terça-feira, 31 de maio de 2016

Se ater ao conceito: doar?! Ou reter o não-conceito: receber?!












Faz anos que tento compreender a tese de Marx sobre Demócrito e Epicuro que adotei como objeto (às vezes sujeito) da minha pesquisa do saber viver. Ela tem passagens que escapam à minha compreensão. Agora, essa sucessão de textos que parecem se ater exclusivamente ao título do blog, “singularidade/pluralidade”, abriu uma possibilidade de compreensão duma passagem muito significativa, mas, ao mesmo tempo, muito enigmática, pelo menos para mim, para minha muito simples e muito concreta capacidade de compreender e raciocinar.









Essa é a passagem:









"Enfin, cet être-dedoublé de la conscience de soi philosophique se présente comme la lutte de deux tendances, s'opposant entre elles de la manière la plus extreme, dont l'une, le parti libéral, ainsi que nous pouvons le designer en général, s'en tient, comme détermination principale, au concept et au principe de la philosophie, tandis que l'autre retient le non-concept, le moment de la realité. Cette deuxiéme direction est la philosophie positive. L'activité de la première est la critique, donc justamente l'acte de se-tourner-vers-l'extérieur de la philosophie; l'activité de la seconde est l'essai de philosopher, donc l'acte de se-tourner-en-soi de la philosophie, car elle conçoit le défaut comme immanent à la philosophie, tandis que la première le conçoit comme défaut du monde, qu'il s'agit de rendre philosophique. Chacun de ces partis fait précisément ce que l'autre veut faire et ce qu'il ne veut pas faire lui-même. Mais le premier a conscience, au sein de sa contradiction intime, du principe en général et de son but. Dans le second apparaît le travers, la folie pour ainsi dire, comme tel. Pour ce qui est du contenu, le parti libéral seul, parce que parti du concept, parvient à des progrès réels, tandis que la philosophie positive n'est à même que d'arriver à des exigences et à des tendances dont la forme contredit la signification ."









Vou traduzir, não porque domine o francês, mas porque não gosto de ler textos que me excluem com citações em línguas estrangeiras que não domino e, desse modo, me deixam de fora do círculo de sabidos e espertos que, assim, se intitulam sábios e experts ou especialistas. Vou traduzir por respeito a mim mesmo que desde muito cedo fui denominado simples, burro, oligofrênico, idiota por exemplares destas belas almas superiores tão soberbas.









“Enfim, este ser-desdobrado da consciência de si filosófica se apresenta como a luta de duas tendências, se opondo entre si da maneira mais extrema, onde uma, o partido liberal, assim como nós podemos designá-lo em geral, se atém, como determinação principal, ao conceito e ao princípio da filosofia, enquanto que o outro retém o não-conceito, o momento da realidade. Esta segunda direção é a filosofia positiva. A atividade da primeira é a crítica, logo justamente o ato de se-voltar-para-o-exterior da filosofia; a atividade da segunda é o ensaio de filosofar, logo o ato de se-tornar-em-si da filosofia, porque ela concebe o defeito como imanente à filosofia, enquanto que a primeira o concebe como defeito do mundo, que se trata de tornar filosófico. Cada um desses partidos faz precisamente aquilo que o outro quer fazer e aquilo que ele-próprio não quer fazer. Mas o primeiro tem consciência, no seio da sua contradição íntima, do princípio em geral e do seu fim. No segundo aparece o capricho, a loucura por assim dizer, como tal. Para aquilo que se refere ao conteúdo, só o partido liberal, por ser partido do conceito, alcança progressos reais, enquanto que a filosofia positiva só consegue mesmo chegar a exigências e a tendências cuja forma contradiz o significado [conteúdo].”











Acho, hoje, que a chave, para abrir a possibilidade que a tal sucessão de textos abriu agora, está na parte final da passagem. Foi sempre aí que senti a dificuldade em distinguir entre a presença da felicidade da sabedoria e a presença da tragédia da loucura. Porque? Porque quem se propõe, por exemplo, mudar o mundo, como é dito, é aquele que considera o mundo defeituoso e se entrega à crítica do mundo, já quem se propõe mudar (corrigir) a filosofia, também é dito, é aquele que considera a filosofia defeituosa e se entrega à (auto)crítica  da filosofia. O problema é que a forma prometeica, por exemplo, é considerada a de quem muda o mundo para afirmar a liberdade da humanidade. Já a forma edipiana é vista como a de quem reconhece e muda o defeito da humanidade e, ao mesmo tempo, afirma e conserva a liberdade perfeita do divino mundo.









Na proposta de ditadura revolucionária do proletariado podemos ver inequívoca e claramente a forma edipiana, enquanto que vemos a forma prometeica inequívoca e claramente na proposta de eterno retorno da vontade de poder do super-homem. Como compreender isso? Tudo é tragédia e loucura sem felicidade nem sabedoria.









A proposta da ditadura revolucionária do proletariado difere da proposta edipiana porque se propõe destruir e dissolver o Estado na sociedade socializada/comum da Humanidade, enquanto que a edipiana se propõe destruir o poder de Édipo destituindo-o do Estado e dissolver Édipo na sociedade estrangeira/alheia expulsando-o de Tebas, então, quanto ao conteúdo, a primeira visa o fim do Estado e da sociedade privada/diferenciada da Nação.









A proposta do eterno retorno da vontade de poder do super-homem difere da proposta prometeica porque se propõe sucumbir a Humanidade ou a sociedade humana para a criação do Super-Homem com a Vontade de Poder em Eterno Retorno ou a criação da Nação do Super-Homem e do Poder do Estado que garante o Eterno Retorno do Super-Homem, enquanto que a prometeica se propõe sucumbir os Imortais ou a sociedade singular dos Imortais para a criação da Humanidade ou da sociedade comum dos Mortais, então, quanto ao conteúdo, a primeira visa o Retorno Eterno do Estado-Nação do Super-Homem ou do quase imortal, enquanto que a segunda visa a criação da Humanidade ou da sociedade comum dos Mortais.









O conteúdo da proposta da ditadura revolucionária do proletariado e da proposta prometeica co-incidem. E, o conteúdo da proposta do eterno retorno da vontade de poder do super-homem e da proposta edipiana também co-incidem. Então, os conteúdos que visam a maioridade humana são o da proposta prometeica e da ditadura revolucionária do proletariado, enquanto que os que conservam a menoridade humana são o da proposta edipiana e do eterno retorno da vontade de poder do super-homem. No entanto, ainda que o conteúdo da ditadura revolucionária do proletariado seja a proposta prometeica, já a sua forma é a proposta edipiana. Ao contrário, a forma do eterno retorno da vontade de poder do super-homem é a proposta prometeica, ainda que seu conteúdo seja a proposta edipiana.





Tudo isso, no entanto, está idealizado em excesso. Como se nosso mundo fosse o dos conceitos. E o problema é vivido no momento de realidade, no mundo positivo. É aí que quem quer mudar o defeito que é o mundo se lança na crítica do mundo e nessa prática-crítica de mudança do mundo aceita a sua própria mudança da filosofia para o mundo, logo, aceita mudar sua perfeição (conceitual) da filosofia para a sua perfeição (conceitual) do mundo. E que quem quer mudar o defeito que é a filosofia se fixa na crítica da filosofia e nessa teoria-crítica de mudança da filosofia exige a própria mudança do mundo para a filosofia, logo, exige mudar a perfeição (positiva) do mundo para a sua perfeição (positiva) da filosofia.









Traduzindo quem quer mudar o mundo se desloca da filosofia para o mundo e quem quer mudar a filosofia se fixa na filosofia e exige o deslocamento do mundo para a filosofia. Quem se desloca muda para mudar o mundo e quem se fixa não muda exigindo que o mundo mude. Quem muda para mudar o mundo ousa conquistar a maioridade e se abrir para o desenvolvimento da maturidade. Quem não muda exigindo que o mundo mude teima em ficar na menoridade, melhor, exibe a vontade de poder (o poder da vontade) da menoridade e se fecha no eterno retorno da infantilidade. [É sintomático que Marx considere os gregos aqueles que encarnaram a eterna infância da humanidade.]










Eu que iniciei este texto tomado pelo choro, passei a me proteger da dor com a continuidade do escrever indo para um plano conceitual, mas, ainda assim, de algum modo, consegui descer para o plano mais positivo do vivido, mesmo que o sofrimento tenha ficado apenas sugerido. Porque isso? Porque um dos assuntos dos últimos textos é conhecer a dor e não tão somente ignorar a dor.























segunda-feira, 30 de maio de 2016

- Claro! Ó, obscuro! - Obscuro?!... Claro!!




Agora está ficando mais claro! ... o assunto de sempre...  rsrsrsrsrsrs... porque tudo indica que não basta buscar uma saída da ignorância do viver por meio do estudo do saber viver; não basta perceber que, com um tal estudo do saber viver, aumentou muito mais a ignorância do viver; não basta perceber que esta busca do saber que só aumenta a própria ignorância do viver se firmou como um fracasso do viver; não basta sentir a dor aumentada do fracasso do viver, que até caleja e anestesia; não basta buscar, perceber, firmar, sentir o fracasso do viver aumentado pela ignorância gestada por este fracasso para gerar mais fracasso e ignorância; nada disso basta porque é preciso lembrar de algo que ficou esquecido... antes de tudo... é preciso viver... no caso, então, o que está ficando mais claro? O assunto! Sim, mas qual deles?! O que atravessa todos eles... o amor... aí está o cerne do assunto, então, o que está ficando mais claro é que se é dele que se trata, também é dele que é preciso falar, sobre ele que é preciso escrever... mais ainda... ele é que precisa falar... ele que precisa escrever...



Ora, então, quem está escrevendo?!




