com os deuses. Logo, a questão se foca no modo de praticar a crença na existência das alucinações e dos deuses porque ao se enfeitar e adorar as alucinações e os deuses se enfeita e adora a angústia, a dor e o desprazer e quando se suprime e odeia as alucinações e os deuses das representações da multidão então se suprime e odeia a angústia, a dor e o desprazer. Como assim?


Édipo e Demócrito enfeitam e adoram tanto as alucinações e os deuses que consideram que vivemos na consciência aparente e que toda a realidade na qual vivemos é uma aparência que, tal qual uma alucinação, encobre a realidade tal qual ela verdadeiramente é. Então, com tal adoração eles acabam por inverter o que é realidade e o que é alucinação, o que é real e o que é virtual.


Prometeu e Epicuro suprimem e odeiam tanto as alucinações e os deuses que consideram que vivemos na consciência real e que toda a realidade na qual vivemos é tal qual ela é verdadeiramente, tal qual uma percepção sensível percebe sensível e efetivamente a realidade tal qual ela é e não tal qual fantasmagórica e alucinadamente ela parece ser exclusivamente para nós. Podemos concluir também que estes lutam pela consciência de si humana comum e contra a consciência de si humana privada que acaba privada de consciência de si, enquanto que aqueles lutam pela consciência de si humana privada e contra a consciência de si humana comum que acaba na comunidade da consciência de si alucinada e divina.



Enfim, porque eu tenho tanta dificuldade de ser minha própria fonte?!


Será que é por não compreender a relação com a divindade como relação com o imaginário, com a imagem presente como fantasma, angústia, inconsciente do ser sensível?! divindade é o inconsciente?!


["... Deus é aquilo que me falta para compreender... o que eu não compreendo! - Raul Seixas"]