Apareceu mais um agora. É o proprietário, o dono do blog. Então já nem sei quem sou. Ele deu a entender que o mundo dos caídos na coisa em si, dos habitantes da intimidade, do segredo, da informação, do conhecimento é o mundo da vida teórica, telepática, virtual, o qual, por sinal, é muito conforme ao mundo dos meios de comunicação atuais (jornais, cinemas, rádios, telefones, televisões, computadores, celulares etc.) que promovem esse viver caído na coisa em si, na teoria, na telepatia, na virtualidade. Aliás, não é por outro motivo que o protagonista de “Matrix” descobre que nunca usou seu corpo porque passou a maior parte de sua vida sonhando na “Matrix”. Também sugeriu que o mundo dos elevados na coisa para si, dos habitantes da superfície, da transparência, do esclarecimento, da comunicação é o mundo da vida prática, imediata, real, o qual, por experiência, é dependente do mundo das atividades/energias sensivelmente humanas no espaço e no tempo, na geografia e na história (sexo, trabalho, luta etc.) que promovem esse viver elevado na coisa para si, na prática, na imediatez, na realidade. Também é por esse motivo que os protagonistas de “Matrix” por usar seus corpos amorosamente se destacam porque assim passam a maior parte da vida acordando na “Real”.


É sempre sobre sexo que os textos assuntam e, em geral, se cai ou levanta, aliás, o mesmo assunto da frase famosa “Hay que endurecerse sin perder jamás la ternura” ou “Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás”, tanto faz a forma, o sentido permanece o mesmo (sexo, trabalho, luta etc. guiados pelo amor).


Nem sei o que estou fazendo aqui nem porque vim agora escrever isso. Só para dizer que surgiu mais um, o proprietário, é isso? Então, quem está escrevendo?!



domingo, 29 de maio de 2016

Traço e Acorde x Traço ou Acorde?!




Escrevi dois e-mails para um amigo a respeito do que venho fazendo no momento no meu blog singularidade/pluralidade. O primeiro intitulei de “Co-incidência da mudança das circunstâncias e da atividade humana ou autotransformação” e o segundo de “Derridando”. Edito aqui, em sucessão, dois parágrafos do primeiro e três do segundo e-mail.


Notei que dos três últimos textos (do público, do crítico e do autor) o que tem menor índice de lapsos é o do crítico e também notei que o autor começa dizendo que os outros (crítico e público) o chamam de autor, mas, no texto, onde tudo isso teve início, é ele quem se apresenta como autor, depois de devidamente provocado pelo crítico.


Imaginei que a exposição que o crítico reclama é a da vida do autor na prática (será que ele tem? Será que ele vive?) e, por isso, imaginei também que não é se recolhendo para mais um “aprofundamento” teórico que o autor irá chegar aonde o crítico sugere que chegue, isto é, ao exercício de sua liberdade, à prática de sua vida.


Depois dos trechos retirados dos e-mails cito uma passagem de Marx e, em seguida, a tradução da mesma na linguagem dos trechos editados. Destaco todo um parágrafo que me pegou de surpresa com sua “novidade” de defender tudo que, de um modo geral, eu critico.


“(...) como você bem lembrou, ninguém pára o mundo, ninguém pára a vida, logo, nosso próprio mundo, nossa própria vida continua quando paramos, bem como o próprio mundo e a própria vida continuam quando paramos. Se tudo continua e não é possível parar nem girar para trás a roda da história, do tempo, da vida de modo que sendo este movimento irreversível não temos como negar que rumamos todos para um destino inexorável que é a morte, portanto, a tragédia está inscrita de modo inescapável na nossa vida, no nosso mundo e também na vida em geral e no mundo em geral: Mortais!!!! Sendo assim, que podemos fazer?! Fiquei com a impressão que o surgimento do crítico, do público e do autor pode ter vindo como uma sugestão para um uso mais realista da minha liberdade e da minha vida, ou seja, a cisão pode não ser tão somente uma esquizofrenia nem tão só uma luta de tendências internas com diferenciações filosóficas, políticas, sociais etc., mas pode ser algo bem mais coerente com o uso da própria liberdade e da própria vida dentro do movimento irreversível. Será que não se trata duma divisão de tarefas? Duma divisão do trabalho entre aspectos da minha liberdade, da minha vida? Tudo isso porque é preciso fazer o conserto enquanto se anda. Existe uma expressão que é bem melhor do que eu disse. ("Consertar o carro andando!"?!).


“O pensamento voa. Pensei em fazer uma espécie de diário com as diversas atividades e as diversas metas de modo que, devido precisamente à exposição que teria forçosamente de fazer de mim mesmo, viria a realizar efetivamente mudanças na minha vida ao ir alcançando diferentes metas com as diferentes atividades. Então, para fazer o que o crítico me cobra, que é me recolher e assumir uma determinada tendência e/ou posição filosófica, eu faria precisamente o contrário e me exporia à crítica por ter estabelecido meta para mudar algo na minha vida usando a minha liberdade. Estaria exposto à crítica por também estar exposto ao público, quer dizer, mais precisamente por minha capacidade de ser autor estar exposta à crítica, ao público e, especialmente, a mim mesmo como autor que consegue mostrar a si mesmo que é capaz, que permanece lutando para mostrar a si mesmo que é capaz ou que consegue mostrar a si mesmo que não é capaz, precisamente por não conseguir ser autor de algo. ”


 “(...) O que o crítico sugere e que eu estou dizendo que fiz no passado e estou nisso desde então, logo que eu teria é de me expor para me libertar. Esse argumento também me remete à memória de achar que, desde então até hoje, eu vivo exposto, vivo num mundo que espiona e controla todos meus passos (...) Noutras palavras, eu já vivo sob a tal exposição à crítica e ao público e também sob contínuo teste da minha capacidade de ser autor. Nada de novo. Nenhuma inovação.  


“Acho que eu tinha uma característica, acho que ainda tenho, mas um pouco diferente desde então, de ser o mais transparente possível e que, em determinado momento, achei que isso era uma fraqueza porque parecia aumentar o número de meus adversários por todo lado, em casa com minha família, com a namorada, no grupo de igreja, no colégio militar, no grupo do bairro, por todo lado. Porém, fico me perguntando se isso era mesmo uma fraqueza ou se minha fraqueza foi o contrário, foi ter achado que era uma fraqueza e, assim, ter me retirado da superfície visível para o fundo invisível da coisa fenomênica, logo, pergunto se meu erro não foi sair da coisa para mim e cair na coisa em mim.


Veja só o que eu estou dizendo. Estou dizendo que a coisa invisível, a coisa em mim, a mesma que venho dizendo que pode ser a essência subjetiva, tal qual Marx parece defender, ou ainda que pode ser a coisa numênica e incognoscível, tal qual Kant defende, enfim, estou dizendo, sem me importar com Marx nem Kant, que meu erro é cair na coisa em mim, é ficar na coisa em mim. Estou, então, com a mesma irritação de Nietzsche com aqueles que negam a aparência ou a superfície visível da coisa fenomênica e querem ficar com o escondido por detrás, na inaparência ou no fundo invisível da coisa fenomênica, querem a escondida, inaparente e invisível coisa em si. Segredo, informação, conhecimento, enfim, tudo da esfera esotérica, íntima, privada, porém, nada da esfera exotérica, social, comum daquilo que transparece, esclarece, comunica (porque une). Ou seja, é a partir do aparente, do transparente, do visível da coisa para si que é possível viver na prática e fruir a sabedoria (o próprio saber), enquanto que a partir do inaparente, do escondido, do invisível da coisa em si é possível viver na teoria e fruir a filosofia (amor/culto/adoração ao saber alheio).


Isto pode ser um comentário feito com Nietzsche sobre a 11ª
 Tese sobre Feuerbach das “Teses sobre Feuerbach”, de Karl Marx:


“Os filósofos apenas interpretaram o mundo de forma diferente, o que importa é mudá-lo.”


Os teóricos apenas interpretaram o mundo de forma diferente, o que importa é praticá-lo.


Ficar na coisa em si sonhando com o mundo não é ruim, mas o bom mesmo é acordar com o mundo na coisa para si. Fazer traço numa pintura que sonha com o mundo na coisa em si e fazer acorde numa música que acorda com o mundo na coisa para si. Fazer ambos é muito bom, mas, parece que entre a vida virtual e a vida real é preciso escolher e valorizar uma mais do que a outra, quer dizer, ou a coisa em si ou a coisa para si.



sábado, 28 de maio de 2016

São três mesmo que escrevem?!...




Eles me chamam de leitor autor. Não sei muito bem o que é isso, porque eles, que se chamam ou são chamados de leitor público e de leitor crítico, escrevem, logo, são autores, certo?! Ou está errado?! Eu escrevo e leio tanto quanto eles, aliás, quem escreve e lê todo o tempo é um mesmo corpo, uma mesma sensibilidade física, mas, no plano psíquico eu já não sei quantos são, ainda que eu tenha perfeita consciência e memória dos atos de escrever os textos de um e de outro, bem como sei que eles também não estavam em nenhum estado alterado de consciência nem são espíritos que baixam e fazem dum mesmo corpo, duma mesma sensibilidade física um puro e simples médium para a expressão de suas personalidades. Então, o que eu posso dizer deles?! E tentando compreender isso que eu e eles estamos fazendo?! Ou seja, porque eu estou me tornando nós?! Porque também, me tornando nós, não me configuro pura e simplesmente nessa unidade coletiva, o nós, e quero uma certa diversidade de unidades singulares, os eus?! Confesso que não sei ou não compreendo com clareza qual o significado disso tudo, mas, jogo feito, vamos jogar!!!


Meu coração deu umas pontadas, mandou uns sinais e eu parei um pouco. Que ele quer me dizer com seus sinais?! Aí está uma divisão comum que é feita entre o eu e um componente essencial do eu, no caso, um órgão vital do corpo humano. Isso pode ter sido para me lembrar o que tinha pensado escrever. Pensei que o detetive faz uso dos mais diversos sinais para reproduzir na sua mente e na de seus interlocutores o que aconteceu numa cena de crime, mas também em muitas outras cenas da sua investigação de um crime e, até mesmo, suas conversações com os suspeitos e os insuspeitos e testemunhas e auxiliares etc. são usadas como sinais a serviço da reprodução das cenas ocorridas e, até mesmo, daquelas que poderão vir a ocorrer em determinado momento, lugar e com quem. Pelo menos é assim que os detetives das estórias de detetives agem desde o Sherlock Holmes, de Conan (o civilizado) Doyle. Mas, os médicos também vivem fazendo leituras de sinais ditos sintomas e o mesmo fazem os psicanalistas. Aqueles que se dedicam à invenção de ferramentas e máquinas também prestam enorme atenção aos gestos usados na realização de um determinado trabalho produtivo. Aqueles que se dedicam ao teatro também prestam enorme atenção nos conjuntos de gestos e no arranjo deles que servem para caracterizar a representação de suas personagens. É uma característica também da economia política inglesa ser dedutiva à maneira de Sherlock Holmes. Em todos esses casos o foco são os sinais, sintomas, gestos, falas, energias humanas, produtos das energias humanas e das máquinas, enfim, em todos o que está presente é o foco na atividade sensivelmente humana, quer dizer, em tudo que dela é sensível, quer dizer, é sinal, sintoma, efeito, materialidade, realidade. Noutras palavras, o conhecimento sensível da atividade humana é o que está em foco, portanto, a coisa sensível cujo conhecimento se visa conhecer em si por meio das coisas sensíveis que aparecem para si não é a coisa em si fora e para além da sensibilidade humana e sim a coisa em si dentro e nos limites da própria sensibilidade humana. Nesse sentido é um conhecimento dentro dos limites da sensibilidade humana como já dizia Kant, mas não é um conhecimento insatisfatório, como dizia Kant, porque não é capaz de conhecer a coisa em si fora da sensibilidade humana, fora do espaço e do tempo. E não é insatisfatório precisamente porque a coisa em si está dentro dos limites da sensibilidade humana, ou seja, é na cachola humana que se faz a concepção da coisa em si a partir de todos os sinais e por meio do arranjo que na cachola humana se faz deles. O inconsciente, por exemplo, é uma atividade humana que manifesta sua existência por meio de sinais, sintomas, sonhos, lapsos etc., ou seja, de maneira similar à de uma outra atividade humana que é a consciência.


E daí?! Daí que eu tendo a compreender o que está acontecendo com esses três leitores que escrevem e se diferenciam entre si, mas que, na realidade, são um mesmo que lê e um mesmo que escreve, como sendo manifestações dessas duas atividades humanas similares, o inconsciente e a consciência. Dizer que são manifestações do inconsciente é algo muito fácil de dizer porque sendo o inconsciente algo inconsciente até mostrar conscientemente essa característica inconsciente das manifestações já passou muito tempo e as demonstrações ficam na consciência como possíveis, desde que não sejam refutadas. Se trata dum mundo de possibilidades, de nuvens, de névoas, de brumas. Já dizer que são manifestações da consciência é algo mais difícil de dizer porque sendo a consciência algo consciente causa um estranhamento mostrar conscientemente essa característica consciente das manifestações da consciência na forma duma pluralidade de singularidades. No entanto, novamente um inglês, David Hume, aquele que tirou Kant de seu sono metafísico, afirma que não existe relação de causa e efeito entre os sensíveis, entre os sinais, os sintomas, os gestos etc. e que é a atividade humana estabelece essas relações. Então, deixando de lado a atividade humana inconsciente, podemos concordar com ele que é a consciência humana quem estabelece as relações de causa e efeito, mas, antes disso, temos de concordar com ele que a consciência humana é consciência particular ou individual de cada sinal sensível, logo, numa mesma consciência dum mesmo individuo humano podem habitar uma diversidade de consciências singulares de sinais sensíveis singulares, de modo que aquilo que chamamos de consciência dum mesmo indivíduo humano é um conjunto de consciências sensíveis singulares de sinais sensíveis singulares; noutras palavras, isso é resultante de quem estabelece a relação de causa e efeito entre as diferentes consciências sensíveis singulares de sinais sensíveis singulares e apresenta este conjunto como uma unidade da diversidade sob a denominação de consciência da singularidade de um mesmo indivíduo humano. Desse modo é viável fazer conscientemente do eu um nós e, portanto, é viável que apareçam conscientemente diferentes eus num mesmo eu que, assim, também é um nós e não tão somente um eu.


O alemão Hegel também usa nós em oposição a eu na “Fenomenologia do Espírito”. E aí o nós expressa a posição do filósofo que já fez a experiência da consciência e agora está levando os leitores da Fenomenologia a fazer a experiência da consciência. Nessa experiência da consciência a consciência descobre que ela não é um eu, mas uma pluralidade de eus, logo, um nós. A Fenomenologia do Espírito ou a lógica dos fenômenos do espírito ou o conhecimento dos fenômenos do espírito visam demonstrar que os fenômenos, os sinais, os sintomas, as manifestações, os gestos etc. são próprios de uma atividade humana que é o espírito. Noutras palavras, tudo, até mesmo a atividade humana, é efeito do espírito. Aqui, a diferença entre Hegel e Hume está na atribuição da causa e efeito ao espírito como sendo a atividade verdadeira e na atribuição da causa e efeito à atividade humana como sendo a atividade fantasiosa. Para Hegel a atividade da verdade é a atividade do espírito. Para Hume a atividade da fantasia é a atividade humana. Para Hegel a atividade da fantasia é a atividade sensível. Para Hume a atividade da verdade é a atividade sensível.



Eu acho que nem consigo falar como eles pedem que eu fale. Querem que fale como autor. No momento estou muito atordoado com esta repentina divisão de quem escreve em três. Talvez, mais tarde consiga falar como autor. No momento, o máximo que consegui foi tentar compreender esta cisão em três. Será uma esquizofrenia?! Fiquei me perguntando. Ainda no início, já que a consciência é consciente dos diferentes eus?! Será uma criação literária, já que a consciência é consciente dos diferentes eus, os quais, então não passam de personagens?! Será uma forma de entretenimento da consciência consigo mesma?! Será o quê?! Que será?! Que será?!



quinta-feira, 26 de maio de 2016

Leiam sensivelmente, especialmente o leitor autor




Digo, o leitor público.


O leitor público precisa ler melhor porque o foco da minha crítica foi claro. Sugiro que o leitor autor se recolha para desenvolver seus assuntos até assumir uma posição de modo a voltar a escrever de forma inovadora por não mais repetir contínuas mudanças de posição de modo que ora parece vacilar por medo da morte, ora por não ter medo da morte e ora por amar a vida. É essa vacilação contínua, a qual, aliás, já foi referida, num dos textos publicados no blog, como um estudo sem fim do como viver que absurdamente pretende suspender o viver até vir a saber como viver. Eu apenas solicito que o autor pare de suspender seu viver e viva realmente. E tudo indica que para isso ele precisa assumir uma posição que leve o estudo até o fim, assuma a escolha de um saber viver e viva o desenvolvimento deste seu saber escolhido. Então, não defendo de modo algum que o autor pare a pesquisa e passe a pesquisar exclusivamente a maneira de fazer a exposição da sua pesquisa. Não, aquilo que eu defendo é que o autor enfrente a escolha de um caminho da encruzilhada e pare de ficar no eterno retorno da pesquisa da encruzilhada, pare de ficar no eterno retorno da suspensão do viver até aprender e saber viver. E isto por um motivo básico, para aprender e saber viver é preciso a sensibilidade por ser ela a fonte da percepção e do aprendizado do saber, quer dizer, noutras palavras, que a sensibilidade é condição sem a qual é impossível o saber, logo, que a vida e/ou o viver precede a percepção e/ou o aprendizado do saber. Logo, a consequência é que a decisão de viver precede o saber viver e isso mesmo no caso da sensibilidade só conhecer a coisa para si, já que, mesmo aí, o conhecimento depende basicamente da sensibilidade, do viver. Aliás, é muito mais por isso que o cético permanece fiel ao conhecimento insuficiente e insatisfatório da vida e hesita a se entregar à ignorância suficiente e satisfatória da morte, já que, afinal, o que quer é o conhecimento e não a ignorância.


Comparar a minha crítica ao eterno retorno da paralisia, da interdição, do impedimento à promoção do Impeachment e ao estancar a sangria da corrupção sistêmica é uma distorção completa da minha crítica e, nesse sentido, uma corrupção da minha atividade crítica. Eu com minha crítica não quero de modo algum corromper o autor, mas, ao contrário, quero promover nele a geração do novo, a emancipação do impedimento, a libertação da interdição. Sim, é verdade que, com minha crítica, eu quero uma saída da tragédia, mas a tragédia aqui é não viver e ficar eternamente retornando ao ladrar dos cães enquanto as caravanas da vida passam sem que delas se participe, sem que se viva a vida e se possa finalmente conhecer e aprender o saber viver.


Minha crítica foi a este eterno retorno da permanência na crença, na suposição, na hipótese, a qual, aliás, o leitor público cultiva isso, já que se considera um Sherlock (se dirigiu a mim dizendo “Simples, meu caro Watson” quando deveria ter dito “Elementar, meu caro Watson”) e pretende tudo deduzir com seu pretenso prodigioso saber. Eu quero apenas que o leitor autor desenvolva efetiva e realmente um simples e despretensioso saber verdadeiro. Quero apenas que viva, aprenda e desenvolva o saber viver até mesmo por interesse, sim por interesse próprio sim, já que vivendo dará sentido à minha crítica e, desse modo, dará vida à minha crítica. Por tudo isso, eu o crítico e também o simples, o elementar, quer dizer, o burro e idiota para este leitor público que se supõe um detetive, um analista notável, um notável profissional da informação, tal qual o leitor autor, que ele tanto defende e cultiva como leitor público, [digo] que os erros simples e elementares são cometidos por eles dois, posto que suspendem a tal ponto o viver que não conseguem acessar o básico, o elementar, o simples e, por isso, cometem erros básicos, elementares, simples.


Ora, eles não podem me confundir com seus erros de acreditar em profissionais da informação, melhor, da desinformação. Tampouco, devido a seus erros, podem me confundir com políticos bandidos e golpistas me atribuindo precisamente a promoção da desinformação, a inversão de valores de modo que a corrupção sistêmica viva em total liberdade e a geração sistêmica da inovação não viva nem tenha, portanto, nenhuma liberdade. E isto quando é precisamente o contrário que defendi perante eles e, em especial, quando disse e cobrei do leitor autor que fizesse uso da sua liberdade em toda e qualquer condição, especialmente a mais extrema, ou seja, na própria prisão e mesmo na condição de escravo do reino da necessidade.


Espero que os leitores, autor e público, especialmente o leitor público que assumiu o texto da última postagem, “Para os leitores crítico e autor, do suposto leitor público”, leiam e conheçam sensivelmente o que escrevi aqui e, desse modo, mudem e passem a viver para efetivamente me conhecer como ser sensível, ser vivo e saber viver. Sem nenhuma incompreensão porque não estou sendo pretensioso ao afirmar que sou um ser sensível, um ser vivo, ao contrário, estou sendo humildade e reclamo a mesma condição para eles, a condição de seres sensíveis, de seres vivos, logo, que superem essa suspensão do viver para pesquisar o saber viver de um modo que os faz permanecerem continuamente e em eterno retorno com os mortos e com o que é e está morto durante o viver.


Eles não admitem, mas aquilo que eu estou dizendo é que vivam, usem a liberdade de viver e conheçam sensivelmente o saber viver.




Para os leitores, crítico e autor, do suposto leitor público




Alguns assuntos do contexto. Me refiro a assuntos que acompanham e estão em torno dos textos, logo, a assuntos afins com os textos.


De imediato, pelo menos, dois assuntos estão presentes e correlacionados.


Na última postagem, “... Se divertir?!... Com a própria tragédia?!...”, surgiram três personagens, um que é aquele que está escrevendo o texto é levanta críticas aos textos, um segundo é o que responde explicando as leituras que faz dos textos e um terceiro é o que, se dizendo autor dos textos, expõe suas limitações. O assunto aí é um leitor crítico cobrando decisão do autor dos textos; um leitor que, como público, conhece e defende o autor e seus textos; e, um leitor que, se assumindo como autor, mostra suas limitações e suas fraquezas revelando suas dúvidas, ante as cobranças do crítico, quanto a ser capaz de responder ao desafio do crítico e que, no fundo, se indaga se será capaz de efetivar a transformação ou se, por pura incapacidade, se condenará à conservação até sua morte.


Já outros dois textos, o “Exceção para promover Justiça ou Injustiça?!” e o “Justiça ou injustiça?! Criminosa ou inocente?!”, sofreram alterações, de modo que seus títulos receberam acréscimos ficando assim: “Exceção para promover Justiça ou Injustiça?! – Com Mea Culpa” e “Justiça ou Injustiça?! Criminosa ou Inocente?! – Com NOTA”. O pensamento presente nos textos é inteiramente justo e, depois de conhecer o teor do Relatório do Ministro Teori Zavascki do STF, reconhece que, com referência à Justiça, está de acordo com esse o que está expresso no Relatório. O problema dos textos não é a defesa da Justiça que ele reconhece que também é defendida por Teori Zavascki. O problema é que essa defesa da Justiça foi feita contra a informação jornalística, na verdade, a desinformação jornalística, de profissionais da Globo veiculada no telejornal Bom Dia Brasil da emissora. Estes profissionais informaram, melhor seria dizer desinformaram, que o Relatório tinha aprovado o modo pelo qual Eduardo Cunha usou o Rito para que o processo de Impeachment saísse da Câmara passando para o Senado e, por isso, não admitia mais nenhum recurso ao STF e que o Relatório tinha “batido o martelo” decidindo que, após o Julgamento do Senado, não seria aceito nenhum recurso ao STF, ou seja, o conjunto das decisões não admitia, para a defesa, nenhum direito, já que a condenação política, por mais injusta que possa ser, está em curso na Câmara e, agora, no Senado e que não é admitido nenhum direito de recurso jurídico a esta condenação política, de modo que só resta à defesa da Dilma aceitar a condenação e a total ausência de direitos político e jurídico. Minha indignação estava dirigida, por equívoco ao STF, mas tinha de ser dirigida aos profissionais da Globo, além, é claro, dos parlamentares que promovem a Injustiça. Porém, minha indignação também estava dirigida, ainda que não tivesse clareza disso, à defesa da Dilma. Porque esta deveria estar todo o tempo e por todos os meios de comunicação (parlamento, pedidos junto ao STF, nos plenários da Câmara e do Senado, junto à Sociedade Civil e movimentos sociais, em artigos e entrevistas de jornais etc.) explicando em detalhes o que fizeram FHC e Lula quando usaram o que é chamado de “pedaladas fiscais” e também quando fizeram uso da prerrogativa constitucional de editar decretos sem consulta prévia ao Legislativo, bem como explicando o que fez em detalhes Dilma Rousseff quando recorreu aos dois instrumentos lícitos e constitucionais, mostrando as diferenças entre os usos feitos por eles e os feitos por ela, em especial, a diferença quantitativa, finalmente, mostrando ainda, em detalhes, o uso feito do mesmo instrumental pelo vice-presidente, atual interino. Além disso, a defesa também deveria estar recorrendo à decisão unânime do STF, para suspender os direitos políticos de Eduardo Cunha, por abuso de poder e comando das ações e votos de parlamentares por meio de corrupção e desenvolvimento de corrupção sistêmica, ou seja, a decisão unânime do STF também pode auxiliar a defesa a sustentar sua acusação de uso ilícito do Rito de encaminhamento do Impeachment da Câmara para o Senado, pelo corruptor sistêmico Eduardo Cunha. Finalmente, a gravação da fala de Romero Jucá pode ser usada pela defesa para reforçar a existência de um processo político que faz uso do instrumental constitucional, como, no caso, do Impeachment para “estancar a sangria” da Operação Lava Jato e do STF, ou seja, para parar a atividade do Poder Judiciário na sua promoção de Justiça. Portanto, é usando politicamente o instrumental constitucional para promover a Injustiça que o Poder Legislativo, assim ilicitamente usado, consegue intervir e desviar o Poder Judiciário da promoção da Justiça para a promoção da Injustiça.


O leitor crítico também quer “estancar a sangria” que o leitor autor desenvolve operacionalmente e que o leitor público aceita como sendo justa?! Ou a indignação do leitor crítico é inteiramente justa e não cometeu nenhum equívoco ao se dirigir e cobrar do leitor autor que faça uma inovação?! E o leitor autor ficou inteiramente indefeso ante à cobrança do leitor crítico e a sentiu como um golpe profundo que o deixou paralisado, interdito?! Ou o leitor público permanece atento de modo a poder avaliar o que é justo e o que é injusto?!


Com os textos correlacionados é possível aceitar a crítica ao equívoco, que é oriundo da ausência do uso atento do conhecimento sensível da coisa sensível, ou seja, em lugar de conhecer a coisa ou o Relatório do Teori Zavascki, aprovado por unanimidade pelo STF, foi cometido o equívoco de acreditar nos profissionais da informação que difundiram crendices e desinformações e não a verdade da coisa ou do Relatório. Esta crítica da atividade de conhecer sensivelmente a coisa sensível também pode ser aceita como estando presente na cobrança do leitor crítico para que o leitor autorinove” fazendo o trabalho prévio de pesquisa, melhor, de conhecimento sensível do assunto, para só depois vir a fazer a exposição do assunto conhecido pelo leitor autor. Esta cobrança do leitor crítico para que o leitor autor tenha um método de exposição diferente do método de pesquisa pode ser aceitável, até porque o leitor autor sabe que escolheu trilhar o método de pesquisa junto com a sua exposição, ou seja, sabe que optou por escrever e publicar rascunhos, quer dizer, considera que assumiu o risco dos erros de pesquisa, dos erros da atividade de conhecimento ainda em curso e sem um produto final com o mais completo controle de qualidade possível, como no caso, dos textos escritos e publicados como obras acabadas e/ou obras primas [Faltou referência aos textos jornalísticos que passam por um redator e antigamente passavam antes por um revisor e que, no fim, passam por um editor; as teses de mestrado e de doutorado que são escritas tendo um orientador e que precisam ser aprovadas por uma banca examinadora; e ainda as normas e/ou regulamentações oficiais para a edição e/ou publicação de textos; finalmente, existem outros exemplos que desconheço]. Mesmo assim, ainda que o autor tenha assumido que estava inovando ao se ater a fazer rascunhos, ele também pode admitir que o crítico apontou um defeito nos rascunhos um pouco mais profundo, ou seja, indicou que a pesquisa pode ficar emperrada e, assim, ficar impedindo o avanço do conhecimento porque ao se dedicar a fazer os rascunhos não se preocupou mais com o mundo exterior, quer dizer, com o mundo sensível, logo, não se preocupou com a percepção sensível e caiu no erro de ficar acorrentada à elaboração conceitual e/ou à especulação de hipóteses, suposições, crenças.


O leitor autor pode até mesmo aceitar a cobrança do leitor crítico para que vá adiante no desenvolvimento da pesquisa e/ou do conhecimento precisamente quando percebe que assim poderá vir a melhor pesquisar e/ou conhecer, mas aquilo que ele não pode aceitar é que estanque a pesquisa e/ou o conhecimento até ter desenvolvido a exposição e/ou um conhecimento finalizado.


Acredito que quem escreveu isto foi aquele que estava reclamando da ausência de textos e que é precisamente o leitor público, aquele leitor que conhece e avalia os escritos do autor e do crítico.




domingo, 22 de maio de 2016

... Se divertir?!... Com a própria tragédia?!...




Seríamos trágicos para nos divertir com a contradição que se diverte com a tragédia?!


Eterno retorno da contradição e do João Bobo.


Porque tamanha repetição?! Não, nem falo mais dos trágicos, mas sim dos textos que repetem incessantemente os mesmos temas, os mesmos assuntos. Porque isso?!


- Simples, meu caro Watson. Isto ocorre porque o autor vive imerso na contradição, melhor, porque ele, tal como Demócrito, Édipo, Kant e alguns outros céticos, parte do princípio que considera a sensibilidade um defeito humano e que, portanto, espaço e tempo e vida mortal são partes integrantes deste defeito humano, ou seja, ele, tal como estes outros, considera que sofre uma interdição e, por isso, não pode usufruir da perfeição da Natureza insensível, sem espaço nem tempo e imortal, só que aí o ceticismo, comum de todos eles e a todos eles, diz para si mesmo, mas essa perfeição é a morte, certo?! Então, para evitar a morte ou o suicídio, o autor, tal qual os demais céticos, permanece afirmando que é graças à sensibilidade que pode desfrutar dessa exclusividade que é o conhecimento! ...e também pode usufruir do espaço-tempo, da vida mortal...  Watson, se o autor efetivamente partisse do princípio que considera a sensibilidade uma perfeição humana natural, logo, espaço-tempo e vida mortal como sendo partes integrantes dessa perfeição humana natural, então, ele se sentiria livre para usufruir e, muito provavelmente, usufruiria livremente da perfeição da Natureza sensível, do espaço e do tempo e da vida mortal até completar essa perfeição e a perder para a insensibilidade, a eternidade, a atemporalidade e a imortalidade da morte, mas aí ele também teria de ser sábio, expert na perfeição da sensibilidade natural humana, quer dizer, teria de assumir a avaliação da qualidade da sensibilidade natural humana perfeita para poder escolher, por exemplo, entre uma avaliação, como a de Nietzsche que, considerando a qualidade vital, não se importa e, até mesmo, se lança na tragédia para usufruir da perfeição sensível da vitalidade mortal até a perda da mesma para a morte imortal, e outra avaliação, a de Epicuro que, considerando a qualidade vital, se importa e, até mesmo, prefere evitar a tragédia para usufruir da perfeição sensível da vitalidade mortal até o fim da mesma com a morte imortal. Enquanto Nietzsche se diverte com a frase “ter nascido foi o que de pior aconteceu, idiota!”, já Epicuro critica quem difunde tal tipo de pensamento e diz que “se está tão desgostoso da vida assim, então, em lugar de depreciá-la tanto assim para todo mundo, tal sujeito pode resolver o problema facilmente tirando a própria vida”, logo, na avaliação de Epicuro tal sujeito, na verdade, avalia a qualidade vital como um defeito e não como uma perfeição. Nietzsche, por sua vez, diz que Epicuro se esconde por detrás da aparência, ainda que, no fim, avalie que Epicuro é um póstumo, quer dizer, alguém cuja filosofia de vida vale e se realiza efetivamente na vida mortal dos que são posteriores, além disso, Nietzsche considera a si mesmo como um póstumo, ou seja, avalia que sua filosofia de vida será praticada efetivamente na vida mortal dos posteriores.



Dá para compreender a dificuldade, mas também é possível indagar se o autor não poderia, em lugar de ficar simplesmente repetindo o assunto em eterno retorno, se recolher e, uma vez que tenha tomado uma decisão quanto à apreciação da sensibilidade (defeito ou perfeição qualitativa?) e quanto ao modo de usufruí-la (temer a perda da sensibilidade ou a morte; não temer e se lançar na perda da sensibilidade ou na morte; e, amar a graça da sensibilidade e da vida?), para aí sim retornar inovando com o desenvolvimento dos caminhos escolhidos pelo autor. Ou não é possível fazer isso, hein autor?! Responde!!! Hein?!


- Olha eu, na qualidade de autor, vou tentar ser bem sincero. Eu acho que eu não consigo não. Sabe porquê? Eu acho que é porque eu, na minha condição de sensibilidade natural humana, por mais que possa parecer que sim, não me basto e estou sempre procurando por sensibilidade natural humana que me responda e também que me pergunte, mas, infelizmente, estou metido numa tal embrulhada dessa contradição tragicômica, pois, “um nasce pra sofrer, enquanto o outro ri”, dizia o poeta, que não tenho como escapar das exigências da minha sensibilidade natural humana, exceto, quiçá, por meio da morte. No entanto, também acho que, se uma exigência dessas chega a mim na condição de autor, então, pode ser que, de algum modo, tenha chegado o momento de ser mais autor, no sentido de ser mais origem e fonte, do que ser originado e proveniente, quer dizer, na filosofia, o momento de ser mais mestre do que discípulo e, na realização e superação da filosofia, o momento de ser mais sábio do que filósofo. Pode ser tudo isso muito bonitinho, mas, na realidade, como sujeito dessa época histórica, pode ser que tenha chegado o momento de ousar adquirir a maioridade ou a emancipação da menoridade, como dizia Kant, ou ainda pode ser que tenha chegado o momento de ousar a emancipação da prole humana. Novamente, fica claro que como autor fico repetindo, logo, fica claro que ainda não sou mesmo mestre, filósofo, sábio, maior, prole emancipada, mas que sou sim discípulo, filosofante, buscador, menor e prole aprisionada. Fica claro que filosofar é a única atividade comum às três posições descritas acima, é praticada por quem teme a morte, por quem desafia a morte e por quem ama a vida, além, é claro, de ser a que assumo praticar. Logo, fica claro que, como autor, eu sou um fracasso. Também sou um fracasso, já que sou fracassado em muitas outras áreas da vida, em muitas outras qualidades sensíveis naturais humanas.


Tá bom, já estou mais do que cansado dessa sua cantilena, desse seu fracasso. Eu quero saber é do que você pode fazer após ter fracassado totalmente e não ter mais opção para fracassar ainda mais, exceto, é claro, se tirar a própria vida, mas, nesse caso, também foi por falta de opção de fracassar ainda mais. Então, o que eu quero de você é saber como você sai do fracasso total, do fundo do poço, do fundo da fossa, do fundo do calabouço. O que eu quero é saber como você exerce a liberdade mesmo no fracasso total, no fundo do poço, no fundo da fossa, no fundo do calabouço, quer dizer, mesmo na prisão, mesmo no reino da necessidade?! Então, autor que você me diz?! Pode tentar inovar exercendo a liberdade ou não?! Eu já não estou aguentando mais essas suas repetições, seus “eternos retornos”, você pode mudar isso, hein?!



- ... ?!?!?!... Será que eu paro pra deixar de ser tão chato assim?!... Até quando?!... Eu aguento?!...



Somos trágicos para divertir a contradição?!...




A contradição se diverte


“Já uma outra perspectiva considera a sensibilidade como propriedade natural da objetividade em geral, quer dizer, da objetividade externa da Natureza e da objetividade humana que também é parte integrante da objetividade da Natureza, ou seja, a sensibilidade é uma qualidade natural comum, logo, também é uma propriedade comum da Natureza e da Humanidade. Por isso mesmo, por outro lado, podemos conhecer a coisa em si porque a sensibilidade é comum e, portanto, a coisa sensível tal qual ela é externamente ela também é sensivelmente percebida internamente, daí que seja possível conhecer a coisa tal qual ela é em si mesma em nós mesmos, posto que a sensibilidade da coisa natural e da humanidade natural é comum, então, tudo que criamos dentro de nós e por nós mesmos é parte integrante da sensibilidade natural, parte integrante da Natureza, quer dizer que toda nossa criação está incluída na Natureza, de modo que a física que desenvolvemos é uma física qualitativa, que admite a sensibilidade como qualidade natural comum, como propriedade comum natural.”


No entanto, esta mesma física qualitativa é desenvolvida dentro de nós sob a forma de consciência, conhecimento, conceito... a contradição se diverte às nossas custas... porquê?!...


Ela insiste para responder que retomemos, tal qual quem quer que leia Hegel se vê entrando numa atividade de eterno retorno sem que para entrar nela tenha lido ou precisado ler Nietzsche, então retomemos.


Informação. A informação, para quem tem a propriedade privada da sensibilidade e, por isso, também está privado da propriedade da coisa natural tal qual ela é em si, é uma informação cindida, uma informação de uma sensibilidade que só percebe o que projeta sobre a exterioridade, só percebe sua sensibilidade que encobre a exterioridade, só percebe sua sensibilidade como cobertura da exterioridade que a apresenta como coisa para si, que apresenta a cobertura ou o encobrimento da exterioridade como coisa para si que interdita o acesso à coisa em si. Então, se fosse possível, seria se livrando da sensibilidade que se teria acesso à coisa tal qual ela é em si.


A informação, para quem tem a propriedade comum da sensibilidade e que, por isso, usufrui da apropriação da coisa natural tal qual ela é em si, é uma informação unida de uma sensibilidade que percebe o que objeta da exterioridade na interioridade que sujeita, logo, é uma sensibilidade comum que percebe e apropria a coisa natural da exterioridade que introjeta na interioridade, onde sua sensibilidade humana descobre a coisa tal qual ela é em si. Esta parte da informação é a que se torna propriedade privada da consciência, da interioridade humana que consegue o livre acesso à coisa em si e isto porque nesta sensibilidade interna humana se desnuda a sensibilidade externa que encobre a coisa como objeto fenomênico e se conhece, se conscientiza, se concebe a coisa como essência subjetiva ou subjetividade essencial. Mas este acesso à coisa tal qual ela é em si só é possível afirmando a sensibilidade como percepção, como apropriação, como introjeção da coisa em si, como descoberta e desnudamento da coisa em si; porém, não como se fosse um mero processo natural digestivo comum às diferentes sensibilidades naturais, inclusive a humana, mas efetivamente de um modo diferente por ser uma apropriação privada ou privativa da sensibilidade humana no sentido de ser uma apropriação pela consciência, pelo conhecimento, quer dizer, uma apropriação criadora de algo privativo do humano que é a concepção da consciência e/ou do conhecimento.


Ambas as consciências se separam da sensibilidade natural. Uma por considerar a sensibilidade exclusivamente humana e um corte com a Natureza. A outra por considerar a consciência exclusiva da sensibilidade humana e uma continuidade da Natureza exclusivamente humana, ou seja, a outra por considerar a consciência humana criação/concepção da Natureza; enquanto que a uma considera a consciência humana sensível criação/concepção exclusivamente humana e corte/rejeição total da Natureza.


E daí?! Que se faz com isso?! A contradição pergunta, se divertindo com nossos esforços.


A maneira de fazer a física é diferente porque a sensibilidade e a consciência são propriedades exclusivamente humanas sem qualquer relação com a Natureza que não seja a de encobrir e interditar o acesso à Natureza tal qual ela é em si. A física se torna quântica no sentido do quantum de sensibilidade consciente humana pode perceber e conhecer. Já a sensibilidade, que é propriedade comum humana e da Natureza e a consciência que é propriedade humana, mas resultante da continuidade da Natureza, que participa da criação da consciência fazendo a passagem da sensibilidade objetiva natural para a sensibilidade subjetiva humana, desenvolve uma física da singularidade no sentido da qualidade singular ou da singularidade qualitativa da sensibilidade natural que a consciência humana pode perceber e conhecer.


A maneira de desenvolver a física se diferencia na prática do espaço e do tempo ou da sensibilidade que, num caso, se concentra exclusivamente na quantidade de espaço e de tempo ou de sensibilidade que é gasta para se perceber ou conhecer um determinado quantum de sensibilidade humana ou de espaço-tempo humano, ou seja, se trata duma física voltada para a observação positiva ou quantitativa da sensibilidade. No outro caso, a prática do espaço-tempo e da sensibilidade é comum com a Natureza, logo, o que ocorre na Natureza também ocorre no humano e não é preciso se prender à observação positiva ou estatística da sensibilidade porque a qualidade da sensibilidade e do espaço-tempo da Natureza está presente como tal qualidade singular na sensibilidade e no espaço-tempo humanos como a coisa física tal qual ela é em si mesma, logo, se trata duma física livre para se voltar para a elaboração conceitual ou qualitativa da sensibilidade.


A maneira de desenvolver a prática, a filosofia de vida ou o modo de vida também se diferencia. Sem acesso à coisa em si e só podendo conhecer a coisa para si a filosofia de vida se funda na suposição, crença ou hipótese de qual seja e como seja a coisa em si, sendo que com base em tal suposição, tal crença ou tal hipótese a sensibilidade cria um modo de vida, uma filosofia de vida e/ou uma prática para si. No entanto, por ter acesso à coisa em si e por conhecer a coisa em si, quer dizer, não só a singularidade qualitativa da sensibilidade natural, mas também a singularidade qualitativa da sensibilidade humana, portanto, tendo acesso ao conhecimento de si, quer dizer, acesso ao conhecimento do humano tal qual ele é em si, a prática, a filosofia de vida e/ou o modo de vida se diferencia como um desenvolvimento qualitativo de si próprio que, naturalmente, é resultante do conhecimento que vai desenvolvendo de si próprio ou da qualidade humana tal qual ela é em si mesma, em si própria e/ou própria de si própria.



A contradição permanece se divertindo às nossas custas... com as polêmicas entre as físicas quântica e de campo qualitativo, entre a moral e a ciência humana de si... ou ao custo de nós mesmos permanecemos divertindo a contradição?!...



sábado, 21 de maio de 2016

Unidade da diversidade?!




Outro dia escrevi algo parecido, porque está modificado, com o que está escrito abaixo e entre aspas, para uma amiga e depois fiquei pensando como a filosofia, melhor, a contradição adora se divertir e como ‘nós’ somos a sua diversão. Porquê? Explico adiante depois do texto abaixo, melhor, tentarei explicar, já que a contradição pode ficar se divertindo às minhas custas.


“Eu costumo pensar naquela figura descrita por Marx na ‘Questão Judaica’ do ‘homem’ por oposição ao ‘cidadão’, enfim, na figura do indivíduo burguês (mônada) cuja ‘liberdade termina onde começa a do outro’ e que um empregador e/ou o Estado, nas suas mais diversas modalidades (registro de nascimento, cobrança de impostos, arquivos de espionagem etc.), passa de um registro ou arquivo de um indivíduo monádico para o de um outro indivíduo monádico como, talvez, alguém passe do encontro com um indivíduo monádico para o encontro com outro indivíduo monádico.


“O que eu, em geral, fico pensando é que vivo dentro da mônada, da redoma, do átomo e, daí me fixe no estudo do atomismo grego (Demócrito e Epicuro) de Marx, que também é uma referência às tragédias gregas nas figuras de Édipo e Prometeu.


“Mas aí, ocorre algo que preciso pensar mais, porque me ocorre agora que Édipo, aquele que age guiado de forma transcendente pelos deuses e que só vem a saber a verdade sobre si mesmo a posteriori, também é esse indivíduo egoísta, monádico, atomista, cuja liberdade é um engodo e termina quando, ao saber a verdade, descobre que agiu de maneira inteiramente pré-determinada pelos deuses como revelou o Oráculo. E a outra figura mítica, Prometeu, com certeza, cultivada por Marx, também se encontra "acorrentada" à individualidade egoísta, monádica, atomista, mas aí a sua liberdade é o pensamento que sabe a verdade a priori e quando e como será liberta do "acorrentamento", da individualidade egoísta, monádica, atomista e poderá sair livre como o pensamento numa individualidade altruísta, comum, comunista.


“O indivíduo egoísta que se descobre sem individualidade própria quando vem a conhecer sua individualidade e o indivíduo egoísta que conhece sua individualidade própria e descobre sua liberdade num projeto, num futuro. Em todo caso, ambos estão relacionados ao ‘homem’, ao ‘indivíduo egoísta’, à ‘mônada’, ao ‘átomo’, à ‘consciência humana de si’ ‘inconsciente e ignorante’ e ‘consciente e sábia’, a ‘inconsciente e ignorante’ só se torna ‘consciente e sábia’ a posteriori e a ‘consciente e sábia’ trabalha e elabora sua ‘inconsciência e ignorância’ a priori. Para a primeira, a filosofia sucede à ação individual, para a segunda, a filosofia precede à ação individual. Então, contradição das contradições de Marx é a consciência que precede o ser?! Sim e não, porque a consciência de si é também a consciência do ser, então, a contradição pode ser entre uma consciência de si inconsciente do ser, logo, inconsciente de si e que se torna consciente de si a posteriori, e uma consciência de si consciente do ser, logo, consciente do inconsciente em si e que se elabora como consciente de si a priori. O problema da consciência ou ciência de si, quer dizer, do ser, do inconsciente se diferencia em saber prévio da coisa em si e saber posterior da coisa fora de si. Quer dizer se diferencia na ciência que sabe a ciência da coisa dentro de si e na ciência que sabe a ciência da coisa fora de si. Logo, a ciência oracular pode estar dentro de si e ser humana ou a ciência oracular não pode estar dentro de si por não ser humana (Deus? Super-homem? Quem? Átomo? Quanta?). ”


Essas palavrinhas mágicas a priori e a posteriori ficam inteiramente desencantadas quando a contradição vem e mostra suas limitações. Porque se considerar a sensibilidade como a priori então eu só poderei saber, e apenas o que eu puder saber, a respeito da objetividade a posteriori. E, ao contrário, se a sensibilidade for considerada a posteriori, quer dizer, pertencente tanto à objetividade sensível quanto a nossa própria objetividade humana, então tudo que eu souber a respeito da objetividade poderá ser a priori porque antes foi a posteriori.


A informação é o problema. Podemos concordar que a sensibilidade é a fonte da informação, mas podemos discordar quanto à própria sensibilidade. Podemos considerar que a sensibilidade é algo exclusivamente nosso, quer dizer, algo exclusivamente humano, logo, é uma ilusão considerar que a sensibilidade esteja presente na objetividade fora de nós como algo da própria objetividade externa a nós. Não! Aí na objetividade externa a nós não existe sensibilidade própria, logo, não podemos saber como esta objetividade externa é nela própria de forma independente da nossa sensibilidade, quer dizer, não podemos conhecer a coisa tal qual ela é em si, mas só como ela é para a nós, para a nossa sensibilidade. Essa nossa propriedade exclusiva ou privada, a sensibilidade, nos impede de conhecer a coisa em si, essa nossa propriedade privada nos exclui da Natureza sensível ou da sensibilidade da comunidade natural e nos torna seres à parte da sensibilidade da Natureza e/ou da comunidade natural. De modo que nos posicionamos do lado das máquinas e/ou dos instrumentos que criamos com a nossa sensibilidade humana exclusiva, privativa de nossa natureza humana, melhor, de modo que posicionamos as máquinas e os instrumentos que criamos, desprovidos de sensibilidade, tal qual o restante da Natureza, como criaturas da nossa sensibilidade humana, quer dizer, como objetos criados por nossa sensibilidade humana, logo, os consideramos como meios de exercer a nossa sensibilidade humana e, assim, nós os colocamos como partes integrantes da nossa sensibilidade humana e como partes excluídas do restante da Natureza, exceto por serem tão desprovidos de sensibilidade quanto toda a Natureza restante. E daí? Que importa isso? Isso importa para o desenvolvimento de uma física quântica, uma física que só admite a sensibilidade como privativa da natureza humana, como propriedade privada humana.


Já uma outra perspectiva considera a sensibilidade como propriedade natural da objetividade em geral, quer dizer, da objetividade externa da Natureza e da objetividade humana que também é parte integrante da objetividade da Natureza, ou seja, a sensibilidade é uma qualidade natural comum, logo, também é uma propriedade comum da Natureza e da Humanidade. Por isso mesmo, por outro lado, podemos conhecer a coisa em si porque a sensibilidade é comum e, portanto, a coisa sensível tal qual ela é externamente ela também é sensivelmente percebida internamente, daí que seja possível conhecer a coisa tal qual ela é em si mesma em nós mesmos, posto que a sensibilidade da coisa natural e da humanidade natural é comum, então, tudo que criamos dentro de nós e por nós mesmos é parte integrante da sensibilidade natural, parte integrante da Natureza, quer dizer que toda nossa criação está incluída na Natureza, de modo que a física que desenvolvemos é uma física qualitativa, que admite a sensibilidade como qualidade natural comum, como propriedade comum natural.


O problema certamente surge com a diferença das sensibilidades da Natureza e da Humanidade, já que o conhecimento e/ou a consciência surge como exclusividade humana, como propriedade privada humana.  Porém, esta propriedade privada da sensibilidade humana tem sentido diferente se a sensibilidade é exclusivamente humana e se apesar da sensibilidade ser comum é a consciência que é exclusiva da sensibilidade humana, logo, nesse caso, a sensibilidade inconsciente é comum à Natureza e à Humanidade e a sensibilidade consciente é exclusiva da Humanidade. Já no primeiro caso, a sensibilidade é exclusiva da Humanidade, mas a coisa objetiva permanece existindo ainda que não seja sensível para a Humanidade, logo, a sensibilidade inconsciente é incognoscível e exclusiva da Natureza, enquanto que a sensibilidade consciente é exclusiva da Humanidade e só conhece a aparência das coisas ou as coisas tais quais elas são para a nossa sensibilidade exclusivamente humana.


O inconsciente sendo propriedade comum e a consciência sendo propriedade privada humana, de um lado, e do outro, o inconsciente sendo propriedade privada da Natureza e a consciência sendo propriedade privada da Humanidade. No primeiro caso, a contradição se concilia na consciência humana de si, no conhecimento humano de si, quer dizer, no conhecimento que a consciência humana consegue fazer da propriedade comum do inconsciente e da propriedade privada da consciência. No segundo caso, a contradição cinde a Natureza e cinde a Humanidade porque o inconsciente é propriedade privada da Natureza e a consciência é propriedade privada da Humanidade, mas, a contradição que cinde Natureza e Humanidade é uma contradição que cinde o ser humano, já que ele também é um ser natural, ou, pelo menos, parece ser, logo, surge uma nova possibilidade de conciliação da Natureza e da Humanidade que se faz possível não mais pela sensibilidade e sim pela insensibilidade comum a ambos, quer dizer, por meio de uma esfera transcendente que pode ser a esfera do átomo, de Deus e/ou do super-homem, mas, com certeza, é a esfera de um além da Natureza e da Humanidade.


Quando a propriedade do inconsciente natural e humano é comum e apenas a propriedade da consciência humana é privada se torna possível o conhecimento da coisa em si e a Natureza conhece a si mesma apenas através da Humanidade, do mesmo modo que a Humanidade conhece a si mesma através de si mesma e da sua Natureza. Porém, quando a propriedade do inconsciente é privativa da Natureza e a propriedade da consciência é privativa da Humanidade, então, a consciência só conhece sua aparência de Humanidade e ignora a essência da Natureza, mas, ao mesmo tempo, num plano transcendente e insensível, que pode ser o da Natureza, existe um conhecimento guardado da coisa em si que pode ser o átomo, pode ser Deus, pode ser o super-homem etc., mas, de todo modo, é algo que cinde a Natureza e a Humanidade escravizando e destruindo a Humanidade para elevar e glorificar sua Transcendência Insensível.


Finalmente, o problema começou com o indivíduo egoísta, monádico, atomista e acabou com dois indivíduos diferenciados. Um deles, admitindo que sua sensibilidade é comum e não egoísta, acaba admitindo que o conhecimento e/ou a consciência da sensibilidade comum e da sensibilidade consciente é exclusiva do ego humano. O outro, admitindo que sua sensibilidade é privada e egoísta, acaba admitindo que o conhecimento e/ou a consciência da sensibilidade inconsciente da Natureza e da sensibilidade consciente humana é exclusiva de uma objetividade insensível como o átomo, duma subjetividade insensível como Deus, enfim, duma super objetividade e duma super subjetividade, quer dizer, dum super ego super humano.


Donde podemos concluir que o indivíduo egoísta que admite a sensibilidade comum ou a propriedade comum acaba usufruindo com todos os demais indivíduos egoístas duma associação na qual o conhecimento ou a consciência humana é comum entre eles. Já o indivíduo egoísta que só admite a sensibilidade privada, seja da Natureza, seja da Humanidade, acaba se submetendo com todos os demais indivíduos egoístas a uma nova dissociação na qual o conhecimento ou a consciência transcendente é a supressão deles.


A contradição se diverte com nosso uso da mesma conceituação ‘indivíduo egoísta’ para o qual ela dá sentido contraditório, diverso.



sexta-feira, 20 de maio de 2016

Exceção para promover Justiça ou Injustiça?! - Com Mea Culpa





Os corruptos estão no poder e os que no poder combatem a corrupção estão do lado dos corruptos e dando suporte e a tal da sustentabilidade para que possam exercer a tal da governabilidade. Tudo combinado, tudo planejado, de modo que o poder do Estado garanta que o governo seja exercido pelos seus corruptos e não por corruptos hostis nem por incorruptíveis que fujam a seu poder de Estado. Alguns dias, após o WikiLeaks ter divulgado que Michel Temer era informante dos EUA, os EUA difundem que não há golpe no Brasil e, com isso, pretendem dar o tiro de misericórdia na Dilma antes do seu Julgamento no Senado, pretendem, portanto, confirmar o golpe tratando-o como ação jurídica normal.


Não há nada de normal em considerar normal a decisão da Câmara onde se votou em grande maioria em qualquer coisa menos no que estava em foco e era o objeto efetivo da votação. Não há nada de normal em considerar normal agir como se fosse marionete, como se o representante do povo fosse uma cabeça oca que pode ser usada para fazer qualquer coisa porque basta colocar lá qualquer coisa, qualquer agrado para que ela faça o que se quer que ela faça. Não nada há nada de normal numa marionete que se torna representante do povo para com sua cabeça oca votar e fazer qualquer coisa que seus manipuladores queiram. Não!!! É preciso lembrar da canção de Caetano e ter claro que um representante do povo não pode ser uma marionete cabeça oca que faz qualquer coisa, mas, ao contrário, um representante do povo precisa ser autônomo e pensar com sua própria cabeça para que seus votos e seus feitos sejam jóias que expressam o tesouro do povo, o tesouro de efetivar realmente a representação da democracia, quer dizer, de efetivar realmente o poder autônomo que emana do povo, para o povo e pelo povo!!!


Ainda mais anormal é ter decidido, como informou Alexandre Garcia, no Bom Dia Brasil da TV Globo, ao acrescentar o que havia sido esquecido de ser dito, pela jornalista da Globo News, Renata Loprete, que foi ouvida como especialista no acompanhamento do STF, que a cidadã Presidente Dilma Rousseff não poderá recorrer ao STF, mas apenas ao próprio Senado!!! Mesmo se este estiver cometendo injustiça!!!??? Como???!!! O STF estava precisamente, ao apreciar o caso do Eduardo Cunha estar dentro da linha sucessória da Presidência da República Federativa do Brasil, argumentando que, para promover justiça teve de agir de forma excepcional criando regra jurídica inexistente, então, como pode, no mesmo ato, ao mesmo tempo, promover de antemão, injustiça para a cidadã Presidente Dilma Rousseff?! Um dos Ministros pode argumentar que não, repito, que NÃO é verdade, porque a regra jurídica para o caso do Impeachment já existia e o relator estava apenas repetindo-a e, argumentar mais, que isso é tão verdadeiro que, até o Ministro Marco Aurélio Mello, que havia manifestado a possibilidade da cidadã Presidente Dilma Rousseff recorrer ao STF, votou e aprovou o relatório do Ministro Teori. Mas, como sabem os Ministros, quando se trata de promover justiça a regra jurídica é precisamente a da promoção de justiça e nunca se deixa rebaixar por qualquer coisa que, se apresentando como mera formalidade, promova a injustiça e torne impossível de vir a ser aplicada e, portanto, incapaz de existir a JUSTIÇA!!!!!.


Se isso não é discutido e não houver garantias de promoção da justiça, então efetivamente, não há a menor dúvida, existe sim, no Brasil, o que vem sendo chamado de golpe jurídico-político, que promove a injustiça de maneira similar aos escandalosos erros judiciários, mas, com o agravante, de ser um espetáculo público e notório que envolve toda a Nação, ao contrário de muitos erros judiciários que acontecem de um modo quase inteiramente escondido e sem envolver toda a Nação, toda a República, toda a Democracia.


Reconhecimento de DESINFORMAÇÃO pelos profissionais fornecedores de INFORMAÇÕES


Rapaz  que estranho é saber que somos desinformados pelos fornecedores de informações. Não achei nenhuma referência à suposta validação da direção dos trabalhos, como presidente da Câmara, na admissibilidade do impeachment, portanto, nenhuma suposta impossibilidade de recorrer ao STF contra os procedimentos adotados por Cunha para aprovar o encaminhamento do pedido para o Senado. Tampouco achei qualquer menção a suposta interdição de recurso ao STF pela cidadã Dilma Rousseff em caso de injustiça cometida no seu Julgamento pelo Senado. Os fornecedores de informações que aparecem, nesse caso específico do relatório do  Ministro Teori Zavascki a respeito do caso do Deputado Federal Eduardo Cunha. Mas não propriamente os órgãos de informações, já que foi através do G1 http://g1.globo.com/politica/noticia/2016/05/teori-determina-afastamento-de-cunha-do-mandato.html que consegui chegar no relatório do Teori Zavascki e sim seus profissionais, como o jornalista Alexandre Garcia que no Bom Dia Brasil inventou que o relatório de Teori Zavascki aprovado por unanimidade tinha decidido também que é proibido recurso da Dilma e de sua defesa ao STF, ficando qualquer recurso restrito exclusivamente ao Senado. Tampouco Marco Aurélio de Mello entrou em contradição consigo mesmo aprovando uma decisão contrária à sugestão que fez de que, talvez, em caso de injustiça, no atual processo de Impeachment da Presidente Dilma Rousseff, ela tivesse de recorrer ao Supremo (STF) para conseguir justiça.


Nada do que escrevi se relaciona autenticamente com o texto do ministro Teori Zavascki. Assumo a ignorância de crer em supostos profissionais da informação que nunca tinha suspeitado que, na verdade, eram profissionais da desinformação. Porém, eu aqui sou o pior, já que supostamente também deveria ser, ainda que nunca tenha efetivamente sido, um profissional da informação, afinal, foi este o curso superior que fiz. Aquilo que tenho de reconhecer que efetivamente sou é um praticante de crença, de suposição, de hipótese, enfim, da prática tal qual concebida como mera especulação que permanece mera especulação mesmo quando adquire direitos de se realizar como arte, como moral, como religião etc., porque nunca se realiza como ciência, como verdade, como real.





segunda-feira, 16 de maio de 2016

Justiça ou injustiça?! Criminosa ou Inocente?! - Com NOTA




Quando fica difícil escrever a saída é escrever sobre escrever, escrever o que for mais fácil, mesmo que seja escrever sobre a dificuldade de escrever e tudo isso porque eu já criei de tal modo o hábito de escrever que fica parecendo que não há saída dessa atividade porque essa atividade se tornou a saída. Claro que é uma saída parada, já que escrever é muito mais uma atividade da imaginação do que um movimento real.


O que é fácil imaginar? Ontem, imaginei bastante numa conversa com meu amigo Pedro. Comentei que ri muito quando soube da decisão do Maranhão, atual presidente da Câmara, mas concordei com ele quando soube dos seus motivos para anular o Impeachment. Fiquei surpreso quando soube que o governador Flávio Dino o acompanhou até a presença do José Eduardo Cardozo, da AGU, e que de lá saiu com a decisão e, segundo o Pauderney do Dem, que o considera incapaz, com o documento escrito pelo Cardozo, ao chegar na Câmara apenas assinou e mandou publicar. Isso virou uma comédia e só a Dilma ficou bem na fita porque avisou que era preciso prudência porque estamos numa “conjuntura de manhas e artimanhas”, o que é uma observação perfeita e de quem não compactua com a comédia. Os petistas todos que se dizem defensores da Dilma agiram dentro da comédia e representaram o papel que seus adversários escolheram para eles, em especial, o que argumenta o “sereno” político do PSDB, o Cássio Lima, repetindo “tranquila e incansavelmente”, que os petistas só fazem chicanas e ações desesperadas porque não possuem argumentos nem provas para defender a Dilma do crime de responsabilidade do qual é acusada. Lembrei que a decisão do Teori, que antecedeu este acontecimento cômico, acontecimento que serviu para afastar o Calheiros dos petistas e aproximá-lo dos golpistas, foi a de que não existe recurso ao STF depois da decisão final do Julgamento no Senado.


Ora, a decisão de suspender o mandato do Eduardo Cunha é equivalente à decisão de afastar a Dilma Rousseff por 180 dias até a decisão final do Julgamento do Impeachment no Senado. Porém, esta decisão é uma inovação jurídica completa, já que não existe nenhuma disposição legal indicando sua existência e aplicação. Tampouco ficou claro se existe um prazo para a suspensão do mandato de Eduardo Cunha. O que ficou claro é que o STF aceita tudo que Cunha fez até a chegada dessa suspensão, quer dizer, o STF respondeu que não iria aceitar recursos contra o Impeachment, mais precisamente, que não validaria a decisão do Maranhão de recomeçar o processo de Impeachment na Câmara, baseado em recurso da AGU, similar a outro baseado em recurso de deputado do PC do B em curso no STF. Os 11 membros do STF aprovaram a decisão proposta pelo relatório do Teori, logo, para Marco Aurélio Mello também já não existe recurso ao STF depois do Julgamento do Senado. Desse modo, só existe recurso contra a decisão do Julgamento do Senado recorrendo ao próprio Senado. Ora, depois desse golpe jurídico aos recursos contra o Impeachment no STF fazer o que fez o Maranhão com a participação ativa dos petistas é não ter reconhecido o endurecimento do STF no sentido de não admitir nenhum recurso contra o Impeachment, ou seja, é ter desistido de denunciar o cerceamento da defesa, melhor, é ter desistido de denunciar a total negação e a total ausência do direito de defesa da cidadã Dilma Rousseff, é ter desistido de denunciar a injustiça da decisão unânime do STF, portanto, é ter desistido de denunciar que o STF está incorrendo num golpe contra o direito, contra a democracia, contra a prudência jurídica presente no juízo científico e democrático da jurisprudência. Mas, o que é pior, essa desistência, de enfrentar o debate jurídico com o STF, devido à sua decisão que caracteriza um golpe no direito democrático, se transforma numa aceitação plena do próprio golpe do STF, quando recorre a uma decisão baseada exclusivamente na autoridade de um presidente da Câmara inteiramente frágil, se transforma numa participação ativa no próprio golpe como agente suicida e não mais meramente homicida como os demais golpistas.


Ora, se “inovaram” tanto assim, a partir da excepcionalidade do caso do Eduardo Cunha na linha de sucessão presidencial, então, o que resta para os defensores da Dilma Rousseff é provar de forma completa que as chamadas “pedaladas fiscais” são inteiramente legais e foram praticadas por tais e tais presidentes assim e assim, quer dizer, de forma detalhada que comprove que não houve nenhuma diferença qualitativa nas “pedaladas fiscais” praticadas pela presidente Dilma. De modo que a única diferença existente entre os presidentes que praticaram “pedaladas fiscais” é uma diferença quantitativa e nada mais. Demonstrar também que os decretos, sem aprovação dos parlamentares, são legalmente perfeitos porque estão de acordo com leis e regulamentações aprovadas pela Constituição e pelos próprios parlamentares; além disso, não são decretos dos presidentes da república e sim das equipes técnicas do Governo inteiramente de acordo com sua vigência constitucional no Sistema Presidencialista de Governo; finalmente, são decretos que também foram praticados por outros presidentes porque são constitucionais e normais no Brasil.


Uma vez que se demonstre esta inocência da presidente de forma clara e inequívoca de modo que a população não só sinta mas também veja racionalmente demonstrada a injustiça feita contra a presidente com um processo de Impeachment sem crime de responsabilidade, aí, então, se o STF ouvir o “clamor das ruas” pedindo por justiça, quer dizer, pedindo por um ato jurídico perfeito, a justiça, que se encontra sob sua responsabilidade, e também se perceber que ele, STF, não pode incorrer no pior crime de responsabilidade, a promoção da injustiça, irá necessariamente manifestar, mesmo estando estabelecido anteriormente que não há recurso ao STF, dada a excepcionalidade da situação, tal qual foi o caso do Eduardo Cunha, que é imperativo categórico o recurso à ordem jurídica do estado democrático de direito e que, portanto, ele há sim de se manifestar a respeito aceitando recursos contra a injustiça cometida.


Nesse caso, então, terá ficado claro que, como se sabe ser possível em diferentes situações, razão pela qual o direito é vivo e sua jurisprudência muda ao longo do tempo, o processo de Impeachment não é garantia de justiça nem existe nada estabelecido para o caso de seu uso indevido, quer dizer, para promover a injustiça, logo, tampouco existe nada estabelecido em relação aos agentes promotores da injustiça, para o caso de restabelecida a justiça. Ou seja, que ocorre se a presidente recupera seu mandato, porque ficou comprovado que não incorreu em e nem cometeu crime de responsabilidade, com aqueles que tentaram tirar seu mandato e que permanecem contra seu governo? São suspensos de seus mandatos? Até quando? E a presidente fica governando sem o funcionamento normal da Câmara e do Senado? Dada a excepcionalidade da situação serão convocadas novas eleições para a Câmara e para o Senado? E para a Presidência? Os que cometeram injustiça não poderão ser candidatos? A Presidência terá seu mandato garantido até o fim já que não cometeu crime, mas ao contrário sofreu crime? Ou excepcionalmente a presidente terá direito a se candidatar nas novas eleições, apesar de normalmente estar impedida por ser sua segunda reeleição? Ou ainda, a excepcionalidade da situação, que requer a promoção de justiça e do devido desenvolvimento constitucional, estabelece que as novas eleições gerais são específicas para a promoção de justiça, quer dizer, são voltadas para o aperfeiçoamento da ordem jurídica constitucional, ou seja, os mandatos dos representantes estão inteiramente comprometidos com uma Revisão Constitucional que implemente as Reformas Democráticas Constitucionalmente Previstas e, até agora, mantidas permanentemente em estado provisório e sem regulamentação para uma constitucionalidade reformista regulamentada em estado permanente, portanto, de modo que, graças à regulamentação constitucional permanente ou pétrea, seja possível exercer a democracia ou exercer a atividade reformista do poder que emana do povo, para o povo e pelo o povo?!



Hoje, o que todos precisamos saber, até mesmo para que fique claro qual o caráter do processo de Impeachment, é se a presidente Dilma cometeu ou não cometeu crime de responsabilidade? Se o seu Impeachment é justo ou é injusto?


NOTA: Fiquei sem argumento porque "A IGNORÂNCIA NÃO É ARGUMENTO".


Reconhecimento de DESINFORMAÇÃO pelos profissionais fornecedores de INFORMAÇÕES


Rapaz  que estranho é saber que somos desinformados pelos fornecedores de informações. Não achei nenhuma referência à suposta validação da direção dos trabalhos, como presidente da Câmara, na admissibilidade do impeachment, portanto, nenhuma suposta impossibilidade de recorrer ao STF contra os procedimentos adotados por Cunha para aprovar o encaminhamento do pedido para o Senado. Tampouco achei qualquer menção a suposta interdição de recurso ao STF pela cidadã Dilma Rousseff em caso de injustiça cometida no seu Julgamento pelo Senado. Os fornecedores de informações que aparecem, nesse caso específico do relatório do  Ministro Teori Zavascki a respeito do caso do Deputado Federal Eduardo Cunha. Mas não propriamente os órgãos de informações, já que foi através do G1 http://g1.globo.com/politica/noticia/2016/05/teori-determina-afastamento-de-cunha-do-mandato.html que consegui chegar no relatório do Teori Zavascki e sim seus profissionais, como o jornalista Alexandre Garcia que no Bom Dia Brasil inventou que o relatório de Teori Zavascki aprovado por unanimidade tinha decidido também que é proibido recurso da Dilma e de sua defesa ao STF, ficando qualquer recurso restrito exclusivamente ao Senado. Tampouco Marco Aurélio de Mello entrou em contradição consigo mesmo aprovando uma decisão contrária à sugestão que fez de que, talvez, em caso de injustiça, no atual processo de Impeachment da Presidente Dilma Rousseff, ela tivesse de recorrer ao Supremo (STF) para conseguir justiça.


Nada do que escrevi se relaciona autenticamente com o texto do ministro Teori Zavascki. Assumo a ignorância de crer em supostos profissionais da informação que nunca tinha suspeitado que, na verdade, eram profissionais da desinformação. Porém, eu aqui sou o pior, já que supostamente também deveria ser, ainda que nunca tenha efetivamente sido, um profissional da informação, afinal, foi este o curso superior que fiz. Aquilo que tenho de reconhecer que efetivamente sou é um praticante de crença, de suposição, de hipótese, enfim, da prática tal qual concebida como mera especulação que permanece mera especulação mesmo quando adquire direitos de se realizar como arte, como moral, como religião etc., porque nunca se realiza como ciência, como verdade, como real.